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Por que Rodinei ainda está no Flamengo e o que isso diz de nossa organização interna?


Lateral-direito é uma das posições mais complicadas do futebol sul-americano atualmente. Por aqui no Brasil, basta ver a longevidade de Yago Pikachu, que sempre foi mais ala do que lateral, e Marcos Rocha, mesmo com dificuldades pela idade, mandando ver no Palmeiras. Não é de hoje esta situação.

Por exemplo, o tempo que um certo Léo Moura teve com a camisa 2 rubro-negra e ainda esticou um tempinho em Grêmio e Santa Cruz. Por isso, quando em dezembro de 2015 o Flamengo contratou um certo Rodinei para a posição que então tinha apenas o esforçado Pará (o bom e velho moicano estava parado depois de abandonar seu clube nos Estados Unidos numa confusão inacreditável), me pareceu uma grande ideia.

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Naquele momento, acredite você ou não, Rodinei parecia mesmo o jovem lateral-direito mais promissor do futebol brasileiro. Com 23 anos, não era mais garoto mas ainda era bem jovem, vinha da Ponte Preta e havia mostrado alguma coisa no Campeonato Brasileiro de 2015: velocidade e força física, com uma aparente margem de crescimento. Nunca me pareceu um jogador técnico, mas é sempre possível evoluir em posicionamento – e fôlego não era problema – ou cruzamento, que é um fundamento que se aperfeiçoa com treino.

O final da história, queria dizer que você já sabe qual foi. Mas a real é que ainda estamos esperando esta jornada chegar ao fim.

De 2016 para cá, Rodinei alternou a titularidade com Pará durante um bom tempo, o que já indicava que alguma coisa não estava indo bem. Mesmo depois do primeiro ano e quando o sucessor de Léo Moura já mostrava sinais de declínio, o atleta melhor humorado do elenco não dava sinais de que assumiria a posição embora sempre fosse elogiado por todos os treinadores que passassem pelo Ninho do Urubu. Afinal, vamos lembrar: ele tinha velocidade e força física bem acima da média e técnica o suficiente para dar a impressão que poderia crescer na posição.

Era só uma questão de tempo. E o Flamengo deu tempo ao Rodinei. Com um rendimento nem tão inferior assim ao concorrente, Pará não teve o contrato renovado, o que deixou ainda mais espaço para o atleta. Será que agora vai? Nada feito. Chegou Rafinha, o maior lateral-direito do Flamengo no século 21, e Rodinei foi definitivamente para o banco como reserva, o que ajudou a torcida a esquecer um pouco da (falta de) evolução dele, mesmo com velocidade e força física bem acima da média, continuava cometendo sempre os mesmos erros defensivos.

Ao final do ano, Rodinei foi emprestado para o Internacional, onde demonstrou as mesmas qualidades e só não ficou por lá porque o Flamengo – corretamente, diga-se – exigiu pagamento acordado em contrato pelo jogador. De volta, Rodinei mostrou os mesmos defeitos para Rogério Ceni que já havia exibido para Jorge Jesus, que, curiosamente, achava que o grande problema dele era falta de confiança. Tem quem ache que é justamente o contrário, mas deixa isso para lá.

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E depois da inesquecível passagem de Renato Gaúcho, foi outro Mister que deu novas chances ao nosso já veterano lateral-direito. Quem pode culpar Paulo Sousa? Afinal, Rodinei tem força e velocidade acima da média e parece que tem tudo, tudo, tudo para melhorar tecnicamente. É só dar um tempo. Será que é só isso?

Desde que o ex-jogador da Ponte-Preta e atleta promissor chegou à Gávea, o Flamengo teve três diretores de futebol, três ou quatro vice-presidentes e dez treinadores. Isso significa que Rodinei já viu passar diferentes líderes e foi avaliado por diferentes critérios. Até que ponto é justo um treinador que chega hoje julgar um jogador por erros que não foram sob seu comando? É bem normal que cada profissional reavalie os jogadores começando do zero. Mas será que precisava ser assim?

rodinei flamengo são paulo brasileirão 2022
Foto: Marcelo Cortes / Flamengo

Em primeiro lugar, não é razoável que o Flamengo de 2018 para cá teve onze treinadores (Rodinei perdeu a curta passagem de Domenèc Torrent) e querer que cada um esteja completamente informado sobre cada jogador. Até porque eles não sabem quanto tempo vão continuar mesmo…

E fora isso, mesmo com essas trocas o Flamengo poderia construir sua própria memória e inteligência do departamento. Ter gente qualificada capaz não só de informar o treinador, mas até mesmo tomar decisões importantes demais para alguém que pode sair para treinar um clube europeu ou dirigir uma seleção. Uma pessoa com este cargo já saberia que o ciclo de Rodinei se repete em todas as temporadas sem que ele evolua tecnicamente. Mantê-lo no elenco com um novo treinador é esperar um filme diferente para um enredo que sempre se repete.

Aliás, o próprio Flamengo é pródigo em repetir histórias também. Tomara que 2022 repita a de 2019, com ou sem Rodinei.

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