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‘Não me contrataram por ser gay’


Ídolo do Bahia e do Juventude, e com passagem pelo Flamengo na década de 90, o ex-goleiro Emerson Ferretti tomou a decisão de falar sobre sua sexualidade e se declarou homossexual. A revelação foi feita em entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”, produzido pelo globoesporte.com.

O Brasil se diz o país do futebol, mas o ambiente do esporte não é democrático. Dominado por homens héteros, é possível enxergar a exclusão dos gays tanto dos vestiários quanto das arquibancadas. Aos 50 anos, Emerson Ferretti contou como foi encarar o ambiente machista do futebol ao longo da sua carreira.

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O goleiro foi revelado no Grêmio e jogou no Flamengo em 1995 e 1996, onde conquistou o título da Taça Guanabara. Ele decidiu falar publicamente sobre sua sexualidade para ser um exemplo positivo para os atletas mais jovens que não conseguem se assumir por causa do preconceito.

“O ambiente do futebol é muito hostil para um gay, muito mesmo. Eu fico imaginando quantos garotos desistiram de se tornar jogador de futebol por conta disso. Quantos talentos foram perdidos? O ambiente não ajuda. Eu segui com tudo isso, mas sofri as consequências de seguir, era o meu sonho. Eu queria ser goleiro do Grêmio. Conquistei isso.”

Mesmo sem assumir na época, o fato de não ter uma namorada fazia com que as pessoas presumissem que Emerson era gay. E o goleiro fala que isso prejudicou sua carreira: “Sei que a fama me prejudicou bastante. Eu poderia até ter tido muito mais sucesso. Poderia ter feito mais do que fiz, conquistado mais coisas. O fato de ser gay não me parou, eu fui até o final, mas sei de dirigentes que não me contrataram porque eu sou gay.”

Com passagens por seleções de base, Emerson teve conquistas importantes na carreira. Foi campeão da Copa do Brasil com o Juventude em 1999 e foi eleito bola de prata como melhor goleiro do Brasileirão de 2001, quando jogava pelo Bahia.

No podcast, sua passagem do Flamengo não foi pauta da conversa, mas Emerson falou sobre um fato que aconteceu no Grêmio. Em amistoso em 1993, contra o Capão da Canoa, o goleiro que na época tinha 21 anos, se jogou com força contra o atacante para impedir um chute.

Os torcedores não entenderam a perigosa jogada em um jogo que não valia nada. Mas Emerson acabou saindo com uma lesão que quase encerrou sua carreira. Ele falou que a fama estava virando um fardo, pois quanto mais famoso, mais risco de ser descoberto como gay.

“Eu me joguei desesperado. Mas na verdade, o desespero não era para tomar o gol. A minha vida pessoal, a cada defesa que eu fazia, cada vez que eu me destacava mais, o buraco vazio aumentava também inversamente proporcional. Quanto mais famoso eu ficava, mais difícil se tornava ser gay nesse ambiente”.

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Link do Artigo do MundoRubroNegro

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