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Série sobre Adriano Imperador decepciona por ser chapa branca


Adriano Imperador é uma série da Paramount +, o documentário analisa a jornada do craque amado por praticamente todas as torcidas do Brasil. O programa conta os altos e baixos da carreira do jogador. sob o viés do próprio.

A vida de Didico foi marcada por um auge meteórico, isso é fato. Contudo, há dezenas de polêmicas, normalmente associadas aorigem humilde como morador da Vila Cruzeiro. Desde que foi descoberto no Flamengo ele esteve ligado aos holofotes, para o bem e para o mal.

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A história de Adriano Leite Ribeiro seria um prato cheio para qualquer contador de histórias, para um biógrafo literário, quanto para um roteirista de cinema, daria até uma novela, daquelas bem dramáticas.

Era questão de tempo até que ele se tornasse alvo de materiais em peça de material audiovisual, dada a riqueza dos detalhes que de vida, luta e glória em toda sua vida e carreira.

Adriano Imperador estreou nesse Julho de 2022 e além de ter a direção da cineasta Susanna Lira responsável pela série documentário Casão: Num Jogo sem Regras, além de tantas outras produções conta também com uma equipe experiente.

A experiência dela biografando Walter Casagrande Júnior, que foi um atleta envolto em polêmicas teoricamente a credenciariam a fazer uma boa série sobre Adriano, já que os detalhes da vida do ex-centroavante da Democracia Corinthiana tem diversas coincidências com este “novo” personagem.

Da parte da equipe técnica, há roteiro de Aurélio Aragão e Amanda Baião, e codireção de Danielle França, além de uma pesquisa de qualidade invejável feita por Antônio Venâncio, que mergulha nas histórias da família e nos contos de quem mora no “Cruzeiro”, que é o apelido carinho da comunidade.

O formato é de três episódios e não contém muitos mistérios na abordagem, conversam com a equipe amigos anônimos e ex-jogadores como Ronaldo Fenômeno, Javier Zanetti, Aloísio Chulapa, e até Massimo Moratti, presidente da Inter na época da compra do craque.

Sinceridade e carisma

Adriano enquanto entrevistado é bastante franco. Para o fã apaixonado pelo jogador as falas são enriquecedoras. A conversa mais maravilhosa no entanto se dá quando ele fala a respeito de suas passagens na Europa.

Há um bom detalhamento de histórias conhecidas, como o causo do meia holandês Seedorf, que comprou o barulho do então garoto, decidindo que seria ele a bater uma falta na entrada da área em um Santiago Bernabéu lotado, em um jogo pela Champions.

Além de discutir sobre os gols marcantes e momentos de brilho, ele fala de inglórias, da passagem pela Fiorentina, em uma fase financeira péssima do clube, e da passagem pelo Parma, onde aprendeu a jogar taticamente bem, com o treinador Cesare Prandelli.

O problema central do seriado reside na fuga de algumas polêmicas. Não há qualquer menção ao fato de que a torcida do Flamengo rejeitava Adriano Imperador, o achava desengonçado e atrapalhado. Não à toa ele foi trocado para a Itália por um valor baixo, como moeda de troca pelo volante Vampeta.

A partir daí dá para notar que apesar que afirmação de gente da produção que “não passariam pano” para o personagem-título, não era inteira verdade. O seriado é a versão dele sobre os fatos, e não necessariamente uma busca pela verdade.

O roteiro passa por questões espinhosas, mas não as aprofunda. É compreensível até, Adriano sempre foi arredio com a imprensa, sobretudo ao falar de sua vida pessoal e dos amigos que fez no Cruzeiro.

Não ajuda também o fato de que a maioria das matérias de programas de fofoca ou blogs tentavam associá-lo de maneira preconceituosa a vícios ou a ligação com o banditismo. Contudo, o trabalho de documentar uma vida tem que visar informar e buscar o ineditismo, e isso falta.

Parte emocional é destaque

Adriano rasga o coração ao falar sobre sua infância na favela, há filmagens caseiras raras e ótimas histórias de como sua mãe, Dona Rosilda fazia sacrifícios para levar o menino as peneiras pelo Rio de Janeiro, junto com outros parentes.

Claro que se fala bastante do pai dele, seu Almir, um homem importante não só para a família como para toda a comunidade da Vila Cruzeiro, onde ele cuidava das peladas e até tutelava boa parte dos amigos de Didico.

É curioso como mesmo sendo um sujeito que incentivava o filho a sonhar, havia o receio dele deixa-lo aéreo demais. Almir era o mais pragmático entre os Leite Ribeiro, o equilíbrio entre o lúdico e o prático na família.

Gratidão, glória e queda do Imperador

Almir era a âncora e o equilíbrio da vida do craque e sua perda é sentida e chorada até hoje, por todos que tiveram perto dele. O sentimentalismo parece de fato genuíno, não é piegas.

Outro destaque é a gratidão que Adriano tem com quem o ajudou na Europa. Fala muito de Ronaldo, que o levou para morar em sua casa depois que chegou a Itália. Também lembra de Taffarel que o indicou por empréstimo ao Parma.

Não faltam detalhes sobre o histórico dele na seleção. As vitórias épicas tem grande visibilidade, como por exemplo a final da Copa América contra a Argentina em 2004. Também se louva o título da Copa das Confederações com Parreira no comando.

Até fracassos, como o tal Quadrado Mágico com R9, Kaká e Ronaldinho Gaúcho da Copa do Mundo de 2006, é exposto aqui.

Adriano: um sujeito único

Adriano é um sujeito encantado e encantador, um personagem naturalmente sedutor. Seu jeito e autenticidade provocam mais que simpatia, pois manifesta empatia em quem o acompanha, é fácil se afeiçoar a ele.

É compreensível que em um seriado onde ele se abra tão largamente, as situações contraditórias e polêmicas seriam apenas arranhadas. Certamente Lira ficou na corda bamba entre tocar nas controvérsias e preferiu narrar os tentos positivos do craque.

Acaba que Adriano Imperador é um louvor ao menino que veio da Vila Cruzeiro para o mundo, e para ele, é pouco, muito pouco. Um registro mais visceral, tal qual ocorreu recentemente com Michael Jordan em Last Dance/Arremesso Final seria o ideal.

E isso talvez ocorra daqui a um tempo, em um trabalho que não necessariamente busca agradar a todas as partes. Para contar uma boa história é preciso mergulhar fundo, já que a busca pela verdade não conhece conveniências. Em época de Media Training, isso é quase impossível.



Link do Artigo do MundoRubroNegro

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