Por trás de todo o glamour que o envolve, o
futebol
traz uma realidade que, muitas das vezes, não difere muito do que ocorre no dia a dia da sociedade. Tal situação ocorreu com o lateral esquerdo Sánchez, de 26 anos, revelado pelo Ceará e um dos destaques da Portuguesa (RJ) neste início de Campeonato Carioca. Após uma lesão muscular de inflamação no adutor e reto abdominal quando atuava pelo Figueirense em 2020, o jogador não teve seu contrato renovado com o clube catarinense e ficou, no total, pouco mais de 15 meses desempregado.
Durante este período, se recuperou praticamente por conta própria, tendo o auxílio de amigos e dos familiares tanto na parte física e clínica como também na emocional. Disposto a recomeçar, aceitou o desafio na Lusa e tem ido bem: fez um gol sobre o Flamengo em sua estreia – na derrota por 2 a 1 – e vem sendo titular absoluto, tendo sido considerado o melhor da sua equipe diante do Rubro-Negro e o melhor em campo na vitória sobre o Audax por 1 a 0.
“Sem dúvidas foi o período mais difícil na minha vida. Quando a gente inicia no futebol, o primeiro passo importante, logo depois que está num clube com base forte, é subir para o profissional. E depois é continuar jogando. Então, ficar sem jogar é muito difícil. Foi bem complicado ficar todo esse tempo sem jogar, treinar, ficar desempregado, mas eu consegui me virar bem. Meus amigos e minha família me apoiaram demais”, declarou Sánchez ao
UOL Esporte
, detalhando este período:
“Meus amigos sempre estavam treinando comigo. Alguns estavam me ajudando na parte de fisioterapia, outros na parte de treinos, de nutrição também… Então foram importantíssimos. E minha família, quando notava que eu estava meio para baixo, sempre dava uma animada, dizendo que estava comigo, que as coisas iam melhorar, que Deus tinha coisas boas para mim, e realmente tem… Foi muito bom tê-los por perto. Tenho certeza que se estivesse longe, não teria passado muito bem por esse período”.
Foi completar treino no Ceará e ficou
Nathan foi revelado nas categorias de base do Ceará: ingressou no clube após “completar treino” inusitadamente
Imagem: Reprodução / Instagram
Oriundo de Cascavel (CE), Sánchez iniciou sua trajetória no Ceará de maneira curiosa. Torcedor fanático do Vozão, seu pai o levou para assistir a um treino da equipe quando ele tinha 14 anos. E o que seria apenas um passeio divertido, tornou-se a porta de entrada para o clube.
“Meu pai tinha me chamado para assistir a um treino do Ceará e disse para eu levar a chuteira. Só que aí estava tendo um treino da base do Ceará. Eu cheguei muito cedo com meu pai e tive a sorte de um amigo dele estar lá, e ele tinha dois jogadores com ele. Então ele perguntou se eu não queria treinar para completar o time porque estavam faltando alguns jogadores”, revelou, complementando:
“Acabou que surgiu a oportunidade. Era uma categoria dois anos a mais do que a minha. Fui bem e fiz gol sobre os titulares. Daí o treinador pediu para eu continuar e foi assim que iniciei no Ceará”.
Não guarda mágoas do Figueirense
Lateral Sánchez no período de Figueirense: garante não guardar mágoas do clube catarinense
Imagem: Cristiano Andujar / @cristianoandujar
Embora admita ter ficado surpreso, Sánchez garante que não guarda mágoas do Figueirense por não ter renovado seu contrato ao fim de 2020. Antes da lesão, o lateral esquerdo vinha sendo um dos destaques da equipe catarinense.
“Quando eu recebi a notícia, fiquei surpreso, mas o clube logo em seguida veio conversar comigo, explicar o que estava acontecendo, qual foi a situação e ficou tudo certo. Eu realmente não esperava, mas não tive problema nenhum com a diretoria e nem com a comissão técnica. Foram questões particulares deles. Eu realmente não esperava, até porque estava me recuperando bem, mas enfim, o importante é que consegui me recuperar rápido e ficou tudo bem com a diretoria logo em seguida”, disse.
“Vitrine” na Portuguesa e confiança na classificação
Sánchez enxerga a Portuguesa (RJ) e o Campeonato Carioca como uma “vitrine” para reaparecer no cenário nacional. E o “cartão de visitas” não poderia ser melhor que um gol sobre o Flamengo logo na primeira rodada da competição.
Sánchez reproduz comemoração que fez após gol sobre o Fla: homenagem à avó que faleceu em 2016
Imagem: Nathan Diniz
“Teve uma importância muito grande, porque todo clube de massa chama muita atenção, tem muita visibilidade, todos querem assistir. Então quando você faz bons jogos e marca gol, chama a atenção. Isso pra mim foi muito bom. Fiz um bom jogo, um gol, consegui ajudar minha equipe a diminuir o placar, mas infelizmente não pontuamos nesse jogo. Fiquei triste pelo resultado, mas muito feliz pela minha estreia depois de tanto tempo sem jogar. Simbolicamente foi muito importante e me deu muita confiança”.
Sánchez revelou que não teve dúvidas em aceitar a proposta da Portuguesa (RJ), principalmente após a campanha do ano passado no Campeonato Carioca e os jogadores revelados e contratados por outros clubes posteriormente, sendo o mais expoente Chay, grande destaque no título do Botafogo na Série B.
“Sem dúvidas a Portuguesa foi uma ótima escolha justamente pela ascensão dos últimos anos. 2021 foi maravilhoso para eles. Tiveram a melhor colocação do time no Estadual, vários jogadores foram bem, e isso possibilitou a saída deles para clubes com calendário em Séries A e B”, destacou.
Hoje (9), às 21h35, em São Januário (RJ), a Portuguesa enfrenta o
Vasco
podendo ingressar no G-4, o grupo de classificação para as semifinais do Campeonato Carioca. Atualmente a Lusa possui sete pontos e está na quinta colocação. O Cruzmaltino tem dez pontos e é o vice-líder.
“Estamos bem no campeonato, vindo de uma sequência boa, pontuando em todos os jogos, então pretendemos manter essa regularidade. Tentar o máximo de pontos possíveis e fazer o nosso papel dentro de casa. Acredito que temos capacidade para conseguir uma vaga. Temos um elenco muito forte e todos estão trabalhando muito bem”, ressaltou.
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