O GLOBO: Por Diogo Dantas

A camisa 10 às costas de Gabigol deu ao atacante do Flamengo mais poderes e responsabilidades. Capitão com ou sem faixa, o jogador é o termômetro ideal do respaldo da equipe e até da diretoria ao trabalho do técnico Vítor Pereira.

Uma das lideranças do elenco, Gabriel influencia principalmente os mais jovens, e também tem o poder de mobilizar o torcedor. Em outros momentos no Flamengo, ainda sem a camisa 10, foi visto chateado ao sair de campo substituído. Agora essa cena não existe mais.

Ao longo de 2023, o atacante ajuda como pode taticamente, muitas vezes fora de posição, e ainda assim tem sido um interlocutor do trabalho de Vítor Pereira para os demais jogadores.

Vez ou outra Gabi vai até a linha lateral ouvir instruções, as divide com o grupo e também tenta aplicar e indicar movimentos aos companheiros.

Não à toa Gabigol participou de praticamente todas as partidas sob o comando de Vítor Pereira, 13 no total. O atacante foi o capitão nos jogos em que Everton Ribeiro não iniciou.

Outro detalhe que chama atenção é como o jogador representa também a avaliação de momento da direção do Flamengo sobre o trabalho no Ninho do Urubu.

Retrato do que fará o clube
O departamento de futebol mantém o respaldo a Vítor Pereira, mas não o comunica claramente. Esse porta-voz principal é Gabigol. Nos gestos e nas palavras.

No dia a dia, a relação do ídolo com o vice de futebol Marcos Braz e outros profissionais que circundam o dirigente leva o atacante a exprimir algo muito próximo da avaliação da direção do futebol rubro-negro, e também a indicar possíveis ações futuras.

Vale lembrar que o mesmo comportamento não foi visto em Gabigol no ano passado ao longo da tentativa do técnico Paulo Sousa implementar seu trabalho no clube. Nem com técnicos anteriores.

Era comum vê-lo irritado ao ser substituído, e com certa dificuldade de dividir as atenções com Pedro quando os dois ainda não atuavam juntos em todas as partidas.

Vítor Pereira tenta manter a dupla como titular mesmo com a dificuldade de manter a consistência defensiva. Não só pelos gols – são nove em 2023 – mas pela forma que influencia a todos, Gabigol é o termômetro de que o Flamengo ainda acredita no técnico e espera evoluir com ele.