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Flamengo: Professores de física explicam cobrança de falta de Andreas Pereira, que emulou a folha-seca de Didi


A cobrança de falta de Andreas Pereira, que trisca no travessão para, por fim, entrar no gol, contém todos os elementos para ser classificada como antológica. Primeiramente, pela quebra de jejum. Antes do jogo contra o Juventude, a última vez que o Flamengo tinha marcado um gol de falta havia sido em junho de 2018, com Diego, 235 jogos atrás. A bela batida na bola, de certo modo, ainda faz honras a uma figura histórica do futebol brasileiro: Didi, o pai do efeito folha-seca, presente no lance do volante na quarta-feira.

Do momento em que sai do pé de Andreas até chegar à rede, a bola registra um tempo de voo de aproximadamente 1s15. Não foi gol como o de Petkovic, na final do Carioca de 2001 contra o Vasco. Naquela situação, a bola girava no ar de forma tão rápida a ponto de alterar a pressão ao seu redor — conhecido na física como Efeito Magnus. O lance de Andreas foi diferente.

— Ela não rotaciona intensamente igual ao efeito Magnus, mas o chute cria um eixo de rotação inicial, que se mantém. Ele dá um toque seco na bola. Ela faz uma trajetória chamada de lançamento oblíquo (quando o movimento inicial tem componentes horizontal e vertical). Foi um ângulo muito baixo, não foi um chute para cima. Ele conseguiu dar um tapa no qual ela desce e sobe muito rápido. E ela atingiu a altura máxima bem na linha do pênalti, mais ou menos, a dez metros do gol — explica Ricardo Fagundes, professor de Física, do Colégio Pedro II.

Para alcançar tal efeito, é necessária uma batida bem específica na bola. O ideal é que seja na parte mais inferior, como explica Fagundes:

— O chute tem que ser dado entre a parte interna do pé, a lateral, e o peito do pé. Se chutar só com o peito, não vai. Tampouco com o lado. Faria uma curva normal. O chute tem que ser dado quase que com o dedão. Para o efeito folha- seca acontecer, a velocidade inicial da bola tem que ter a mesma direção do seu eixo de rotação. Ali foi de 90km/h.

Morto em 2001, aos 72 anos, Didi desenvolveu a folha-seca como consequência de uma lesão. Em 1956, quando defendia o Botafogo, o meia se machucou em um jogo contra o América. Mesmo após o tratamento, continuava a sentir dores quando chutava a bola da forma que era proposta no treinamento. Quando batia de um jeito atípico, reparava que não sentia dor.

Em 1984, ele explicou como treinava para alcançar o chute ideal:

— Eu fazia muito exercício com a ponta dos dedos, para fortalecer os dedos do pé. Então, eu cortava a bola no meio, assim ela subia e caía automaticamente.

A folha-seca mais famosa de Didi aconteceu em 1957. Com uma cobrança de falta perfeita de Didi, o Brasil derrotou o Peru, no Maracanã, e se classificou para a Copa do Mundo de 1958, na Suécia.

— Esses gols criam esse arco de trajetória inesperado pelo movimento que a bola obtém após o chute. Pela superfície muito elástica, durante o chute ela vai se deformar. No efeito folha-seca, a bola muda a trajetória dela conforme vai subindo — diz Thiago Tavares, professor de Física do Colégio Teresiano.

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