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Flamengo não abaixa sua crista para ninguém


Bruno de Laurentis

Há um tempo, o Flamengo entrou com processo contra o Grupo Globo por uso indevido de marca no Cartola FC. O clube não recebe um centavo e o Grupo Globo alega que é ação promocional do Brasileiro, pelo qual paga pelos direitos. Porém há anos o Cartola FC passou a ser monetizado.

Uma vez monetizado com assinaturas, o Flamengo entende que o uso de sua marca deve ser remunerado. Os “Fantasy Games” há muito tempo são boa fonte de renda e há muitas outras a se explorar. Mas é sempre uma batalha que o clube trava sozinho, sendo acusado de “egoísta”.

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Em 1977 foi outra batalha histórica do Mengão. Clubes viviam basicamente de suas rendas/bilheterias e faziam muitas excursões. Campeonatos eram deficitários e o dinheiro da transmissão dos jogos não era dos clubes. Nem uma parte sequer.

O Flamengo, que exigiu pagamento pelos direitos de TV de um Fla-Flu disputado no aniversário do clube, em 15 de novembro de 77, foi muito criticado por outros clubes, irritou a cúpula da TV Globo e a CBF, chegando ao gabinete do então presidente Geisel e acabou na Justiça.

Cartolas do Botafogo, por exemplo, dispararam contra o Flamengo: ”agiu erradamente”, ”errou na prática” e ”foi precipitado”. Márcio Braga conta que Roberto Marinho brigou com ele e passou anos sem relação alguma. Mas o Flamengo mudou o futebol brasileiro.

Em 2016, ainda na gestão Bandeira, Flamengo tentou não assinar pelo Carioca, como faria Landim em 2020. Pressionado por Federações, Clubes e Patrocinadores que queriam a exposição, clube buscou a Primeira Liga para substituir o Carioca e sofreu todo tipo de ataque.

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Dentre eles, multas, chamadas públicas, o presidente foi achincalhado no Arbitral, jornalistas diversos mais uma vez dizendo que clube agia contra o coletivo… Presidentes de clubes como Madureira e Boavista alegando que sem o Flamengo perderiam a cota de TV…

Bandeira não assinou o contrato de 8 anos, mas acabou assinando por 3, para que a próxima gestão decidisse o que fazer. Em 2020 o Flamengo já arrecadava 1 bilhão de reais e os R$ 15 milhões por ano, corrigidos pela inflação desde 2017, já não eram mais tão importantes.

Com isso, Flamengo não assinou o campeonato e paralelamente lutou articulando junto ao Governo Federal uma mudança na lei via Medida Provisória que transferia os direitos de transmissão apenas para o Mandante. Rapidamente virou a “MP DO FLAMENGO”, de cunho altamente pejorativo.

Toda bancada dizia que o Flamengo não pensava nos outros clubes, enquanto em sua leviana ignorância, não entendia que com a medida, Flamengo deixava de ter 50% de TODOS os jogos para ter 100% de METADE dos jogos: apenas os jogos onde tivesse o mando de campo da partida.

A MP caducou e rapidamente as articulações do Fla convenceram mais clubes (destaque-se o Bahia) que a MP era importante para o crescimento de nosso futebol. E aí foi novamente para frente e acabou sendo aprovada e sancionada, mas já sendo chamada de “MP do MANDANTE”.

Paralelamente, Flamengo transmitiu seus jogos do Carioca em sua TV e a Rede Globo aproveitou para romper com todos os outros clubes o contrato de mais cinco anos de vigência. A campanha de setoristas que mais parecem assessorias de clubes foi forte e engajada. Mas deu em água.

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O que eles não entendiam é que a medida possibilitava que a Globo pudesse passar metade dos jogos do Flamengo sem pagar um real ao Flamengo, desde que acertasse com os outros clubes. Com um pouco de inteligência, logo se via que a medida beneficiaria o futebol como todo.

A Lei do Mandante, que pareou nossa legislação à internacional, privilegiava a negociação em BLOCO, não a INDIVIDUAL. Passado pouco tempo, os clubes passaram a articular a formação de uma LIGA. Surgiu a LIBRA, da qual faz parte o Flamengo, que quer operar nosso campeonato.

Paralelamente, ainda influenciada por gente de menos tino comercial ou ainda presa ao populismo clubista, surgiu uma outra Liga, a LFF, que tem muito menos clubes de série A e muito menos força. Discordam da LIBRA em detalhes de divisão de receita e tendem a ceder até 2024.

Flamengo já abriu mão de ficar com 100% de sua arrecadação com assinaturas do modelo Pay Per View a partir de 2025, em modelo de divisão de 30% igual para todos e 70% dividido por assinantes. Hoje, clube fica com 18,5% de mínimo das assinaturas, mas sempre esteve acima do valor.

O modelo de tv paga, aberta e streaming está, na LIBRA, nos moldes atuais que fizeram sucesso de 40/30/30, sendo 40% igual para todos, 30% por jogos transmitidos e 30% pela colocação no campeonato.

Inclusive o Flamengo também processa a Globo pelos jogos transmitidos. Explico: o clube alega que fica entre os menos transmitidos em estratégia da emissora para que, com mais torcedores sem jogo, atraia mais assinantes ao Premiere.

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Fla não abaixa sua crista para ninguém. Sempre faz valer seus direitos, contra quem for. Trem pagador e rompedor de barreiras.

O próximo movimento pode ser a pá-de-cal no sistema federativo. Diz a Lei que um clube precisa estar filiado à uma federação, OU filiado à Liga de Clubes reconhecida pela CBF. Uma vez organizadora do campeonato, o Flamengo dará importante passo para tirar força política da FERJ. E não só da FERJ: de todo o sistema federativo, que poderá perder de 40 a 60 clubes, dos maiores e mais importantes do país.

As Federações que hoje querem obrigar que se use time titular, que multam, que agem em interesse próprio, vão passar a negociar conosco, em DESVANTAGEM. Não será fácil darem outro golpe na Lei, como quando estabeleceram peso 3 no voto das Federações para eleição da CBF e mantiveram maioria contra 40 clubes de Série A e B com pesos 2 e 1.

O sistema Federativo que comanda a CBF e nosso futebol hoje sabe que sofrerá uma dura perda.

O Fla processou a Federação para receber direto da TV e evitar multas por discordar do regulamento que lhe era imposto por votos do Arbitral de clubes pequenos com o mesmo peso, de dependência financeira e com empréstimos “confidenciais”: alvo de outro processo por transparência.

Se existe um clube hoje que quer mudar o futebol brasileiro, como faz há décadas, esse clube é o Flamengo.

Outras do Flamengo:

Não existe Federação que viva sem os clubes. Mas Clubes não precisam mais delas. Que toquem o futebol semi-amador e amador. A CBF que crie mais divisões, regionalizadas. Não existe isso de Federações obrigarem clubes a jogar 1/3 da temporada contra clubes municipais que arrecadam até MIL VEZES MENOS, porque elegem a Confederação e porque controlam torneios e arbitrais usando poder econômico sobre clubes fracos economicamente.

O Flamengo precisa de um campeonato de 9 a 10 meses do ano, que se estenda por toda a temporada, parando em Data-FIFA, contra clubes fortes economicamente. Precisa ver o produto crescer. Ou vai bater no teto da arrecadação e não vai ter como crescer mais.

SOMOS O FLAMENGO.

*Esse post não é em tom crítico à Rede Globo, como alguns pensam. Pelo contrário, ela age em lucro próprio como uma empresa que é. O Flamengo é que, em seu gigantismo, não vê adversário ao buscar o que lhe cabe e merece. Nem o maior grupo de mídia do país, nem a Confederação.

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