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Olivinha e Gustavo De Conti contam detalhes da trajetória do Flamengo até o bi mundial em coletiva


Os jogos fantásticos que levaram o FlaBasquete ao bicampeonato mundial a Nação já assistiu. Mas todos os caminhos tomados pela equipe na preparação até chegar ao momento de levantar a taça, os rubro-negros puderam conferir na entrevista coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (17), no auditório Rogerio Steinberg, na sede social da Gávea.

O técnico Gustavo De Conti e o capitão Olivinha, que também foi campeão mundial pelo Mais Querido em 2014, falaram detalhes sobre a trajetória até a Copa Intercontinental, revelaram o orgulho que sentem por defender o Flamengo e se declararam para a Nação Rubro-Negra.

Leia abaixo as respostas na íntegra ou clique no vídeo para conferir a transmissão da FlaTV!


Olivinha, capitão da equipe:

– Tivemos uma reformulação muito grande da última temporada para essa agora, perdemos jogadores importantes, mas a comissão técnica, junto à diretoria, fez um ótimo trabalho, contratando jogadores de qualidade. Deu certo essa química, perdemos alguns jogos, faz parte, mas temos um trabalho muito grande para termos entrosamento o mais rápido possível. O entrosamento chegou na hora certa, no principal objetivo que a gente tinha, que era o Mundial. Foram dois jogos incríveis que não demos chance ao adversário. Agora temos ainda Champions e NBB pela frente e faremos de tudo para buscar essas duas competições. Ganhamos o bi mundial, mas já estamos pensando no tri! A partir de amanhã já voltamos com tudo aos treinamentos.

– Sabíamos que era o principal objetivo da temporada e eram apenas dois jogos. Então entramos com um foco gigantesco, também por um grande trabalho da comissão técnica. Confesso que não tinha muitas informações dos adversários e recebemos vídeos mastigadinhos da comissão técnica antes dos jogos e não demos chance pros adversários. Durante a temporada tivemos alguns apagões durante os jogos e nesses não tivemos nenhum. Era nossa chance de ficar para a história.

– A qualidade é bem semelhante de uma equipe para outra, não vejo muita diferença entre a de 2014 e 2022. Talvez nos torneios a diferença foi jogar em casa em 2014 e agora fomos buscar lá no Egito. São jogadores com passagem pela seleção brasileira, estrangeiros com passagens pelas seleções dos países deles… Não vejo muita diferença, particularmente.

– Para mim é um orgulho muito grande estar escrevendo essa história com o Flamengo. Sou cria do clube, jogo no maior clube do Brasil, que me oferece a melhor estrutura do Brasil. Sou do Rio, jogo ao lado da minha família, dos meus amigos. Para mim está perfeito. Eu sou movido a desafios e a cada temporada esses desafios se renovam. Quero muito sempre estar ganhando. Apesar de ter 38 anos e ter vencido praticamente tudo com o Flamengo, sempre tem uma motivação a mais, sempre tem algo a ser conquistado. Trabalho muito todos os dias e no final da temporada a recompensa é muito grande. Ganhar um título pelo Flamengo é uma repercussão gigantesca. Sou o único atleta no Brasil a ter um bi mundial jogando pelo mesmo clube. É uma honra e sempre tenho muita motivação. Ainda tenho muita coisa a ganhar e trabalho duro não vai faltar.

– Trabalho duro todos os dias, fico depois do treino trabalhando todos os dias. Durante todo o meu tempo aqui no Flamengo minha conduta foi essa: quanto mais trabalho, mais sucesso eu tenho. Esse ano fui um dos destaques da nossa equipe, fui cestinha, isso mostra o trabalho que eu venho fazendo todos os dias. Sem dúvida essa receita vem dando certo nos últimos anos.

– Para mim é uma honra (estar entre os maiores do clube). Depois desse título, recebi muitas mensagens, pessoal me elogiando muito. É um orgulho muito grande esse reconhecimento e esse carinho do torcedor. Agradeço a todos e isso me motiva cada vez mais. Estamos no caminho certo. Deixo para a torcida falar onde estou no meio de tantos ídolos rubro-negros. Não gosto de ficar falando disso, gosto de receber o carinho dos torcedores. Deixo para eles!

– Eu realmente sou torcedor fanático e sempre que posso estou no Maracanã apoiando o futebol. Sem dúvida estou na torcida para a gente conquistar esse bi mundial no futebol.

– No dia do jogo, coloquei um vídeo para eles com a final da Libertadores de 2019. Quando vi aquele vídeo, já fico até arrepiado aqui só de falar. Aquele jogo, virada no final, não desistir nunca, transmite uma energia pra mim… Coloquei isso para o grupo e fomos para o jogo unidos, para “matar” os caras. Desde o início colocamos uma intensidade muito grande, os caras “não sabiam onde estavam” e a gente passando por cima. Sempre falo que temos que entrar com a energia grande e o foco da nossa equipe foi absurdo. Apesar de capitão, não sou o único líder do time, nosso grupo é aberto para todo mundo falar e expor sua opinião sempre em prol do grupo. Esperamos que continue assim até o fim do temporada.

– Para mim é um orgulho fazer parte dessa história grandiosa do Flamengo. Já passei aqui em outras fases do clube e agora estamos aí ganhando título atrás de título. Quem acompanha vê que está crescendo cada vez mais o basquete no clube. Podem acompanhar nas redes que está sempre todo mundo mandando mensagem querendo saber da modalidade e ainda tem muito espaço para continuar crescendo.

– Nossa equipe tem uma qualidade muito grande. Antes do mundial, quase nunca foi o mesmo jogador que se destacou nos jogos. Todos têm seu momento. A gente sabia que ia ser assim. Acredito muito no trabalho que foi feito e deu tudo certo. Entramos com um foco e uma atitude de equipe vencedora. Sabíamos que queríamos jogar e ganhar. Não tem um jogador na equipe que o ego fale mais alto. Na nossa equipe jogamos conforme o jogo pede.

– Sou muito grato a todos que nos acompanham, vão aos jogos, nos apoiam. Tivemos chuva de mensagens em nossas redes sociais antes do Egito, falando que acreditavam na gente. Saibam que essas mensagens foram superimportantes, agradeço por tudo que fazem por nós e a toda torcida sempre. Quando a gente está em quadra a gente se mata por vocês, pela Nação Rubro-Negra, que está sempre do nosso lado. Podem ter certeza que vamos nos matar para conquistar todos os títulos que disputarmos.


Gustavo De Conti, técnico:

– Uma das coisas que mais ouvi das pessoas foi do foco, da concentração dos jogadores. Jogamos contra times fortíssimos e a gente não esperava que as palavras mais usadas no dia seguinte da conquista para falar sobre nossos jogos fossem “dominante”, “absoluto”… Foi uma diferença muito grande (do Flamengo para os adversários) e isso é muito devido à nossa preparação mas, principalmente, à liderança do Olivinha, do Balbi, do Faverani, que se mostrou um cara fenomenal nessa questão, no mundial. Esse foco e essa concentração foram muito decorrentes de um trabalho deles com eles mesmos, com um pouco de ajuda nossa, mas principalmente deles.

– Olivinha tem quase a minha idade (risos). Comecei cedo como técnico, mas queria mesmo ter sido jogador. Não consegui ser atleta, mas queria continuar no basquete e me tornei treinador. Estou no maior clube do Rio, do Brasil, e agora do mundo né. Não caí de paraquedas aqui, comecei na base. Procuro não ligar muito para isso (nome ventilado na Europa e na NBA). Minha ideia é ficar aqui (no Flamengo). Sonhei tanto em estar aqui e agora que estou não é momento de pensar em ir pra outro lugar. Deixo essas coisas mais para frente, quero ficar muito tempo aqui ainda e espero ganhar muitos mais títulos pelo Flamengo.

– Agradeço à nossa diretoria, nosso vice-presidente Guilherme Kroll, nosso diretor Marcelo Vido, nosso gerente Diego Jeleilate, o pessoal de Comunicação e Marketing, nossos patrocinadores, vou citar eles: BRB, Tim, Pixbet, Moss, ABC da Construção, o Governo do Estado do Rio de Janeiro. A preparação não foi fácil, foi muito dura e sofreu muitas críticas. Mas eu, a comissão técnica, a gente tinha certeza que tinha montado uma equipe internacional que sofre por arbitragem diferente, estilo de jogo de outras equipes diferente… Mas eles mostraram que são jogadores internacionais e quando precisamos deles em jogos gigantes eles entregaram. Eu como treinador tinha a certeza na minha cabeça de que ia dar certo nesses jogos internacionais. Agora vamos jogar o NBB, pode ser que taticamente algumas mudanças aconteçam. Não vou falar que usamos o NBB para treinar para o Intercontinental porque seria desmerecer uma competição que é muito importante para nós, mas talvez tenhamos sacrificado um pouco o NBB para podermos formatar o time para os jogos do Intercontinental. Também agradeço a todos que estiveram na conquista da Champions, que proporcionaram essa conquista mundial, todos que estavam com a gente foram muito importantes e estamos aqui em decorrência deles também.

– As derrotas são muito importantes porque às vezes aprendemos mais com elas do que com vitórias. A gente nunca quer perder jogos, sem desmerecer ninguém, mas nossa maior questão estava no mundial. Os treinos e a preparação poderiam ter sido diferentes nesses jogos, mas nosso ponto focal estava no Intercontinental. A diretoria do Flamengo deu um show, teve paciência, recebi muitas críticas (externas) como treinador mas muito apoio da diretoria no meu modo de pensar. Todo esse conjunto de fatores convergiu para que a gente fosse campeão mundial.

– Vejo que a camisa está completamente tomada em todos os espaços de patrocínio e isso mostra a potência que é o Flamengo hoje. Se alguém quiser entrar vai ter que negociar com alguém para sair. Nem sempre foi assim, estava conversando com o Bernardo, diretor de Comunicação, e o basquete do clube acabou de completar 100 anos ininterruptos. O basquete do Flamengo não é só agora. Estamos neste momento de celebração depois de muita história. É muita tradição, muitas pessoas passaram por aqui, em momentos difíceis, que não havia muito recurso, havia problemas com salários. E nunca acabou o basquete. Os alicerces são muito fortes, existe muita coisa. Temos que conhecer a história de todos que passaram aqui e fizeram o basquete ser o que é hoje.

– Para manter a gana de vencer é necessário entender uma tradição muito grande. Quem sou eu, que cheguei há três anos, para me contentar com o que já temos. Nossa ideia (do Gustavo e do Flamengo) convergia quando chegamos, essa ideia de transformação do basquete do clube, de voltar a conquistar títulos. Esse slogan “Até o final”, que usamos nessa temporada, é algo que tenho muito, que o Olivinha tem muito. O dia em que a gente estiver conformado, é melhor a gente parar e fazer outra coisa. Estamos em um esporte coletivo. Se não estamos com gana de vencer, estamos matando o sonho de alguém que está do nosso lado.

– Não esperava um domínio tão grande, esperava jogos equilibrados, mas nos preparamos demais para esse campeonato. Tanto na logística como técnica e taticamente. Às vezes até abrimos mão de análises de equipes do NBB para focar na análise do Lakeland e do Burgos. A gente sabia tudo sobre eles. Botei todo o staff do Brooklyn Nets, onde trabalhei na Summer League, para auxiliar nessa análise, falei com amigos na Espanha (para estudar o Burgos)… Foi um planejamento muito grande. Me parece que o Paulo Sousa (técnico do futebol) é muito aberto a saber o que está acontecendo, a trocar ideias. Já respondi a mensagem que ele enviou pra gente, conversei com ele. Eles (futebol) estão em uma semana de preparação muito importante com a final no domingo (da Supercopa), mas depois vamos, sim, nos encontrar.

– Significa demais para mim, não sei nem traduzir em palavras. Quando fui apresentado, subi aquela escadinha (da entrada do clube) e vi as fotos dos jogadores (dos times campeões mundiais de futebol e basquete em tamanho real). Não é uma cobrança (risos), mas fiquei imaginando nossa foto ali, minha filha colocando o rostinho dela ali… Não tem preço que pague chegar em casa e ver minha filha usando a medalha. Talvez o que me deixou mais satisfeito além do título foi ver essa autonomia dos jogadores. A comissão técnica só administrou e se cuidou para não atrapalhar eles. O foco, as questões deles, eu falava para o Fernando (Pereira, auxiliar): “é só a gente não atrapalhar”. No NBB, o time estava engasgando algumas vezes, mas lá foi tudo bem. Tem dia que quero matar ele, tem dia que ele (Olivinha) quer me matar, tem dia que chego em casa e brigo com a minha mulher por causa do treino, a gente briga com a diretoria, a diretoria briga com a gente (risos), mas claro nunca pelo lado pessoal. Mas tudo vale a pena no final e muitas vezes nem lembramos de todos os sacrifícios que fizemos.

– Não costumo falar muito dos jogadores individualmente, mas acho que ele merece. Chegamos a jogar juntos no Paulistano antes dele ir pros EUA. Ele foi um dos primeiros a ser contratado, com a saída do Hettsheimeir. Quando entrei em contato, ele falou que não imaginava que viria para o Flamengo na idade dele e me falou que ia se preparar. Ele não se acomodou, buscou até preparador físico particular, juntamente com o nosso, Bruno (Nicolaci). Ele recebeu muitas críticas, ao meu ver, injustas, todas. E agora ele está marcado na história do Flamengo. Quando olhei para trás e vi ele chorando, pensei “ganhamos” (risos). Ele é um cara contido, então se ele já estava chorando é porque estava acontecendo (risos). Quando ele parar de jogar, quero ter ele sempre por perto, ele é, acima de tudo, uma pessoa que vale muito estar sempre perto da gente.

– Nos dois jogos fomos muito organizados, não tinha ninguém querendo aparecer mais que o outro, e cada um fez muito bem sua função. Todo mundo fala muito de pontos, mas sempre dou exemplos de atletas que às vezes são muito importantes para a gente sem fazer nenhum ponto, como o Mineiro, o Jhonathan (Luz, ex-atleta do Flamengo) na última temporada. Nos doamos muito na defesa, eles (Burgos, adversário da final) fizeram apenas 62 pontos. Ontem, fizeram 104 contra uma equipe que vinha invicta há cinco jogos. O Diego (Jeleilate, gerente de basquete) entrou em uma preleção e falou um dia para os jogadores: “Vamos pegar uma caixinha e botar todas as coisas ruins nessa caixinha. Vamos deixar de lado, botar dentro do cofre do hotel, e deixar lá. No final a gente pega de volta”. Isso resume bem a limpeza de mente que fizemos, deixar nossos problemas pessoais, nossos egos de lado e pensarmos, acima de tudo, coletivamente.

– Quando resolvi ser treinador de basquete, não foi por fama e confesso que sou meio avesso a dar entrevista, ser reconhecido na rua. Mas aqui no Flamengo aprendi que faz parte e é um privilégio que isso aconteça. Podemos ajudar muitas pessoas mas, sendo um pouco egoístas, também podemos receber muito carinho. Faz muito bem esse apoio e para mim é um privilégio estar aqui. Estou muito realizado com essa oportunidade e tenho que aproveitar ao máximo estar aqui no Flamengo. Todos os dias que eu acordo me sinto na obrigação de retribuir. E a forma que posso é com título, vitória. E sempre vamos buscá-los para retribuir.


Diego Jeleilate, gerente de basquete:

– Agradeço o apoio da Nação, dos atletas, da diretoria, da FlaTV, todos que acompanharam a gente no Egito. É um orgulho a vitória, o sucesso, mas o principal é saber que tudo que a gente vem buscando é muito recompensado quando vemos o produto final. Temos muita coisa legal pela frente. Principalmente aos atletas, o show em quadra foi deles.


Marcelo Vido, diretor-executivo de Esportes Olímpicos:

– Ganhar pelo Flamengo é diferente em tudo. Tive o prazer de ganhar como atleta pelo Sírio, mas com o Flamengo não tem igual. A bola não entra na cesta por acaso e tem muito trabalho por trás, de muita gente, diversos departamentos. A importância do nosso departamento médico, ainda por cima em uma pandemia que ainda vivemos. O primeiro jogo que a equipe jogou completa nesta temporada foi na final do mundial. Nós merecemos esse título. Fomos campeões do NBB, da BCLA, nós merecemos estar lá no Egito e depois, pelo que foi apresentado, merecemos o título, e ele é de todos nós.


Guilherme Kroll, vice-presidente de Esportes Olímpicos:

– Tem tanta coisa para falar, vou tentar resumir. O Marcelo foi muito feliz em citar o departamento médico. O Faverani veio se recuperar aqui no Flamengo. Voltou ao basquete de intensidade. Ele confidencia pra mim que tem dia que quer matar o Yago pq ele corre demais (risos). Mas conseguiu recuperar o reflexo, a mobilidade, é incrível o trabalho feito pelo CUIDAR. Tem que ser muito enaltecido também o trabalho do Jeleilate, a montagem do elenco, a sintonia com o Gustavo. A disciplina e a organização do Flamengo impressionam atletas que vêm de locais até com mais apoio ao esporte. O trabalho do Marcelo Vido é único, toda inteligência dos Esportes Olímpicos é DNA do Marcelo Vido e isso é claro e irrefutável. O somatório de tudo que falei foi o que transformou o Flamengo em bicampeão mundial.

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