Notícias

Vitor Pereira odeia vazamento de escalações


Vitor Pereira no Shanghai SIPG, da China – Foto: Divulgação

GLOBO ESPORTE: Por Fred Huber

Confirmado como novo técnico do Flamengo, Vitor Pereira terá um grande desafio pela frente. Depois de uma temporada 2022 vitoriosa, a exigente torcida rubro-negra vai querer ainda mais, e o português terá missões importantes já no curto prazo: Supercopa, Recopa e, principalmente, o Mundial.

Vitor Pereira vai encontrar um elenco que teve o ambiente transformado (para melhor) por Dorival Júnior, que não teve o contrato renovado. Será preciso ganhar a confiança dos jogadores para que comprem as novas ideias.

Nascido em Espinho, uma cidade litorânea em Portugal com 31 mil moradores, Vitor Pereira vai reencontrar no Rio de Janeiro uma de suas paixões: o mar. Mas o que os torcedores podem esperar do trabalho do treinador? Como é sua personalidade e o estilo de comando?

Time com posse de bola, agressivo e que faz pressão nos adversários
Para o comentarista Carlos Eduardo Mansur, Vitor Pereira terá no Flamengo mais condições de fazer o que considera ideal em suas equipes, até pelo tempo que terá de pré-temporada. Mas também enfrentará obstáculos, como um calendário ainda mais apertado do que teve no Corinthians.

– A expectativa pelo que pode apresentar taticamente é fascinante. Por quê? Pelo discurso, gosta de times agressivos, que fiquem com a bola e pressionem para defender no campo de ataque. No Flamengo, terá algumas condições que não tinha no Corinthians. Primeiro, vai iniciar uma temporada e tem o Carioca como preparação e entendimento dos conceitos e, em princípio, sem as lesões que enfrentou no Corinthians, que dizimaram o time e fizeram com que ele fosse mais pragmático.

Por outro lado, não será simples fazer do Flamengo um time que pressione com Pedro, Gabigol, Arrascaeta e Everton Ribeiro, que não são jogadores com essa característica de sufocar o tempo todo sem que percam suas melhores qualidades. É ver se ele irá insistir neste quarteto e como vão se encaixar na ideia de jogo dele.

Outro aspecto interessante é sobre o calendário, que o Vitor dizia que impedia esse jogo de pressão o tempo todo. Ele terá um ano complicado no Flamengo, com Supercopa, Recopa, Mundial… É preciso saber se isso também fará com que ele dê um passo atrás. Vai ser uma queda de braço entre o que ele deseja e o contexto do futebol brasileiro. É ver para que lado vai pender – disse Mansur.

As impressões deixadas por Vitor Pereira no Corinthians

Relação com jogadores
Ao longo do ano, muitos líderes do elenco do Corinthians foram deixando de gostar de VP. O técnico tem uma relação muito fria com o elenco no dia a dia, toma decisões sem muito debate e em alguns momentos é bastante direto em suas entrevistas coletivas (algo comum nos treinadores portugueses), expondo alguns atletas. VP não é adepto das conversas particulares, tem uma relação pouco paternalista. Isso foi desagradando alguns jogadores, mas o amor da diretoria e da torcida por ele era tão grande que o elenco se calou e seguiu trabalhando. Como os resultados em campo acontecipam, as crises foram sendo adiadas.

Gosta de poupar jogadores?
O treinador se assustou com o calendário em seu primeiro ano de Brasil. Teve dificuldades para administrar as cargas e viu jogadores sofrerem lesões. Isso fez com que adotasse algumas estratégias diferentes do início de sua passagem, poupando muitos jogadores e perdendo pontos importantes por enfraquecer demais o time. No Brasileirão, perdeu praticamente todos os jogos em que escalou um “time B” antes de jogos importantes pela Libertadores ou Copa do Brasil. Certamente aprendeu bastante com essa situação no Corinthians e poderá usar essa experiência a seu favor no Flamengo.

Reforços
Vitor Pereira não foi um técnico que usou os microfones para cobrar reforços no Corinthians. O técnico chegou a indicar carências da equipe, mas preferiu sempre tentar encontrar soluções dentro do elenco. Gustavo Mantuan, hoje no Zenit, atuou de lateral, de ponta e aprendeu a fazer linha de cinco com ele. Nos momentos mais difíceis, o técnico deu espaço aos jogadores da base, a quem se refere como “miúdos”. O volante Du Queiroz, por exemplo, cresceu bastante em suas mãos.

O estilo de Vitor Pereira durante os jogos
Um técnico inquieto que está sempre acompanhado de um bloquinho de papel e uma caneta. Ao longo do jogo, faz anotações e recebe orientações de seus auxiliares. Luis Miguel, o primeiro auxiliar, é cunhado de VP (filho da sogra que está doente em Portugal). Luis é bastante agitado e frequentemente faz reclamações com a arbitragem. VP foi expulso algumas vezes no Corinthians por entrar em atrito com o árbitro.

Algo interessante que acontecia no Corinthians com o preparador físico António Ascensão é que durante o intervalo já se sabia quem iria entrar no segundo tempo. Isso porque o jogador escolhido ia com o preparador para o gramado cerca de dez minutos antes reinício para aquecimento. Assim, a expectativa era para saber quem sairia.

Sintonia com Jorge Jesus
Vitor Pereira poderá ter um bom conselheiro em sua chegada ao Flamengo, seu compatriota Jorge Jesus. Os dois têm boa relação, apesar dos duelos que já fizeram em Portugal, inclusive em disputa de título. Um ex-integrante da comissão de JJ está de volta ao clube: o preparador físico Mario Monteiro.

Jorge Jesus tem com Vitor Pereira uma relação mais próxima do que com Abel Ferreira, por exemplo, apesar de o atual comandante do Palmeiras ter sido treinado por JJ.

Irritação com vazamentos de escalação
VP é um técnico que respeita o papel da imprensa. Em suas entrevistas coletivas pós-jogo, desenvolve os assuntos e dá respostas longas. Ele gosta de usar o mistério como arma e faz apenas treinos fechados. Nunca antecipou uma escalação. No Corinthians, quando o ge ou outros órgãos de imprensa anteciparam seus times, ele se irritou internamente e tentou achar quem as estava vazando. Ao longo do tempo, parou de fazer treinos com os 11 titulares e escondeu a escalações até dos jogadores, divulgando ao grupo apenas horas antes da partida. Tudo para tentar tirar essa arma do adversário.

A falta de acesso ao CT chegava a prejudicar ações de marketing. Alguns acertos de patrocínio, por exemplo, previam visitas de patrocinadores ao CT. Como o português nunca abriu as portas para esse tipo de ação, os responsáveis pela área tiveram de fazer ajustes nos acordos previstos em contrato.

Relação com funcionários
VP tinha uma relação muito boa com os funcionários do CT, tanto os da comunicação como os do dia a dia. Havia um bom tratamento entre eles. Fora do CT, sempre ficou muito junto de sua comissão técnica, que era formada por outros cinco portugueses. Eles moravam no mesmo flat e frequentavam os mesmos lugares.

Link do Artigo do FlaResenha

E pra você que curte o mundo esportivo -- entre agora mesmo em Palpites GE e tenha sempre em mãos as melhores dicas de investimento no futebol brasileiro e internacional.