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Com Dorival, Landim troca técnico a cada 6 meses e volta ao ponto zero


Era final de 2018 quando Rodolfo Landim ganhou a eleição para presidente do Flamengo derrotando a situação representada por Ricardo Lomba. Eleito, tirou Dorival Jr. para colocar seu preferido Abel Braga. O substituído fizera boa campanha no final do Brasileiro quando assumiu um time desacreditado, o que foi ignorado porque se queria apagar qualquer traço da gestão anterior.

Reeleito, Landim já tem agora 42 meses de gestão. E, agora, contrata Dorival Jr. de volta para o lugar de Paulo Sousa. Com isso, completa uma troca de técnico a cada seis meses em sua administração: foram cinco demitidos e uma saída por vontade do técnico Jorge Jesus, que preferiu voltar para o Benfica após um ano.

Na máquina de moer carne rubro-negra, passaram Abel Braga, Jorge Jesus, Domenec, Rogério Ceni, Renato Gaúcho e Paulo Sousa. Haverá, claro, quem diga que Abel e Renato não foram demitidos. Mas é fato que pediram para sair quando sabiam que seriam dispensados.

No processo, o Flamengo fez apostas de longo prazo com os europeus Dome e Paulo Sousa. Por isso, teve de pagar multas por contratos rompidos bem antes dos dois anos previstos em seus compromissos. O português levará 1 milhão de euros, o espanhol ficou com uma quantia maior, Ceni arrecadou outros R$ 3 milhões. No total, gastou-se em torno de R$ 20 milhões.

No caso dos brasileiros, o Flamengo fez da pressa a caraterística de suas contratações. Foi buscar Ceni no Fortaleza em 2020 para colocá-lo no banco um dia depois pela oitavas da Copa do Brasil. Demitiu Ceni na madrugada de sexta-feira para seus dirigentes acertarem com Renato em um restaurante, no Rio, na tarde seguinte.

Mas nada supera o surrealismo do processo de demissão de Paulo Sousa. Após a derrota para o Fortaleza, o Flamengo já começou a procurar técnicos embora mantivesse o português no cargo. O novo tropeço diante do

Red Bull Bragantino

decretou o fim da linha para o técnico europeu ainda na madrugada de quarta-feira. Mas não oficialmente.

Paulo Sousa seguia a rotina de treinador no Hotel em Atibaia enquanto o Flamengo negociava quase publicamente com outros técnicos. Cuca não quis ouvir, Dorival Jr. topou. Já acertou sua ida para o time rubro-negro. Isso não impediu, no entanto, que o técnico português fosse comandar o treino da tarde do elenco rubro-negro. Estava lá no campo, aparentemente não avisado da demissão.

O treinador só serviu para uma demonstração de desrespeito ao técnico português em sua saída. Custava avisa-lo antes e botar um preparador físico para dar um treino meia-boca? Não foi só um descaso com Paulo Sousa, mas com o próprio Flamengo. O que poderia sair de produtivo para o clube de um treinamento de um treinador que já não continuaria no clube?

Lembremos que Paulo Sousa foi contratado com a ideia de tocar uma reformulação no elenco do Flamengo. Só que a diretoria rubro-negra manteve veteranos no elenco. Dos atletas contratados, Ayrton Lucas, Pablo e Santos tiveram o aval do treinador. O grande número de zagueiros era, teoricamente, para atender seu esquema com três na linha defensiva.

Não custa lembra que o trabalho de Paulo Sousa não foi um desastre completo como será a narrativa a partir de agora. Houve bons jogos —

Atlético-MG

, Palmeiras, São Paulo, Universidad Católica— e alguns princípios que poderiam ter evoluído como a marcação pressão, a movimentação sem a bola na frente. Mas houve muita irregularidade, erros em sua recomposição defensiva, falta de criatividade em jogos fechados e também um ambiente hostil.

Seu trabalho degringolou no final de maio e junho: o Flamengo foi se desmontando, perdendo identidade. Até porque o português abriu mão do seu sistema inicial para se adaptar ao esquema mais parecido com o tradicional do clube nos últimos anos. Se nem ele estava mais convicto em si mesmo, não seria a diretoria rubro-negra que acreditaria nele.

A ver se o Flamengo apressará a apresentação de Dorival Jr. para bota-lo no banco já no sábado diante do Internacional. Assim, repetirá o padrão de pressa das substituições anteriores. Dorival Jr. é um treinador que costuma ser eficiente em pegar times em meio a competições ou temporadas e ajeita-los. Talvez seja o perfil ideal para a gestão Landim com um

futebol

em eterna transição desde 2020.

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