Como disse Juca Kfouri, na abertura do
Cartão Vermelho #22
, transmitido nesta terça-feira (02) pelo
UOL Esporte:
“Hoje é o dia do maior clássico do
futebol
brasileiro, ou pelo menos do jogo que reúne as duas maiores torcidas do Brasil:
Corinthians
e Flamengo, pelas quartas de final da
Copa Libertadores
da América, em Itaquera”. E ninguém com mais propriedade que Walter Casagrande Jr, que sentiu na pele a importância deste duelo, para falar um pouco sobre o assunto.
“O jogador de futebol, pelo menos na minha época, ficava esperando o dia de jogar contra o Flamengo. Na década de 1980, no início da ‘Democracia Corinthiana’, nós éramos os ‘azarões’, e ficamos em primeiro lugar na chave [do Campeonato Brasileiro]. Mais para frente, em 1983, perdemos lá de 5 a 1 e vencemos aqui de 4 a 1, fomos eliminados. Em 1984, eles ganharam de 2 a 0 da gente lá e nós metemos 4 a 1 neles aqui, e eles foram eliminados”, disse Casão – que atuou pelos dois clubes, com duas passagens [de 1980 a 1986 e depois em 1994] pelo Timão, enquanto defendeu o Rubro-Negro em 1993.
Por falar nas atuações do ex-atacante, Juca relembrou o dia em que Casagrande enfrentou o Corinthians pelo Flamengo. “A torcida do Corinthians cantava ‘volta Casão, seu lugar é no Timão’ e ‘Doutor, eu não me engano, o Casão é corinthiano’. O Casão me parecia perdido [em campo]. Para mal dos pecados, para ele, após um escanteio, fez um gol contra e 1 a 0 para o Corinthians. Está na súmula, Casão contra. Em seguida, ele é sacado e vai em direção ao vestiário. Eu queria ser o primeiro a falar com ele, no vestiário, e quando ele olha para mim, ele fala ‘Juca, o que é isso?’, e e respondo “Casão, a Fiel te ama’, ele me abraça e chora”.
“Foi impressionante mesmo. Sempre fui corinthiano, mas joguei pelo São Paulo e me matei para ganhar do Corinthians, fiz isso pelo Flamengo também. E [nesse dia] fui preparado para receber vaia, ser xingado… e quando começou a acontecer isso, fiquei desconcertado. Na minha cabeça, eu pensava que não era justo [com os flamenguistas, que estavam no estádio apoiando o time]”, disse Casagrande. Que, por falar na força das arquibancadas, acrescentou que se os jogadores de hoje forem consumidos pelo espírito da torcida do Corinthians, ‘pode acontecer qualquer coisa, independentemente da diferença dos times’.
Nesse clássico, para Casagrande, há uma competição à parte: “A torcida do Corinthians entra nesse jogo mais do que nos outros, porque ela compete com a outra torcida. Quando o Corinthians joga contra o Palmeiras ou qualquer outro clube, ela lota e torce, mas não há competição, porque ela é maior que as demais. A competição é com a torcida do Flamengo”.
Por falar na ‘nação’ Rubro-Negra, Casão também relembrou seu primeiro encontro com a torcida flamenguista no Rio de Janeiro: “Eu me lembro muito bem quando fui jogar no Maracanã pela primeira vez, em um domingo a tarde, eu virei para o Magrão [Sócrates] e falei:’ não vai dar para nós, olha o que está acontecendo aí’. E ele dizia: ‘se estiver 0 a 0 e equilibrado, não faz o gol. Por que se a gente fizer, eles vão vir para cima e vão matar a gente. Se for para fazer o gol, faz no final’. Era exatamente isso. O Flamengo era mil vezes melhor que esse daí [de 2022]”.
Se na época em que Casagrande debutou no Maracanã o Flamengo estava prestes a conquistar sua primeira Libertadores – e seria novamente vencedor do Campeonato Brasileiro -, agora a situação é um pouco diferente. “É difícil ganhar o campeonato [Brasileirão], porque perdeu muitos pontos. Vai ter que torcer para outro time, tão bom quanto, perder vários jogos e ele ganhar todos. Por isso, o Brasileiro está difícil. Mas, na
Libertadores
, está ‘vivaço’, joga a segunda em casa… o Flamengo é favorito para a classificação”, analisou.
Já sobre o duelo de logo mais, na noite desta terça-feira, foi firme e não ficou em cima do muro: “O time do Flamengo é muito melhor que o do Corinthians, está jogando muito melhor. O Corinthians, desde o começo do ano, fez um tempo e meio com um bom jogo. Se o Flamengo jogar o que está jogando ultimamente, ou o Corinthians joga o máximo ou vai perder. O Corinthians só pode competir com o Flamengo jogando no máximo.
E
se o Flamengo jogar tudo que pode, também, pode ganhar de qualquer time, se tudo ocorrer bem. O Flamengo é um time muito forte”.
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