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quatro anos depois, ninguém foi julgado pelas mortes dos dez adolescentes


Em oito de fevereiro de 2019, um incêndio no alojamento das divisões de base do Centro de Treinamento George Helal matou dez adolescentes entre 14 e 16 anos, mas também deixou três feridos. Outros 13 jovens conseguiram escapar praticamente sem ferimentos. Eram todos atletas do Flamengo, mas a maioria de fora do Rio de Janeiro. Por isso dormiam no container convertido em dormitório.

Morreram Athila Paixão, de 14 anos; Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos; Bernardo Pisetta, 14 anos; Christian Esmério, 15 anos; Gedson Santos, 14 anos; Jorge Eduardo Santos, 15 anos; Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos; Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos; Samuel Thomas Rosa, 15 anos; Vitor Isaías, 15 anos.

Três jovens ficaram feridos: Cauan Emanuel Gomes Nunes, 14 anos; Francisco Dyogo Bento Alves, 15 anos; Jhonatan Cruz Ventura, 15 anos. Dos três, Jhonatan foi o caso mais grave, pois as queimaduras atingiram cerrca de 35% do seu corpo.

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Justiça se arrasta quatro anos após incêndio no CT do Flamengo

Quatro anos, ou 1460 dias depois, ninguém está na cadeia. A justiça brasileira, como de costume, se arrasta e impõe aos sobreviventes, familiares e amigos das vítimas o sofrimento inaceitável de não ver um fim para o pior dia de suas vidas.

Em 2021, onze pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. São eles:

  • Eduardo Bandeira de Mello – ex-presidente do Flamengo
  • Márcio Garotti – ex-diretor financeiro do Flamengo
  • Carlos Noval – ex-diretor da base do Flamengo, atual gerente de transição do clube
  • Luis Felipe Pondé – engenheiro do Flamengo
  • Marcelo Sá – engenheiro do Flamengo
  • Marcus Vinicius Medeiros – monitor do Flamengo
  • Claudia Pereira Rodrigues – NHJ (empresa que forneceu os contêineres)
  • Weslley Gimenes – NHJ
  • Danilo da Silva Duarte – NHJ
  • Fabio Hilário da Silva – NHJ
  • Edson Colman da Silva – técnico em refrigeração

Atualmente, três processos correm em separado. No primeiro, oito pessoas, incluindo o ex-presidente do Flamengo e hoje deputado federal, Eduardo Bandeira de Mello, respondem por incêndio culposo qualificado, ou seja, quando não há intenção de pôr fogo em um local, assim como pôr em risco a integridade física de outras pessoas.

O segundo processo envolve o monitor do Flamengo, que foi absolvido. O terceiro trata do ex-engenheiro do clube, que não teve a denuncia aceita. Em maio de 2021, o MP recorreu nos dois casos e desde então eles correm em separado. Em nenhum dos três, há previsão de julgamento.

Fogo iniciou no ar-condicionado do alojamento

De acordo com a investigação policial, o fogo no container iniciou na fiação elétrica do sistema de ar-condicionado. O espaço estreito com poucas vias de saída, mas também a abundância de materiais inflamáveis fizeram o fogo se espalhar rapídamente e tornaram a fuga difícil.

Em um detalhe cruel, o alojamento improvisado no container transformado em dormitório não era para existir. Desde novembro de 2018, com a inauguração do CT profissional, o antigo módulo, inaugurado em 2016, passaria a servir aos atletas da base. A transferência já estava em curso. Aliás, o container dormitório não constava no projeto entregue e aprovado pela prefeitura do Rio de Janeiro. A área era designada como estacionamento e não tinha documentação.

Quatro anos depois da tragédia, o Flamengo já pagou indenizações extra-judiciais às famílias de nove dos dez adolescentes mortos em oito de fevereiro de 2019. Apenas os familiares do goleiro Christian Esmério ainda não chegaram a um acordo com o clube. O Rubro-Negro, nem as famílias revelam os valores pagos.

Mesmo tendo pago as indenizações extra-judiciais, o Flamengo ainda briga contra uma ação da Defensoria Pública do Estado (DPRJ), que exige o pagamento de pensões às famílias. Em junho de 2022, tal ação estava a caminho do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.

Apenas dois sobreviventes ainda jogam no clube

Além dos dez adolescentes mortos, outros 16 conseguiram escapar com vida, sendo que três ficaram feridos. Desses 16, poucos ainda estão no Flamengo. Em 2020, o clube dispensou cinco dos sobreviventes. Saíram Felipe Cardoso, João Vitor Gasparin Torrezan, Naydjel Callebe Boroski Struhschein, Wendel Alves Gonçalves e Caike Duarte Pereira da Silva.

No início de 2022, apenas quatro sobreviventes ainda estavam nas categorias de base do Flamengo. Eram eles o goleiro Francisco Dyogo Alves, o volante Rayan Lucas, mas também o atacante Samuel Barbosa e o atacante Filipe Chrysman. Dos quatro, Samuel hoje está no Itapirense-SP e Filipe está no Guarani. Dyogo e Rayan fazem parte da equipe Sub-20 rubro-negra

Em fevereiro de 2022, portanto três anos após o incêndio, o Flamengo ergueu uma capela ecumênica no Ninho do Urubu, justamente no local onde ficava o container transformado em dormitório. Além da capela, o clube não carrega nenhuma homenagem aos garotos em seu uniforme. Da mesma forma, o clube não reservou o dia oito de fevereiro como dia de luto eterno, pois atua normalmente na data caso o calendário do futebol assim determine.

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