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O bolo do Flamengo (uma historinha sobre Jorge Jesus, Paulo Sousa, futebol e culinária)


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Deixa eu contar uma historinha que, por incrível que pareça, é sobre o Flamengo. Só tenham um pouquinho de paciência.

Nós temos uma amiga aqui que é famosa por fazer um bolo de chocolate muito bom (aqui, para quem não me conhece, é em Denver, nos States. Isso é irrelevante para a história, então vamos em frente, parem de me distrair).

Voltando. Eu conheci a fama do bolo dela antes de conhecer o bolo propriamente dito, então dá para imaginar que minhas expectativas eram altas. E o bolo é bom mesmo.

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Imagina você sozinho em casa, sábado à tarde, chovendo, um friozinho agradável. Na TV vai passar um filme antigo que você gosta, você abre a geladeira e está lá esse bolo.

Perfeito, né?

O problema é que, como diz o meu perfil no Twitter, sou Flamengo e tenho uma nega chamada Denise.
Denise, minha mui digníssima esposa há 17 anos, uma filha, três gatos e dois países, cozinha maravilhosamente bem. Ou, em português claro, ela cozinha para caralho!

Sério.

Ela podia ser uma chef de algum restaurante famoso se tivesse paciência para cozinhar para muitas pessoas ou saco para repetir um mesmo menu por dias seguidos. E ela não tem.

Então.

Como eu dizia, a minha Denise cozinha bem para caralho. E isso me estragou para a vida.
O bolo muito bom lá da nossa amiga é apenas “passável” para mim, que já experimentei maravilhas bem melhores.

Se você der os mesmos ingredientes para a nossa amiga e para a Denise e pedir para as duas fazerem um bolo de chocolate, eu garanto que o da Denise vai ser melhor. Por causa da experiência dela, da maneira como ela aprendeu a cozinhar, por causa do talento natural dela.

Agora, se em vez de você fornecer os ingredientes para as duas você simplesmente pedir que cada uma faça um bolo, aí então é que a diferença vai se tornar estratosférica.

Porque além das diferentes capacidades das cozinheiras, a nossa amiga acha que qualquer ovo, qualquer farinha ou qualquer manteiga serve. Ela vai escolher os ingredientes baseado em preço, ou na proximidade do supermercado mais próximo.

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Denise vai usar um leite cru de fazenda, manteiga irlandesa, ovos de galinhas criadas livres, farinha italiana. Ela vai lhe dizer que um bolo cozinhado nos 1.600 metros de altitude do Colorado vai ter que ficar no forno em um tempo X, diferente do tempo que seria se fosse na umidade e calor do Rio de Janeiro ou na secura de Brasília.

Ela vai lhe contar da história daquele recheio, como um chef francês no século XVII inventou aquilo ali para uma recepção a um Duque e como, no fim das contas, o sucesso daquela receita levou à Revolução Francesa – ou, no mínimo, à decapitação de algum nobre daqueles lá.

Mas, divirjo. Deixa eu voltar ao Flamengo.

O bolo é o time do Flamengo.

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E a diretoria do Flamengo é como a nossa amiga. Na hora de montar o time, ela só se preocupa com o preço, com as oportunidades de mercado, com o que a sorte (ou algum empresário amigo) colocou na sua frente. Sem critério, sem controle de qualidade, sem um plano prévio.

Só que uma vez, em 2019, os astros se alinharam e os produtos disponíveis para nós eram excelentes!! Uma sorte inacreditável!

Fomos atrás do Pablo, voltamos com o Gabigol. Bruno Henrique perigava estar bichado. O Cruzeiro adorou trocar o Arrascaeta pelo Rodriguinho, o São Paulo não via a hora de se livrar do Rodrigo Caio, ninguém nunca ouviu falar daquele zagueiro de um time da segunda divisão da Espanha, ninguém botava fé no Gerson.

Conseguimos os ingredientes perfeitos, mesmo sem saber que estávamos fazendo isso. Tínhamos o bolo “muito bom” garantido, desde que achássemos um cozinheiro minimamente competente.

Mas não entregamos esses ingredientes certos nas mãos da minha amiga. Nós os demos nas mãos da Denise. No caso, Jorge Jesus. E, nas mãos dele, o resultado foi espetacular. Por causa da experiência dele, da maneira como ele aprendeu a ser técnico, por causa do talento natural dele. E porque, também naquele momento, entregamos nas mãos dele uma cozinha maravilhosa com tudo o que era necessário para que o nosso cozinheiro pudesse trabalhar. Uma cozinha que levou 6 anos para ser construída mas estava ali, finalmente, pronta.

gabigol pinola flamengo river libertadores 2019
Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Outro técnico poderia ter feito um trabalho vitorioso, também. Não seria o mesmo que o JJ fez mas, naquele momento, em 2019, o bolo “muito bom” nos satisfaria completamente. Poderíamos ter tido, ali, o ótimo, não o espetacular. Mas tivemos o gosto do bolo da Denise.

E, da mesma maneira como eu fiquei estragado para a vida por causa dos bolos dela, a torcida do Flamengo também descobriu o gosto de algo muito superior ao que estava acostumada, e está louca para provar isso de novo.

Mas a nossa Diretoria atual resolveu que isso não tem a menor importância. Eles têm, nas mãos deles, uma cópia da receita original que deu certo em 2019. Uma cópia mal feita, quase ilegível, e ninguém consegue nem mesmo garantir que aquela ali é a receita certa.

Alguns dos ingredientes do bolo foram jogados fora. Outros, eles não sabem como conservar até a hora do preparo e alguns estão mesmo passando da data de validade e ficando irremediavelmente estragados. Até alguns dos implementos mais importantes da cozinha foram perdidos. Há mesmo o perigo de quererem demolir a cozinha inteira.

Mas eles querem que um cozinheiro menos talentoso, cozinhando na churrasqueira improvisada no quintal e sem praticamente nenhum dos ingredientes certos, repita o bolo sensacional que o Jorge Jesus fez no final de 2019. E a bagunça é tão grande que nem dá para saber se o cozinheiro é minimamente competente ou não.

Neste momento, todos nós já estamos com saudades é de ter um bolo normalzinho, mesmo…

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