Os erros da arbitragem grotesca e “caseira” na Arena Condá e os dez desfalques em campo e no banco de reservas não servem como justificativa para o Flamengo jogar tão mal contra a
Chapecoense
– lanterna do Brasileiro e, até agora, pior campanha da história dos pontos corridos com vinte equipes.
O time de Renato Gaúcho é um deserto de ideias e, pior, o treinador ainda inventa soluções mirabolantes que certamente não treina, até por falta de tempo, e até agora surtiram pouco efeito prático.
Como quando ficou com um homem a mais por 30 minutos, entre a expulsão aos 13 minutos do segundo tempo de Kaio Nunes, autor dos dois gols do time da casa, e o cartão vermelho para Everton Ribeiro, novamente um dos piores em campo do Fla. Renato abriu Matheuzinho e Vitinho, que substituiu o lesionado Ramon, e empilhou
Gabigol
, Bruno Henrique e Vitor Gabriel congestionando a área adversária e nada criando além de cruzamentos.
A impressão que passa é de que o treinador quer apenas “tirar o seu da reta”. Alegar que encheu o time de atacantes em busca da vitória, ou que reforçou a defesa para sustentar um resultado. Até aqui funcionou pouquíssimas vezes. Aliás, nos últimos oito jogos foram apenas duas vitórias, quatro empates e duas derrotas.
O goleiro Keiller fez sete defesas, mas nenhuma daquelas memoráveis, que salvam a “zebra”, que até finalizou muito: 14 vezes. E ainda teve a chance de terminar com a vitória, se Bruno Silva tivesse aproveitado contragolpe com saída tresloucada do goleiro Gabriel Batista. O Flamengo criou pouco e cedeu muitos espaços.
Foi às redes em dois brilhos esporádicos. Jogada individual de Matheuzinho e belo chute cruzado para abrir o placar. Depois a assistência preciosa de Gabigol para Michael limpar Keiller e empatar. No contra-ataque. Porque a Chape, depois de um início mais cuidadoso, não respeitou mais o atual bicampeão brasileiro.
Gabigol sofreu pênalti claro de Keiller no primeiro tempo, ficando a dúvida apenas se a posição do camisa nove era legal. Incerteza que não existe em um impedimento bizarro marcado pela arbitragem de campo, inclusive tirando a chance do atacante colocar a bola nas redes e depois o lance ser revisado pelo VAR. Mas nada explica tão pouco
futebol
. Mesmo com 59% de posse e 23 finalizações, dez no alvo.
O time rubro-negro ficará sem o tri, por sua própria incompetência. Nem as ausências por causa de Copa América e datas FIFA explicam tantos vacilos no Brasileiro. O elenco tem soluções para se impor, o que falta é trabalho coletivo. Com titulares, a qualidade individual e a “memória” de oito titulares desde 2019 construíram a boa campanha inicial com Renato, incluindo algumas goleadas.
Agora é o que resta de esperança para o dia 27. Tudo terá que dar muito certo até lá. Recuperação de Filipe Luís, Pedro e De Arrascaeta, mais nenhuma lesão muscular dentro de um cenário caótico no departamento médico e também na preparação física/fisiologia. Ainda a recuperação técnica de Everton Ribeiro, Gabigol e Bruno Henrique. Uma grande incógnita para os próximos 18 dias.
O Flamengo entra perigosamente no modo “à espera de um milagre”. Ao contrário do que diz a canção dos Titãs, é raro o acaso proteger quem anda tão “distraído”.
(Estatísticas:
SofaScore
)