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Na noite de Michael, Flamengo repete alguns problemas, mas também emite bons sinais


Não faz tanto tempo assim, o senso comum sobre Michael era de que se tratava de um veloz driblador, mas com pouco mais a oferecer. A impressão era de que lhe faltava mais compreensão do jogo, leitura dos espaços, tomada de decisão, finalização. Na noite de sexta-feira, um atacante em grande fase chamou atenção justamente por contrariar tal visão.

No primeiro gol, atacou a área e se colocou para receber um cruzamento que vinha da linha de fundo, bussou de forma inteligente o espaço para finalizar. No segundo, soube se associar a Gabigol para buscar a tabela e infiltrou para se oferecer ao passe do atacante antes de marcar pela segunda vez na noite.

Por mais que ensaiasse uma recuperação algumas semanas antes, é impossível dissociar seu salto na temporada da chegada de Renato Gaúcho. Hoje, Michael esbanja confiança, parece transformado ao menos no que diz respeito ao aspecto mental do jogo. E o resultado é uma guinada na parte técnica.

Michael à parte, a descrição de um jogo em que o Flamengo teve dificuldade extrema para criar diante de uma defesa fechada na primeira etapa, antes de parecer mais senhor do jogo no segundo tempo, talvez indique uma espécie de enredo repetido. E, de fato, os problemas dos primeiros 45 minutos remetem, inevitavelmente, à falta de criação, de movimentos ofensivos coordenados para enfrentar um adversário que se protegia bem – embora fosse menos sólido pelo lado esquerdo de sua defesa. Até que, uma vez em vantagem, viu o jogo se abrir no segundo tempo: as oito finalizações da primeira etapa se transformaram em 15 nos 45 minutos finais, quando havia mais espaço para os talentos rubro-negros explorarem.

Mas antes do intervalo, o Flamengo abusava dos passes longos dos defensores buscando ora Isla, pela direita, ora Michael, pela esquerda. No entanto, quase nunca a construção de jogadas colocava os donos da casa em vantagem para atacar a linha defensiva dos goianos com estes passes longos. Foram 54 bolas longas na partida, com 35% de erro neste tipo de passe.

Michael comemora gol pelo Flamengo contra o Atlético-GO — Foto: André Durão
1 de 1 Michael comemora gol pelo Flamengo contra o Atlético-GO — Foto: André Durão

Michael comemora gol pelo Flamengo contra o Atlético-GO — Foto: André Durão

Mas a noite que repetiu problemas conhecidos também trouxe notícias boas. Mesmo enquanto o time tinha dificuldade de criar, ficou claro o acréscimo técnico de Rodrigo Caio e David Luiz na saída de bola. Foi num lançamento de David, aliás, que surgiu o primeiro gol. A jogada foi a melhor trama do Flamengo no primeiro tempo, com Éverton Ribeiro mais aberto, atraindo a marcação e espaçando a linha de defesa goiana. Um movimento que permitiu a Isla penetrar no buraco entre o lateral Igor Cariús e o zagueiro Éder.

Outro fato novo foi a forma como o Flamengo lidou com a vantagem. O segundo tempo do time foi menos caótico e mais controlado do que jogos anteriores. A pressão ofensiva, que teve desajustes perigosos antes do intervalo, pareceu mais ordenada na metade final do jogo e deixou desconfortável o Atlético-GO, um time que, vale dizer, vem competindo bem neste Brasileiro. Mesmo vencendo, o rubro-negro carioca tentou pressionar e controlou bem os contra-ataques. Apenas uma vez os visitantes tiveram a sensação do gol. A vitória do Flamengo raramente pareceu ameaçada.

Quem esteve no Maracanã viu outra novidade nos seis escanteios que os goianos tiveram na segunda etapa. Após jogos seguidos em que o time sofreu com a bola parada defensiva, Renato Gaúcho fez uma sutil mudança na forma de defender. A marcação predominantemente individual deu lugar a uma defesa mista. Ou seja, se alguns atacantes do Atlético-GO eram perseguidos individualmente, havia também um grupo de defensores do Flamengo protegendo o espaço, marcando em zona. O time não sofreu com a bola aérea.

No fim, o controle rubro-negro no segundo tempo foi grande. Não se tornou, de repente, um time livre de todos os problemas, mas numa reta final de temporada que tem uma decisão de Libertadores no horizonte, o time ofereceu sinais positivos, inclusive pela forma como competiu.

No Brasileiro, além da distância para o Atlético-MG, o Flamengo enfrenta a sua própria instabilidade e um calendário que transforma a disputa quase numa inviabilidade. Mas a postura nos 2 a 0 sobre o Atlético-GO não indicam que o time se rendeu.

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