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RMP: Um vexame nunca visto nas transmissões esportivas


Completo 46 anos de jornalismo no próximo dia 9 de fevereiro, data em que, em 1976, comecei a trabalhar, como estagiário, no Jornal do Brasil. De lá pra cá, confesso, nunca presenciei

desastre tão gigantesco numa transmissão esportiva quanto o ocorrido no jogo entre Volta Redonda e Flamengo

, pela segunda rodada do Estadual do Rio. Pela primeira vez, nessa longa estrada, vi uma partida acabar às cegas, sem imagens em qualquer uma das várias plataformas em que era (precariamente) exibida.

Desde que o Flamengo rompeu com a Rede Globo, em 2020, recusando a cota de R$ 18 milhões que lhe era oferecida por temporada, a qualidade das transmissões dos campeonatos do Rio (que passaram a ser feitas pela Record, em TV aberta, e por várias plataformas de

streaming

) despencaram de forma assustadora, punindo o torcedor e o próprio clube, que passou a faturar menos de um terço do que ganhava antes. Que negócio, hein?

Imagens travadas, “delay” gigantesco, dificuldades para o acesso aos canais nas redes sociais, equipes de transmissão de capacidade discutível, tudo isso e mais um pouco passaram a fazer parte do cotidiano das partidas de um campeonato que, ano após ano, perde prestígio e importância esportiva.

O ápice de tal decadência viu-se na transmissão do jogo do Flamengo na segunda rodada. Na “Eleven” (uma das empresas que comercializa o “pay per view” do Carioca, novo nome da velha Mycujoo, que já fracassara com o rubro-negro, antes), a transmissão travou antes mesmo de a bola rolar – e sei bem, porque sou um dos incautos que assinaram seu serviço. Na hora em que seriam apresentadas as escalações dos dois times, congelou geral. Daí pra frente, tornou-se impossível assistir ao jogo por ali.

Na Fla TV +, além de imagens engasgando durante toda a transmissão, centenas de usuários foram desconectados em meio ao jogo e passaram a receber mensagens de que o tempo de espera para que fossem atendidos seria entre 15 e 50 minutos! Caos absoluto, registrado no Twitter por milhares de consumidores indignados, entre eles dois famosos ex-dirigentes do próprio Flamengo: Walim Vasconcelos e Antônio Tabet.

O pior, porém, ainda estava por vir. Mais ou menos na metade do segundo tempo, até mesmo os serviços pagos das operadoras tradicionais, como Net, Sky, Claro etc., ficaram sem imagens, pois a empresa responsável pela geração das mesmas, simplesmente, entrou em pane.

Na Fla TV+, ao se ver em apuros, o (bom) locutor Emerson Santos fez questão de repetir várias vezes: “a responsabilidade pela geração das imagens é da “Sportsview” – empresa terceirizada, contratada pela Federação de

Futebol

do Rio de Janeiro.

E quem são dois dos cabeças dessa empresa? Raul Costa Jr. (ex-diretor geral do SporTV) e Marcelo Campos Pinto (ex-diretor jurídico da TV Globo e ex-todo-poderoso homem da compra de direitos esportivos das organizações da família Marinho).

São incompetentes? Eu os conheço pessoalmente e profissionalmente e asseguro que não. Mas após o primeiro ano em que não conseguiram obter lucro (as receitas de publicidade, vendas de pacotes de pay per view etc. ficaram todas bem abaixo do esperado) resolveram cortar custos e, entre outras coisas, trocaram a produtora original, a experiente Casablanca, por outra, provavelmente mais em conta, chamada “Broadmedia”, que, sem tanta expertise, assumiu a responsabilidade pela geração de imagens para a Federação e para o Flamengo que, por sua vez, as repassariam para os canais competentes. Deu no que deu. Competência passou longe de todas as fases do processo.

Fato é que as transmissões dos jogos do Campeonato Carioca, desde a saída da Rede Globo, são uma incomensurável mixórdia. Na próxima quarta-feira, o Flamengo enfrenta o Boavista, na estreia do técnico Paulo Souza e de boa parte dos titulares (apenas

Gabigol

, Arrascaeta, Everton Ribeiro e Isla, que estavam em suas seleções, não deverão ser escalados). Será possível assistir ao jogo? O número de espectadores (leia-se acessos nos canais de streaming), com certeza, será bem maior do que o desse insosso confronto do sub-20 com o Volta Redonda.

Se acham (corretamente) que o futuro das transmissões de seus jogos (e do faturamento do clube, com eles) passa pela Fla TV+, o mínimo que se espera dos atuais dirigentes rubro-negros é que invistam nela dinheiro suficiente para torná-la profissional e sobre uma plataforma tecnológica capaz de receber um número de assinantes à altura da gigantesca torcida que possui. Até agora, parecem estar brincando de fazer apenas uma televisão de

grêmio

estudantil.

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