Aconteceu de novo. A terceira vez consecutiva, agora no Estádio Nílton Santos. O mesmo que em Itaquera e no Maracanã.
Flamengo domina, empurra o Fluminense para o campo de defesa, cria as melhores situações. Mas não traduz a superioridade no placar, muito pela entrega total dos tricolores no trabalho defensivo para não sofrer gols.
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Nas duas últimas vitórias rubro-negras, a ida para o intervalo foi com vitória parcial de 2 a 0. Ao longo do tempo, o Flu aprendeu que empurrar a decisão da partida para o segundo tempo significa maiores chances de aproveitar o cansaço e a desconcentração do rival.
Poderia ter sido diferente desta vez, mas o VAR auxiliou a arbitragem de campo para marcar o impedimento de Gabigol na segunda etapa. Assim como chamou o fraquíssimo Alexandre Vargas de Jesus no início da partida para anular um pênalti que nem precisava de replay para notar que o braço do zagueiro Nino estava colado ao corpo.
Mas o Flamengo não foi melhor que o adversário na volta do intervalo. O 3-4-2-1 perdeu coordenação com as substituições e o Fluminense cresceu no meio-campo com o avanço de Felipe Melo, Marinho pouco criou pela direita e Vitinho, que poderia novamente ser um escape à esquerda, como na estreia dos titulares contra o Boavista, foi expulso em briga tola com Calegari.
As discussões, aliás, foram a tônica do clássico. Até pelo “combo” de rivalidades. Dos últimos duelos, mas também a que Felipe Melo e William Bigode trouxeram do Palmeiras e Abel Braga carrega ainda pelas críticas por 2019 não engolidas e a disputa do Internacional que comandou com os rubro-negros pelo título brasileiro em 2020.
Talvez tenha faltado controle emocional, como Paulo Sousa ressaltou na coletiva pós-jogo. Deveriam ter caído na pilha certa, transformando o “você é meu vice!” de Felipe Melo para Diego Ribas em indignação e contundência para resolver a partida quando teve chance.
Mas o Flamengo vive uma espécie de “Dia da Marmota”, em referência à saga vivida pelo personagem de Bill Murray no clássico “Feitiço do Tempo”. Sempre o mesmo roteiro: pressiona o Flu, acredita que o gol vai sair a qualquer momento, falha no segundo tempo e sai derrotado. Agora os “vilões” foram Isla, que permitiu que o colombiano Jhon Arias recebesse o cruzamento às suas costas, e o goleiro Hugo Souza, que não conseguiu impedir que uma cabeçada fraca entrasse.
Paulo Sousa carrega a responsabilidade da escalação inicial, da manutenção na volta do intervalo – para substituir aos seis minutos da segunda etapa, com medo da expulsão do atleta – e, principalmente, dos elogios desmedidos a Diego na coletiva.
É compreensível a diplomacia do treinador e também a gestão de grupo no trato com a principal liderança no vestiário. Ainda assim é difícil observar o português, que foi ótimo meio-campista, insistir em 2022 com um meia que simplesmente não entrega um passe de primeira para frente. Que os quase 37 anos tiraram intensidade e fazem o camisa dez chegar frequentemente atrasado nas disputas.
Nada acrescentou como meia pela direita, ao lado de Arrascaeta, outro que jogou muito mal para o próprio alto nível, e atrás de Gabigol no trio de “adiantados”. Para piorar, Rodinei, outra surpresa como titular e Isla e Matheuzinho no banco, pouco produziu no setor e inverteu o problema da estreia: desta vez o lado esquerdo foi mais prolífico que o direito.
Por mais que se entenda o planejamento de equilibrar o elenco nos aspectos físico, incluindo minutagem, e tático, talvez tenha faltado alguém acima de Paulo Sousa para explicar o contexto atual do Fla-Flu. Na prática, é o único jogo realmente grande do Carioca. O único adversário envolvido com Série A e Libertadores. Com retrospecto recente favorável no confronto direto. Era para colocar o melhor e revezar depois – Pedro ficar no banco durante 90 minutos foi um desafio à lógica.
Agora ficará com um início de pressão para a Supercopa do Brasil, no dia 20. Porque tropeçou e caiu cedo na “vala comum” de Rogério Ceni e Renato Gaúcho, como mais um técnico derrotado em Fla-Flu.
Comentarista, Paulo Sousa, tropeça, Fla-Flu
21 visitas – Fonte: Blog André Rocha
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