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Há um ano gerente de futebol do Flamengo, Fabinho detalha função e revela bastidores


Mas qual é o serviço de Fabinho? O que faz o ex-volante no

Flamengo

? Em entrevista ao

ge

que durou mais de meia hora, o profissional de 46 anos detalhou sua atuação dentro do organograma do futebol rubro-negro para responder à pergunta que é feita constantemente por torcedores em tom de crítica nas redes sociais.

– É bacana você tirar essa dúvida, o Juan falou há um tempo atrás, e ele foi muito específico e claro sobre a parte técnica. Sobre minha função, não é a função do Fabinho no

Flamengo

. A função de gerente de futebol existe em outros clubes, claro que cada um com suas particularidades, mas há algumas funções básicas do gerente de futebol.


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– Eu tenho aqui no CT, tirando os atletas, 70 funcionários aqui dentro entre comissão técnica e o apoio para que esse prédio funcione. Tenho o dia a dia disso para que o treino aconteça, o campo esteja em boas condições e os horários sejam cumpridos. Então tenho todo esse gerenciamento. Essa parte um pouco mais administrativa é onde eu entro. Juan é na parte técnica, e eu bem mais na função administrativa.

– Claro que também tenho um trabalho importantíssimo

linkado

à parte técnica. O Juan bem mais efetivo no campo, mas assisto a todos os treinos e participo de todas as viagens. Dou apoio ao Bruno, ao presidente e ao Marcos em todas as contratações. Esse suporte, com todas as áreas se falando, é para que no final possamos entregar o melhor produto ao treinador. Essa é a função de um gerente de futebol numa equipe grande como o

Flamengo

.

Fabinho Soldado, gerente de futebol do Flamengo, em entrevista ao ge — Foto: Fred Gomes
1 de 8 Fabinho Soldado, gerente de futebol do Flamengo, em entrevista ao ge — Foto: Fred Gomes

Fabinho Soldado, gerente de futebol do Flamengo, em entrevista ao ge — Foto: Fred Gomes

Sobre as críticas por pouco se manifestar nos momentos difíceis, Fabinho frisa que realiza um trabalho “silencioso” dentro do clube.

– Tenho que saber suportar as críticas. Meu trabalho não é muito visível. Isso não me traz nenhum desconforto. Pelo contrário, é um trabalho silencioso porque aqui no

Flamengo

já temos uma estrutura muito bem montada. Não sou eu quem vou dar entrevista, já há pessoas determinadas para isso. O meu trabalho é simplesmente fazer com que essas 70 pessoas do CT e mais os atletas de futebol e as comissões encontrem um clube funcionando em todas as áreas. E, até pela experiência como ex-atleta, saber suportar a crítica.

– Algumas críticas são importantes, que fazem parte. Quando se está num momento difícil, a gente precisa ter a maturidade de entender. A minha função hoje no

Flamengo

é trabalhar silenciosamente. Silenciosamente não quer dizer que eu não falo porque eu não quero. Não é minha função falar, minha função é fazer que os departamentos funcionem. O torcedor vai entender um pouco mais isso de que é preciso ter pessoas que façam o dia a dia se comunicar. Eu sou soldado do

Flamengo

, quero permanecer o maior tempo aqui colaborando para o sucesso do clube. Até aqui acho que tem sido bacana. A própria ascensão em relação às funções têm mostrado isso.


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Fabinho está no

Flamengo

desde outubro de 2017, quando foi contratado por Eduardo Bandeira de Mello para atuar como funcionário do Departamento de Scout (DS), à época chamado de Centro de Inteligência de Mercado (CIM). Em 2018, assumiu a gerência do setor, função que exerceu até a chegada de Renato Gaúcho, em julho de 2021, mês de sua promoção.

Durante a conversa no Ninho do Urubu, antes de responder à pergunta acima, o gerente de futebol pediu licença e fez questão de falar bastante sobre toda a sua transição no clube até chegar aos questionamentos sobre o cargo que ocupa desde o segundo semestre do ano passado.

– Joguei aqui em 2003, volto em 2017 para atuar no setor de scout. Comecei a contribuir com esse trabalho de observação e indicação de atletas durante cerca de um ano até que surgiu a oportunidade. O gerente do scout era o Marcos Biasotto, e ele foi para um novo projeto. Surgiu a vaga, e o clube reconheceu aquele trabalho que eu fazia como scout. E eles perceberam que, até pela experiência como jogador e funcionário do clube, que eu tinha condição de exercer a função que era do Biasotto. Transitei da observação técnica para a gerência do departamento.

– Foi quando a gente mudou um pouco a chave do processo, até em relação às contratações. A equipe (de scout) alcançou, juntamente com todo o trabalho do clube, conquistas e um bom ano. E daí para frente as coisas foram acontecendo. Em cada ano fomos melhorando os processos de análise, contratando novos analistas e formando também. É importante frisar que vários do departamento foram formados aqui no clube e também têm o DNA do

Flamengo

. Foi um tempo muito produtivo que me deu muito conhecimento por conhecer atletas.

Fabinho e Juan em intercâmbio na Europa — Foto: Arquivo Pessoal
2 de 8 Fabinho e Juan em intercâmbio na Europa — Foto: Arquivo Pessoal

Fabinho e Juan em intercâmbio na Europa — Foto: Arquivo Pessoal

Fabinho destaca que um intercâmbio na Europa feito ao lado de Juan, gerente técnico e ex-zagueiro do

Flamengo

, foi fundamental para modernizar o setor.

– Nesse período também tive a oportunidade fazer uma viagem muito interessante à Europa. Passamos por Itália e França, observamos métodos de trabalho de vários clubes, como da Inter de Milão, e do Lyon, da França. Eu e Juan fizemos uma viagem extraordinária para buscar conhecimento e novas ferramentas. Trouxemos vários processos novos para cá. Claro que tivemos que dar um

tropicalizada

nos processos, porque é Brasil, é outra situação de futebol e de trabalho. O setor continua evoluindo.


Mais funções do gerente de futebol

– É usar bem a estrutura que temos. Temos a supervisão, tenho o Tannure (Márcio, médico e gerente de saúde e alto rendimento). São jogadores que chegam, eu tenho que fazer toda uma estrutura para chegar junto com a logística e com o Tannure, que trata dos exames. Em cada área eu preciso participar, até porque nós temos reuniões quase uma hora e meia antes dos treinamentos para eu entender como está sendo o dia. Conversamos com todas as áreas para entregar o melhor cenário possível. Eu tenho hora de chegada, agora a saída (risos).


Exemplo da atuação do gerente na chegada de um reforço

– Quando eu falo, não é para me defender não. Quando eu falo o que é a função do Fabinho no

Flamengo

é a função do gerente de futebol. O gerente de futebol tem que dominar isso daqui. Aqui e em qualquer outro lugar que for trabalhar. Por exemplo: o Bruno e o Marcos estão lá na negociação, acertando um jogador, e eu mais para frente já tendo a informação da contratação, eu preciso fazer toda a logística para a chegada desse jogador.

Eu vou acionar o supervisor (Gabriel Skinner), vou acionar o Tannure porque tem as questões médicas, vou acionar a segurança e vou acionar o Vinicius (Castro, assessor de imprensa). Eu preciso fazer com que tudo funcione. Então não é detalhezinho. Delegamos e conferimos o que chega a nós para que as coisas se resolvam da melhor maneira.


Como identifica eventuais demandas do grupo? É observação sua ou os pedidos chegam a você?

– As situações chegam a mim de diversas formas. Elas podem chegar pelo Bruno, pelo Marcos ou pelos atletas. Com essa demanda, eu vou distribuir. Na logística, por exemplo, temos o Gabriel (Skinner, supervisor) e o Marcinho (Márcio Santos, também supervisor), que vão fazer uma logística direcionada e diferenciada.

– Continuo dando apoio ao departamento de scout. Hoje temos lá o Renan (Bloise), que é o coordenador de scout. Por eu ter a questão da gerência (de futebol), hoje o Renan está como coordenador. No dia a dia, ele está mais ativo. Eu entro nas situações finais do processo. O Renan faz o dia a dia, mantém os processos, e eu chego na parte final.

Gerentes Juan e Fabinho diante do médico Márcio Tannure antes de Flamengo x Corinthians, pela Libertadores — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
3 de 8 Gerentes Juan e Fabinho diante do médico Márcio Tannure antes de Flamengo x Corinthians, pela Libertadores — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Gerentes Juan e Fabinho diante do médico Márcio Tannure antes de Flamengo x Corinthians, pela Libertadores — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo


Diferença do



Flamengo



de 2003 para o de 2017

– Foi bom ter tido aquela experiência de 2003 para você compreender de fato o que mudou. Muitos jogadores que chegam hoje ao clube têm dificuldade para entender como era. A gente vivenciou isso, com treinamentos somente na Gávea e acomodações muito acanhadas se tratando de

Flamengo

. Acho que que foi essa história de dificuldade que conhecemos. A questão dos salários também era complicada, não era totalmente em dia.

– Aí você vem para 2017 e encontra o

Flamengo

com funcionários felizes na parte financeira, recebendo em dia. Parte de estrutura, campo, acomodações e refeições de alto nível. Aí você realmente entende que o clube acordou. No momento em que cheguei eu já imaginava que os anos que tínhamos pela frente seriam melhores.


Convite para se tornar gerente de futebol a partir da chegada de Renato Gaúcho

– Joguei, e não é só o fato de ter jogado que qualifica. Pude trabalhar como scout e veio o convite para ser gerente, e as pessoas foram vendo que eu tinha capacidade de exercer. Da mesma forma foi a gerência (do futebol). Eu já vinha gerenciando o departamento de scout, liderava algumas pessoas, e certamente o presidente Landim, o Marcos e o Bruno viram em mim esse profissional com capacidade para exercer a função. Conversei com Landim, Marcos e Bruno e me senti capaz de exercer porque já vinha com conhecimento de tecnologia, de processos e de ferramentas novas. Me senti motivado e entusiasmado para aceitar esse convite.

Fabinho Soldado antes de Flamengo x Corinthians ao lado de Marcos Braz — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
4 de 8 Fabinho Soldado antes de Flamengo x Corinthians ao lado de Marcos Braz — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Fabinho Soldado antes de Flamengo x Corinthians ao lado de Marcos Braz — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo


Qual o maior desafio no cargo de gerente de futebol?

– Não tem como ser diferente: é entregar as metas do

Flamengo

, que são altíssimas, no final do ano. A gente já entra no

Flamengo

com o desafio de ser campeão. Todas as funções do clube são importantes, e a minha é uma delas também. Preciso fazer com que a engrenagem funcione para entregar o maior objetivo. O maior objetivo do Fabinho é o maior objetivo do

Flamengo

: é ser campeão.


Maior prazer com a função e compreensão da família

– O prazer é o que move a gente. Todos os títulos que conquistei. Sabe que tem esforço, dedicação e abdicação. Quem trabalha com futebol está

linkado

a viagens e dia a dia o tempo inteiro. Você está em casa e está trabalhando. Quando a família entende, e você ama o que faz, conhece as funções e tem entusiasmo, vou te dizer que nem é trabalho. Minha esposa entende perfeitamente, é muito natural. Ela sabe que eu amo o que faço.

– Quando você está em casa, você atende o Bruno e o Marcos, que estão o tempo inteiro ligando e perguntando as coisas. É prazeroso você ter todo esse trabalho, se dedicar muito, mas aí você vê as coisas acontecendo. É conseguir suportar momentos difíceis. A gente já entra no ano sabendo que vai passar por dificuldades, alguma hora alguma coisa vai acontecer.

– Você continua fazendo, claro que às vezes modificando alguma rota e consertando coisas. É aquele jogador que foi contestado, e às vezes com motivo, e você sabe que ele tem para dar e acredita. É um dos maiores prazeres ver esse trabalho dar certo no final.


Comunicação com treinadores

– A conversa com a comissão técnica é diária. Quando o treinador chega no

Flamengo

para dar o treinamento, eu vou ser uma das primeiras pessoas que ele verá no CT. Vou até ele para conversar e saber o que vai acontecer. Por conhecer o clube, a gente passa as nossas experiências, o que vê e que entende que seria melhor a fazer. Claro que o treinador vai fazer escolhas sobretudo na parte técnica.

– O Juan está muito presente no campo. Quando passa por uma parte mais burocrática do processo, a gente participar um pouco mais porque tem coisas que já vêm com o clube. O treinador que chega aqui não pode não querer viajar de voo fretado, por exemplo. Existem situações dentro do clube que já fazem parte da rotina estrutural do clube.

Fabinho Soldado em treino do Flamengo já com Dorival Júnior — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
5 de 8 Fabinho Soldado em treino do Flamengo já com Dorival Júnior — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Fabinho Soldado em treino do Flamengo já com Dorival Júnior — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo


Quando o gerente de futebol entra numa situação como a do Paulo Sousa num momento em que as coisas já não estavam andando mais? Você tem influência na decisão de uma demissão, por exemplo?

– Vou ser bem franco: o Marcos e o Bruno usam muito bem a estrutura do

Flamengo

. Tudo que envolva o

Flamengo

, eles consultam a gente para fazerem a avaliação deles também. Existem conversas para saber como está o treinamento, como está a relação entre comissão técnica e atletas. Isso tudo é conversado, nós temos nossa opinião e temos que dá-la sempre pensando no

Flamengo

.

– A gente precisa fazer algumas colocações para que o presidente, o Marcos e o Bruno entendam o dia a dia porque eles vão tomar decisões importantes. O meu apoio aos três é desde a chegada do atleta, entregando todo o funcionamento dos departamentos e também uma visão nossa da questão técnica que estamos observando.

Fabinho Soldado, gerente de futebol do Flamengo, deu entrevista ao ge nesta quinta, 11 de agosto de 2022 — Foto: Fred Gomes
6 de 8 Fabinho Soldado, gerente de futebol do Flamengo, deu entrevista ao ge nesta quinta, 11 de agosto de 2022 — Foto: Fred Gomes

Fabinho Soldado, gerente de futebol do Flamengo, deu entrevista ao ge nesta quinta, 11 de agosto de 2022 — Foto: Fred Gomes


Gestão em mente desde que parou de jogar, em 2009

– Fiz estágios em vários clubes sempre na área de gestão. Fiz curso da CBF de gestão, fiz a primeira turma de executivos, fiz curso de neolinguística. Procurei o que tinha aqui no Brasil. Fiz parte da Abex (Associação Brasileira dos Executivos de Futebol) bem no início.


Qual sua maior realização nesse período trabalhando no



Flamengo



?

– Algo que foi muito marcante foi a chegada do Pablo Marí. Foi muito legal participar desse processo porque era a contratação de um europeu que veio da Segunda Divisão (na época da contratação, Fabinho pediu à comunicação do clube um vídeo de arquivo para mostrar a estrutura do Ninho a Marí).

– Além de todos os títulos que tenho trabalhando dentro do

Flamengo

, participei de todos os últimos em funções diferentes, essa construção do Marí com toda a ajuda do presidente, do Marcos e do Bruno foi muito bacana.

– Diante de toda a desconfiança, nós tínhamos muita certeza, bancamos isso em relação ao setor. Presidente, Marcos e Bruno acreditaram nisso juntamente com o treinador, que apoiou essa escolha. Até hoje está rendendo frutos.


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Como chegaram ao Pablo Marí?

– No departamento de scout, os caras conhecem tudo. Nada mais é que a nossa função. Obrigação nossa é dissecar tudo, claro que dentro de um filtro final. Precisávamos de um zagueiro canhoto, com algumas especificações e determinada altura. Aí partimos para dentro do que tínhamos dentro do nosso banco de dados.

– Você chega em vários nomes, aí vai apertando, enxugando e olhando até que chegou o nome do Pablo. Um europeu de Segunda Divisão vir para o Brasil é porque você tem que estar muito certo. Ele veio através de um trabalho diário de muitas observações.


Como surgiu o apelido Soldado, já que ninguém lhe chama de Fábio de Jesus?

– Na verdade, começou quando eu era chamado de Soldado no Bonsucesso. De tanto ser chamado, acabei replicando e isso acabou ficando. Era uma galera do Bonsucesso onde todo mundo é soldado. Levei isso para mim.

– Acho que tem tudo a ver comigo, a minha história de vida e superação como ex-atleta. De estar a cada dia buscando as oportunidades. Eu sou soldado do

Flamengo

, quero permanecer o maior tempo aqui colaborando para o sucesso do clube. Até aqui acho que tem sido bacana. A própria ascensão em relação às funções têm mostrado isso.

Fabinho Soldado não tira o Flamengo da cabeça nem quando está em casa — Foto: Fred Gomes
7 de 8 Fabinho Soldado não tira o Flamengo da cabeça nem quando está em casa — Foto: Fred Gomes

Fabinho Soldado não tira o Flamengo da cabeça nem quando está em casa — Foto: Fred Gomes



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