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Reinaldo fala de Flamengo e elege jogo contra o São Paulo, em 2001, como o melhor da sua carreira


Reinaldo fez um gol e deu duas assistências no jogo em João Pessoa — Foto: Agência O Globo
1 de 5 Reinaldo fez um gol e deu duas assistências no jogo em João Pessoa — Foto: Agência O Globo

Reinaldo fez um gol e deu duas assistências no jogo em João Pessoa — Foto: Agência O Globo

Natural de Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro, Reinaldo se aposentou dos gramados em 2019, depois de ter atuado por três anos pelo


Brasiliense


. O currículo do ex-atacante é extenso no futebol: 21 clubes, sete países diferentes, três continentes e 11 taças levantadas. No Brasil,


Flamengo,




São Paulo


,


Figueirense


,


Santos


,


Botafogo


,


Bahia


e


Paraná


foram alguns dos clubes por onde ele passou. Ainda defendeu as cores do


PSG


, na França, e do


Kashiwa Reysol


, no Japão. Como treinador, dirigiu o


Inter de Lages


, além das categorias de base da


Perilima


, e teve uma rápida passagem pelo


Nacional de Patos


, esses dois últimos na Paraíba.

O ex-jogador chegou ao

Flamengo

em 1997, para jogar nas categorias de base. Em 1999, fez a sua estreia no profissional e, naquela temporada, marcou dois gols em 13 partidas. No ano seguinte, 27 jogos e nove gols. Já em 2001, ano do título da Copa dos Campeões, Reinaldo teve a sua melhor temporada com a camisa rubro-negra: 46 jogos e 16 gols. Coincidentemente, ele foi contratado justamente pelo

São Paulo

em 2002.

No dia 8 de julho, a bola rolou para

Flamengo

x

São Paulo

em João Pessoa, no Estádio Almeidão, no primeiro de dois jogos da final da Copa dos Campeões de 2001. Com público estimado em 38 mil pessoas, Rubro-Negro e Tricolor não pouparam no quesito bola na rede. foram oito gols marcados.

O time carioca abriu o placar logo aos 14 do primeiro tempo: o zagueiro Gamarra lançou Reinaldo, o atacante cruzou, e Edílson mandou para o fundo do barbante. Porém, não deu nem tempo de comemorar. Dois minutos depois Luís Fabiano empatou para o time paulista.

Onze minutos depois, Petkovic cobrou falta, que desviou em Gamarra; a bola sobrou para o Capetinha, que acertou uma bicicleta, mandando na cabeça de Reinaldo; o atacante testou firme, Rogério Ceni ainda tentou a defesa, mas a bola morreu no fundo das redes. Aos 36 minutos, Reinaldo fez boa jogada pelo meio, tocou entre os zagueiros e deixou Beto livre, que chutou forte no canto esquerdo da meta do goleiro são-paulino:

Flamengo

3 a 1 ao fim do primeiro tempo.

Na segunda etapa, Edílson marcou mais um, aos 12, após falha da defesa do

São Paulo

. A torcida na Paraíba já gritava “olé”. Contudo, dois minutos depois, Rogério Pinheiro cabeceou após cobrança de escanteio e diminuiu para o time paulista: 4 a 2. Doze minutos depois, veio a pressão do Tricolor, que, com Luís Fabiano, de cabeça, marcou o terceiro. Mas foi aí que Rogério Pinheiro, autor do segundo gol do time, foi de herói a vilão: ele marcou contra, aos 34, fechando a vitória do Mengão por 5 a 3.

— O primeiro jogo da final da Copa dos Campeões, entre

Flamengo

e

São Paulo

, foi o melhor da minha carreira. Driblei, fiz um gol e dei duas assistências. Joguei demais. Individualmente, foi um jogo épico para mim. O estádio estava lotado. Além de ter sido contra um gigante, que é o

São Paulo

. Foi um jogo épico que está na minha memória até hoje — disse.

Estádio Almeidão foi o palco do duelo entre Flamengo x São Paulo — Foto: Raelson Galdino / Rádio CBN
2 de 5 Estádio Almeidão foi o palco do duelo entre Flamengo x São Paulo — Foto: Raelson Galdino / Rádio CBN

Estádio Almeidão foi o palco do duelo entre Flamengo x São Paulo — Foto: Raelson Galdino / Rádio CBN

A trajetória até o título

A Copa dos Campeões foi um torneio disputado por apenas três temporadas, entre os anos 2000 e 2002. O campeão garantia vaga na Copa Libertadores da América do ano seguinte. E, no ano de 2001, a competição reuniu alguns dos principais campeões e vice-campeões estaduais e regionais do Brasil:


Flamengo


(campeão carioca),


Bahia


(campeão da Copa do Nordeste),


Corinthians


(campeão paulista),


Coritiba


(vice-campeão da Copa Sul-Minas),


Cruzeiro


(campeão da Copa Sul-Minas),


Goiás


(campeão da Copa Centro-Oeste),


São Paulo


(campeão do Torneio Rio-

São Paulo

),


São Raimundo-AM


(campeão da Copa Norte) e


Sport


(vice-campeão da Copa Nordeste).

O Mengão, inclusive, chegou à Copa dos Campeões após ter levantado a taça do Cariocão naquele mesmo ano, ao superar o


Vasco


com o emblemático gol de falta marcado por Petkovic aos 43 minutos do segundo tempo da decisão.

Na fase preliminar, Goiás, São Raimundo-AM e Sport se enfrentaram em um único turno, para definir dois classificados às quartas de final. Os amazonenses e os pernambucanos avançaram para se unir a

Flamengo

, Bahia, Coritiba, Corinthians,

São Paulo

e Cruzeiro

Nessa fase, o

Flamengo

encontrou o Bahia. No primeiro jogo, em João Pessoa, o Mengão derrotou a equipe baiana por 4 a 2. Reinaldo foi autor de dois gols: um aos seis minutos do primeiro tempo, e o outro, aos 11 da segunda etapa. No jogo de volta, em Maceió, o

Flamengo

saiu vitorioso mais uma vez: 2 a 0. Reinaldo, iluminado, foi o autor dos dois gols, aos 37 e aos 43 do primeiro tempo. Nos outros jogos, o Coritiba eliminou o Corinthians, o

São Paulo

passou pelo Sport e o Cruzeiro despachou o São Raimundo-AM.

Nas semifinais, o

Flamengo

encarou o Cruzeiro. No jogo de ida, em Maceió, a partida ficou no 0 a 0. No jogo de volta, em João Pessoa, o Rubro-Negro venceu o time mineiro por 3 a 0, com gols de Petkovic, Edílson e Beto. Já o

São Paulo

venceu o Coritiba nas duas partidas: 2 a 0 e 4 a 1. A final, portanto, foi do eixo Rio-

São Paulo

:

Flamengo

x

São Paulo

.

Flamengo foi campeão carioca de 2001 — Foto: Reprodução
3 de 5 Flamengo foi campeão carioca de 2001 — Foto: Reprodução

Flamengo foi campeão carioca de 2001 — Foto: Reprodução


Flamengo

e

São Paulo

se enfrentariam, portanto, em dois jogos para definir qual seria o campeão. O primeiro duelo seria, no Estádio Almeidão, em João Pessoa, na partida que, para Reinaldo, foi a melhor de toda a sua carreira. E, dentro de campo, jogadores que marcaram história no futebol brasileiro e mundial.



FLAMENGO



:

Júlio César, Alessandro, Juan, Gamarra e Cássio; Jorginho, Rocha, Beto e Petkovic (Maurinho); Reinaldo (Fábio Augusto) e Edílson.

Técnico:

Zagallo.



SÃO PAULO



:

Rogério Ceni, Belletti, Rogério Pinheiro, Jean e Gustavo Nery; Alexandre (Carlos Miguel), Douglas, Fábio Simplício e Souza (Kaká) (Júlio Baptista); Luís Fabiano e França.

Técnico:

Nelsinho Baptista.

Na jogo de volta da decisão da Copa dos Campeões, o

São Paulo

venceu o

Flamengo

por 3 a 2, no Estádio Rei Pelé, em Maceió. O Tricolor abriu o marcador com Kaká, mas o zagueiro Juan empatou ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, o Mengão virou o placar com Petkovic. No entanto, França, duas vezes, decretou a vitória são-paulina, em mais uma virada. Com a vantagem construída no primeiro jogo, o Rubro-Negro carioca superou o Tricolor no placar agregado e se consagrou campeão da Copa dos Campeões de 2001. O título garantiu a volta do

Flamengo

à Libertadores, algo que não acontecia desde 1993. Além disso, aos 69 anos e com uma carreira vitoriosa, Zagallo conquistava o seu primeiro título em Maceió, sua terra natal.

Relembrando aquela final e o melhor jogo da sua vida, Reinaldo ainda enfatizou sobre a qualidade técnica e individual que o time do

São Paulo

tinha na decisão da Copa dos Campeões de 2001.

— Eles tinham um timaço com Kaká, França, Luís Fabiano, Rogério Ceni, entre outros. Isso engrandeceu a conquista ainda mais — falou.

Bola de ouro em 2007, Kaká era um dos nomes do São Paulo em 2001 — Foto: Reprodução/SporTV
4 de 5 Bola de ouro em 2007, Kaká era um dos nomes do São Paulo em 2001 — Foto: Reprodução/SporTV

Bola de ouro em 2007, Kaká era um dos nomes do São Paulo em 2001 — Foto: Reprodução/SporTV

Resenha com Edílson Capetinha

Reinaldo lembrou ainda de uma resenha que teve com Edílson Capetinha após a vitória do

Flamengo

sobre o

São Paulo

na capital paraibana.

— A gente estava ganhando o jogo de 5 a 2, aí o

São Paulo

fez o terceiro gol. O Tricolor teve várias chances de empatar, mas o Júlio César agarrou muito naquele jogo. Eu estava com 20 anos em 2001, e sentava atrás do Edílson, aí eu falei assim: “Pô, Capetinha, será que vamos ganhar o próximo jogo em Maceió? Os caras são bons. Cresceram no jogo e ganharam confiança”. Aí ele disse: “Garoto, fica tranquilo, que eu vou resolver. Joga a bola em mim que eu sou acostumado com esse tipo de decisão”. Foi uma resenha boa. Depois chegaram Petkovic e ele. Resolveram mesmo. Muito bom jogar com eles dois. Tinha os atritos deles dois, mas são dos jogadores mais decisivos com quem joguei na minha carreira — lembrou.

Naquele time do

Flamengo

, o comando técnico contava com Zagallo, um dos nomes mais lendários da história do futebol brasileiro. O currículo do Velho Lobo conta com os títulos de campeão das Copas de 58 e 62 como jogador, 70 como treinador e 94 como auxiliar técnico. Para Reinaldo, ter sido treinado por Zagallo foi algo único em sua carreira.

— A preleção que o Zagallo fez para aquele jogo foi memorável. Ele disse que era um honra estar ali dirigindo aqueles atletas do

Flamengo

em uma final tão importante, que era a Copa dos Campeões. Disse ainda que a gente tinha que estar ali para ganhar. No vestiário, ele disse: “Final não se joga, final se vence”. Zagallo é uma lenda viva, dirigiu a Seleção de 70 — lembrou.

Zagallo era o treinador do Flamengo na conquista de 2001 — Foto: Agência O Globo
5 de 5 Zagallo era o treinador do Flamengo na conquista de 2001 — Foto: Agência O Globo

Zagallo era o treinador do Flamengo na conquista de 2001 — Foto: Agência O Globo

Carinho dos flamenguistas da Paraíba

Por fim, Reinaldo lembrou da forma como os torcedores rubro-negros paraibanos recepcionaram o

Flamengo

em João Pessoa, dias antes de a bola rolar para o jogo de ida da decisão da Copa dos Campeões.

— Os torcedores flamenguistas foram memoráveis para mim. Eu acho que nunca vi um carinho parecido com o do torcedor paraibano com os jogadores do

Flamengo

. Os torcedores brigavam para ter meião, short, alguma lembrança dos atletas. Aquilo me marcou muito. É um carinho grande que o torcedor nordestino tem, em especial o paraibano. Toda vez que venho a João Pessoa, eu lembro da véspera do treino para a final contra o

São Paulo

. Zagallo abriu os portões para os torcedores, e a torcida do

Flamengo

invadiu o treinamento. Tiveram quatro garotos que participaram do treino. Sempre que estou na Paraíba, lembro do momento em que realizamos os sonhos daqueles garotos. Jogar uma bola com eles, tirar foto conosco e viver todo aquele momento. Foi incrível poder realizar os sonhos daquelas quatro crianças e de todos os torcedores que estavam presentes — finalizou.

Quando saiu do

Flamengo

, o destino de Reinaldo seria o velho continente. A negociação envolveu o ex-atacante Adriano, que estava a caminho da Inter de Milão, e o volante Vampeta, que rumou para a Gávea. Reinaldo, no entanto, sequer chegou a atuar na Itália. O vínculo do atleta foi dividido com o Paris Saint-Germain. No fim das contas, o seu destino final acabou sendo o rival do clube carioca na decisão da Copa dos Campeões: o

São Paulo

. Adquirido por empréstimo, ele ficou dois anos defendendo as cores do clube paulista. De acordo com Reinaldo, a partida que ele fez contra o próprio Tricolor do Morumbi, em João Pessoa, motivou o Soberano a contratá-lo.

— Eu acho que foi por causa desse jogo que os dirigentes do

São Paulo

quiseram me contratar. Eu joguei demais. Chamei atenção dos dirigentes do Tricolor. E, por coincidência, eu estava vestindo a camisa do

São Paulo

no ano seguinte. E graças a Deus eu fui muito bem — comentou.

*estagiário, sob supervisão de Cadu Vieira.

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