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Por que alta adesão a programa de sócio-torcedor do Flamengo virou um problema


Quando o presidente Rodolfo Landim e seus correligionários dizem que “o Maracanã ficou pequeno para o Flamengo”, não se trata de uma hipérbole ou de mera declaração de um torcedor apaixonado. O bom momento vivido em campo aumentou as receitas, mas trouxe consigo um problema: com mais de 100 mil sócio-torcedores, conseguir um ingresso para um jogo do rubro-negro está cada vez mais difícil.

Na sexta-feira passada, o Fla chegou aos 105 mil associados, conforme divulgado primeiramente pelo jornalista Gilmar Ferreira, colunista do Extra. A alta incrementou em mais de R$ 20 milhões a receita do clube, mas gera desconforto. Isso porque o rubro-negro tem encontrado dificuldades com o serviço entregue aos associados, com risco de precisar impedir novas adesões.

Sem conseguir ingressos para jogos importantes, torcedores que possuem planos até do níveis 3 (Ouro) e 4 (Prata) de prioridade têm protestado nas redes sociais, chamando a atenção da diretoria. Dirigentes se dividem sob o assunto, mas a torcida é praticamente uníssona.

— O plano mais caro custa R$ 321 e é inacessível para o torcedor em geral. Mesmo quem paga muito caro não consegue ingresso, que dirá planos mais baratos e os não-sócios. Está inviável — declara o advogado Bruno Maisonnette, que detém o plano Prata, mas só consegue ir aos jogos porque adquiriu um pacote em 2020, usado só agora por conta dos impedimentos de público da pandemia.

Torcida do Flamengo no Maracanã contra o América-MG
Torcida do Flamengo no Maracanã contra o América-MG Foto: Paula Rei/Flamengo

Para o jogo contra o Vélez, por exemplo, o último com mando de campo do Fla na Libertadores, Gustavo Motta, que possui o plano Prata, não conseguiu ingressos. E decidiu mudar sua adesão.

— Em 2022, fui a todos os jogos em casa do Campeonato Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil até então, mas fui percebendo que a dificuldade pra conseguir ingressos estava aumentando. O setor Norte, onde sempre fui, já estava esgotado para o jogo de volta das quartas de final da Libertadores quando abriu para o meu plano. Agora, fiquei sem ingresso para a semifinal. Fui obrigado a aderir ao plano Ouro, que custa R$ 119 por mês, o dobro do anterior, para ter a possibilidade de ir aos jogos de maior apelo — afirmou Gustavo, que também esteve presente em todos os jogos da Libertadores de 2019, incluindo a decisão, em Lima.

Depois de relançar o programa Nação, em junho, o Flamengo recebeu mais de 30 mil novos associados, que acompanharam a invencibilidade sob o comando de Dorival Júnior — já são 15 partidas sem perder. Nas semifinais da Copa do Brasil e da Libertadores, além da vice-liderança no Brasileirão, o time aumentou o interesse por parte do torcedor, que tem lotado os jogos no Maracanã.

Mudanças no plano

O aumento de sócios tem explicação: além da boa fase do time, dois planos (Platina e Ouro) passaram a ter direito a convidados, além do Diamante, número 1, que já provia entradas extras.

Até o mês de junho, o Fla tinha 45 mil sócios titulares e trabalhava com 65 mil incluídos os convidados. O clube divulgava o número de associados, mas, depois, parou de anunciar como tentativa de frear a procura. Depois do aumento, são 65 mil sócios titulares, e 104,5 mil contando os convidados.

O grande problema, entretanto, é a concentração de torcedores na categoria Diamante, a principal. Até junho, eram apenas três mil sócios, com média de 2,5 convidados por pessoa. Agora, são 8 mil.

Além destes, há um grupo que comprou pacotes de jogos para 2020 e só pode usufruir agora, em função da pandemia de covid-19. Ao total, são praticamente 40 mil pessoas com prioridade de compra. É por isso que, assim que os ingressos começam a ser comercializados, o setor Norte, onde as torcidas organizadas ficam, esgota-se em poucos minutos.

Há 10 mil pessoas entre titulares e convidados na categoria Platina. O plano Ouro é o que tem mais sócios: 26 mil, contando os convidados. A soma dos três primeiros planos já atinge 76 mil, bem acima da capacidade liberada do Maracanã para grandes jogos.

Ação de cambistas cresce no Maracanã e nas redes sociais

Os torcedores também reclamam da ação desenfreada de cambistas. No clube, muitos membros da diretoria acreditam que existem cambistas entre os sócio-torcedores, que adquirem ao menos quatro entradas cada. Ainda assim, a comercialização dos ingressos não seria possível sem outra instituição: a Polícia Militar.

Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 2018 é utilizado pela PM do Rio de Janeiro como justificativa para alegar a necessidade de ingressos físicos por questões de segurança. A Polícia argumenta que o ingresso de papel é o mais seguro contra fraudes e falsificações, e só assim é possível conferir quem possui acesso ao perímetro feito para jogos grandes.

Além do Flamengo, o Fluminense tem sido afetado pela “regra” em 2022. Embora a tecnologia ofereça diferentes alternativas de segurança para a entrada no estádio, a PM alega que o TAC é a única saída para impedir invasões. Na prática, entretanto, elas continuam sendo vistas em jogos grandes, e a ação dos cambistas é facilitada pela maior circulação de ingressos físicos.

Abertura da venda do jogo da semi da CB contra o SP pro plano diamante marcado às 9h de hoje (23/08).

9h:25 no WhatsApp:

pic.twitter.com/aeNtI26H5t

— Leno Lopes (@LenoLopes8)

August 23, 2022

Fla e Flu desejam implantar um sistema de acesso por QRCodes e até NFTs, que podem ser modificadas em poucos segundos para garantir a autenticidade. A PM rebate com o argumento da “demora” na conferência de documentos, que “atrapalha o acesso”. Nos jogos do Flamengo, principalmente, é possível ver cambistas já nas estações de metrô e trem de Maracanã e São Cristóvão, além da ação nas redes sociais.

— Os planos com convidados têm sido amplamente utilizados pelos cambistas para comprar ingressos. Temos visto aumento dos cambistas nos jogos, e isso parece ter acontecido justamente junto ao crescimento da adesão aos planos. A Polícia Militar não coíbe. Nas redes sociais, grupos de Facebook vendem a preços absurdos — reclama Bruno.



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