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Rocha: Estilo de Jorge Jesus fracassa na Europa, mas é o ideal no Brasil


Jorge Jesus fracassou na volta ao Benfica. Muita pompa, investimento alto, porém não chegou nem perto de conquistar a liga e a Taça de Portugal. Na temporada passada sequer alcançou a fase de grupo da Liga dos Campeões, sendo eliminado pelo PAOK, então comandado por Abel Ferreira.

O único feito relevante foi eliminar o Barcelona na atual edição da Champions, porém um time catalão tão enfraquecido que relativiza bastante a classificação do time encarnado para enfrentar o Ajax nas oitavas. Mesmo sem Jesus, será difícil competir no mesmo nível com os holandeses que tiveram campanha 100% e, junto com o Sporting, grande rival histórico do Benfica, mandaram o Borussia Dortmund para a Liga Europa.

A saída de Jorge Jesus foi motivada pelos péssimos resultados diante da expectativa gerada, mas também por conta do relacionamento difícil do treinador com o elenco. Já havia tido divergências sérias com vários jogadores, inclusive os brasileiros Gilberto e Lucas Veríssimo e o artilheiro uruguaio Darwin Núñez.

Com a punição a Pizzi depois de discussão do atleta com o zagueiro aposentado e hoje dirigente Luisão, o grupo promoveu um verdadeiro “motim”, recusando-se a treinar. A relação ficou insustentável.

Porque Jesus é do estilo “cala a boca e joga”, como bem definiu o colega

Marcus Alves no Twitter

. Treinador que centraliza as decisões no centro de treinamento e se coloca como a autoridade máxima, tratando os comandados claramente de cima para baixo.

Isso não funciona mais no

futebol

europeu. Os clubes com maior capacidade de investimento são seleções transnacionais, reunindo culturas diferentes e jogadores que são estrelas midiáticas e verdadeiras “empresas”, com equipes de funcionários e relevância nas redes sociais.

Também possuem uma cultura de jogo mais vasta, construída normalmente em peregrinações por outros países. Não aceitam uma orientação em campo sem o mínimo questionamento. Ainda mais quando não está gerando resultado em campo.

Não funciona lá, mas é tudo que o jogador atuando no Brasil gosta. No Flamengo, Jorge Jesus foi elogiado muitas vezes por ações que minaram sua passagem pelo Benfica.

“No CT é ele quem manda”. “Às vezes a gente pedia um descanso e ele dizia que já tínhamos os três dias entre um jogo e outro”. “Ele fala o quer que você faça em campo e cobra muito no treino e no jogo”. Eis algumas frases pinçadas de entrevistas de jogadores campeões em 2019/2020 sob o comando do português.

Jorge Jesus sempre trata o jogador como aluno. Ele sabe e está transmitindo conhecimento para o outro. Não é uma relação igual. Um manda, o outro obedece, sem maiores questionamentos. É tudo que o jogador brasileiro deseja.

Como Abel Ferreira orientando os jogadores do Palmeiras para a final da Libertadores contra o Flamengo: “Eu tenho um plano, confiem em mim e façam o que estou a dizer”. Executar sem pensar.

Jesus também é elogiado pela simplicidade. Em entrevistas já disse que é melhor o atleta receber duas ou três ordens simples e executá-las bem do que encher a cabeça dele de conteúdo tático e acabar se atrapalhando em campo. Foi o elogio que recebeu de Filipe Luís no “Bola da Vez” da ESPN Brasil: “Ele tem um plano claro e passa ao jogador da forma mais simples possível”.

Como na vitória do Flamengo sobre o Santos de Jorge Sampaoli no Maracanã, pelo Brasileiro de 2019. A ordem foi fazer um jogo mais direto, buscando o Bruno Henrique pela esquerda. “Joguem a bola para o Bruno!” A intenção era fugir da pressão sufocante do time paulista na saída de bola. Acabou vencendo por 1 a 0, golaço de cobertura de

Gabigol

. Em um contragolpe rápido.

A personalidade de Jorge Jesus também atrai todos os holofotes para si. Por aqui foi consagrado pela trajetória de cinco títulos e apenas quatro derrotas no Flamengo, mas também é o alvo principal nos momentos ruins. E o treinador assume a responsabilidade, nunca expõe seus comandados.

Nem quando dá broncas aos berros e gesticulando como um louco à beira do campo. Aliás, o jeito enérgico e autoritário é muito exaltado no Brasil. No imaginário popular, treinador tem que ser assim porque senão o jogador dispersa e se acomoda. É na rédea curta.

Ou seja, é quase um Felipão português. Só que com conteúdo tático bastante moderno para o futebol brasileiro. Desenvolvido ao longo de décadas, com metodologia própria e inspirado nos princípios de jogo de Johan Cruyff, com quem Jesus fez estágio no início da carreira. Um “paizão” disciplinador, meio general. Mas com conceitos sólidos sobre compactação, pressão pós-perda e velocidade na circulação da bola.

É esse o treinador que negocia com o Atlético Mineiro e pode voltar ao futebol brasileiro. Para mostrar em outro clube que seu estilo ainda é o ideal por aqui. Mesmo fechando portas no mercado europeu.



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