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O bom duelo entre Paulo Sousa e Abel Ferreira


Cercados de muita expectativa, Paulo Sousa e Abel Ferreira se confrontaram pela primeira vez no Brasil, sob o comando de Flamengo e Palmeiras.

Apesar do clássico nacional ter terminado sem gols, o duelo foi marcado por um desempenho em alto nível de ambas as equipes. Nesse sentido, os dois treinadores portugueses foram protagonistas de um embate de propostas antagônicas.

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Palmeiras tem bom início de jogo

Contrariando a expectativa da maioria, o Palmeiras iniciou o confronto contra o Flamengo sendo agressivo sem bola. Abel Ferreira buscou dificultar a saída de bola proposta por Paulo Sousa realizando encaixes individuailizados na primeira fase de construção rubro-negra já estabelecida em “3+2”.

Rony e Dudu eram responsáveis por subir pressão respectivamente em Arão e Filipe Luís. Scarpa cuidava dos avanços de Isla pela direita, enquanto Raphael Veiga e Zé Rafael, em dupla, ora pressionavam David Luiz e João Gomes, ora deixavam David Luiz livre para pressionar Thiago Maia.

Flamengo em organização ofensiva no início da primeira etapa

O Flamengo teve dificuldades iniciais para lidar com a marcação em bloco médio/alto palmeirense e conseguir avançar no campo. Como resultado, o Mais Querido ou forçava passes longos sem sucesso ou perdia a posse.

Com a bola nos pés, o Palmeiras também fazia uma saída de três, com Marcos Rocha mais próximo da dupla de zaga. Piqueréz tinha liberdade para se associar com Scarpa pelo corredor lateral esquerdo e gerava bastante incômodo para Isla. Sendo necessário que Everton Ribeiro recompusesse pelo setor no meio para auxiliar o lateral-direito chileno.

Pela direita, Dudu buscava entrar em situação de 1×1 com Filipe Luís. Por muitas vezes o atacante recebia a ajuda de Veiga gerando apoios, ora para acionar o meia em zona de finalização, ora para ele próprio ser acionado no último terço.

Flamengo em organização defensiva na primeira etapa

Aos 17 minutos da primeira etapa, após boa transição ofensiva iniciada pelo goleiro Weverton, Veiga teve boa chance de abrir o placar após ser acionado por Dudu, mas Hugo saiu bem do gol e dificultou a finalização. Três minutos depois, Dudu finalizou com perigo após boa trama com Raphael Veiga pela direita.

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Em transições, Flamengo se torna superior ao longo da primeira etapa

Numa postura mais conservadora, o Flamengo se defendeu majoritariamente no 4-4-2 durante todo primeiro tempo. Em alguns momentos João Gomes subiu pressão junto de Gabi e Arrascaeta, porém na maior parte do tempo o volante se alinhou a Thiago Maia para controlar os espaços entre os volantes alviverdes e Raphael Veiga. Foi possível também perceber as subidas ou de Lázaro ou de Everton Ribeiro para pressionar a saída de três, mas esse comportamento não foi padrão durante a partida.

Sem pressionar tanto a saída de bola do Palmeiras, o Flamengo permitia a equipe paulista bolas descobertas na primeira fase de construção. Mas com uma boa proteção à profundidade, não permitiu que os atacantes adversários fossem acionados em ataques rápidos. E isso aconteceu muito por conta do bom jogo da dupla de laterais Isla e Filipe Luís, que dificultou bastante o trabalho ofensivo de Dudu e Scarpa.

Além de impedir os ataques do Palmeiras pelo lado esquerdo, a equipe se mostrou efetiva nos contra-ataques. Gabi já havia marcado em impedimento aos sete minutos após ser acionado em profundidade por Thiago Maia, mas a equipe de fato começou a causar perigo ao Palmeiras após os 20 minutos iniciais.

Pela esquerda Lázaro iniciou a construção dos três lances mais perigosos do Mengão na primeira etapa, se aproveitando da escolha de Abel Ferreira na marcação. Com os encaixes mais altos realizados pelos meias e atacantes palmeirenses, o jovem jogador formado na Gávea por muitas vezes se tornava o homem livre da equipe. Enquanto Everton Ribeiro recebia o encaixe individual de Piquérez, por outro lado Marcos Rocha dividia referência entre Lázaro e Arrascaeta.

O meia uruguaio atacava o profundidade e induzia Rocha a seguí-lo, de modo que Lázaro era libertado dos encaixes durante essa dinâmica. Aos 22 minutos, o meia ultrapassou Marcos Rocha e Danilo, servindo Gabi na entrada na área. O “Príncipe da Gávea” serviu Arrascaeta, que acertou a trave.

Lázaro sendo o homem-livre da equipe com bola

Aos 36 minutos, Lázaro tentou acionar Gabi em janela pelo corredor central. A bola foi inicialmente interceptada por Piqueréz, mas sobrou livre para Thiago Maia acionar Arrascaeta na área. O camisa 14 não conseguiu alcançar a bola para finalizar bem posicionado.

No lance seguinte, após roubada de bola de João Gomes, Lázaro foi acionado no corredor lateral-esquerdo e encontrou Arrascaeta na entrada da grande área. Em belo chute, o uruguaio acertou a trave direita.

Apesar da grande chance de Danilo no fim da primeira etapa, obrigando Hugo a fazer grande defesa, o Flamengo conseguiu ser mais perigoso que o Palmeiras nos 45 minutos iniciais.

Palmeiras baixa linhas e não consegue contra-atacar

Diferentemente da primeira etapa, o Palmeiras passou a marcação o Flamengo em bloco médio/baixo, sem subir pressão na saída rubro-negra. Com Scarpa baixando na linha defesa, o Palestra passou a se defender numa espécie de 5-2-3/5-4-1 com Rony mais a esquerda e Veiga centralizado.

O Flamengo passou a ser menos constrangido na saída de bola, porém não conseguiu gerar o mesmo perigo em ataque posicional do que construiu nas transições ofensivas durante o primeiro tempo. Isso pode ser explicado pela boa marcação palmeirense, mas também pelos problemas em execução do Mengão com bola. Em especial a queda de desempenho de Lázaro pela esquerda e as dificuldades de Thiago Maia e João Gomes em acionar os meias mais próximos da área.

Flamengo em organização ofensiva no início da segunda etapa

Apesar dos problemas em organização ofensiva, o Flamengo conseguiu ter mais controle do jogo. A equipe não conseguia ser incisiva com bola, mas não permitia que o Palmeiras conectasse contra-ataques. Isso fez com que, mesmo sem efetividade no ataque, a equipe dominasse a segunda etapa. Nas bolas paradas, o Flamengo chegou a causar certo perigo ao Palmeiras.

Além disso, Everton Ribeiro cresceu bastante de rendimento. Com mais espaços, devido a proposta do Palmeiras no segundo tempo, o meia foi a principal peça ofensiva do Flamengo na segunda etapa. Conduzindo a bola com qualidade, ER7 chegou a iniciar alguns transições ofensivas da equipe no segundo tempo, mas ou parou nas faltas do Palmeiras ou em alguns tomadas de decisão ruins no último terço.

Queda da físicas das equipes faz jogo cair de ritmo no fim

Dado a intensidade das equipes em pelo menos dois terços da partida, foi possível constatar uma nítida queda física de ambas as equipes no final do confronto. O jogo perdeu o ritmo frenético, em especial da primeira etapa, para propostas bastante claras: Flamengo buscando vencer o jogo em casa e o Palmeiras confortável com o empate como visitante.

Paulo Sousa somente trocou Lázaro por Marinho, de modo a gerar mais profundidade pela esquerda. Já Abel Ferreira usou mais peças do banco de reservas. Inicialmente Gabriel Verón entrou no lugar de Scarpa para ter uma melhor balanço ofensivo nos contra-ataques sem deixar se de defender em linha de cinco.

Já no fim, Abel buscou um abafa final com Breno Lopes, Jailson e Rafael Navarro nos lugares de Dudu, Veiga e Rony. Dando fôlego ao setor ofensivo para chegar a vitória, mas com pouca efetividade.

Disposição final das equipes na partida

Balanço do primeiro duelo entre Paulo Sousa e Abel Ferreira no Brasil

No fim, o empate entre as equipes traduziu o relativo equilibrio entre as equipes. Após o Palmeiras iniciar melhor o jogo, o Flamengo conseguiu encontrar soluções e ser mais perigoso durante os 90 minutos como um todo, mas não conseguiu traduzir isso em gols.

O balanço do primeiro duelo entre Paulo Sousa e Abel Ferreira mostra que, apesar do maior tempo de trabalho do treinador palmeirense, o Mister rubro-negro conseguiu dar respostas à altura do duelo proposto entre os dois.

Apesar disso, o Flamengo ainda precisa evoluir bastante. Em especial em alguns aspectos com bola para enfrentar adversários mais fechados: volantes sendo mais efetivos na construção ofensiva da equipe e maior profundidade no ataque.

A ausência de Pedro na segunda etapa também é algo que Paulo Sousa precisa se explicar melhor. Com a opção de um centroavante de alto nível entre os suplentes, é difícil entender o porque de não ter sido utilizado num contexto onde a equipe não conseguia ser mais contudente no ataque.

Enfim, erros e acertos que fazem parte de um processo que está longe do seu ideal.

SRN

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Link do Artigo do MundoRubroNegro

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