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Flamengo desmente acusações de engenheiro sobre tragédia


Capela no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, em homenagem às vítimas da tragédia de 2019 – Foto: Gilvan de Souza

UOL: Por Leo Burlá

O Flamengo apresentou ao UOL, nesta quinta (9), trocas de mensagens que colocam em xeque acusações do engenheiro José Augusto Bezerra, publicadas em reportagem do dia 6/3 intitulada “Engenheiro acusa: Flamengo adulterou cena do incêndio”.

O clube afirma que as conversas por WhatsApp revelam que o engenheiro “faltou com a verdade” ao dizer que recebeu uma ligação do CEO do clube, Reinaldo Belotti, no dia 8 de fevereiro, para ir ao Ninho do Urubu no dia seguinte realizar um laudo sobre o incêndio que matou dez crianças da base do futebol.

Um print de tela de WhatsApp com data de 11 de fevereiro mostra troca de mensagens de Belotti com Luiz Eduardo Baptista, atual presidente do Conselho de Administração do Flamengo, que encaminha o contato do engenheiro José Augusto Bezerra para realização do laudo e recomenda: “O cara é rubro-negro e quer ajudar o Flamengo a amenizar o problema. Sem qualquer custo”.

“Vou ligar para ele”, responde Belotti, cerca de meia hora depois.

Procurado pelo UOL, Bezerra reafirma que esteve no Ninho em 9 de fevereiro para iniciar os trabalhos do laudo particular encomendado pelo clube, embora diga não ter como rebater o conteúdo das mensagens apresentadas.

“Não tenho como resgatar mensagens de quatro anos atrás, mudei de aparelho. Que eles mudem as datas, isso não muda o que o Belotti fez, ele pediu para alterar a cena do incêndio enquanto a perícia ainda acontecia”, declarou ao UOL.

Reprodução de pdf com prints de mensagens encaminhadas ao UOL pelo Flamengo para questionar cronologia apresentada por José Augusto Bezerra em acusações com Belotti – Foto: Reprodução

Por que as datas importam?
Em seu relato original ao UOL, o engenheiro afirmou que viu Belotti dar ordens a um funcionário para que arrancasse fios e um disjuntor que poderiam indicar problemas na instalação elétrica do CT antes do incêndio.

Bezerra diz que o episódio aconteceu em 10 de fevereiro, dois dias após a tragédia, quando o local ainda estava interditado para as investigações das autoridades.

Em resposta ao UOL na semana passada, o Flamengo negou as acusações sobre Belotti, mas não contestou a data de 10 de fevereiro. Frisou apenas que qualquer ação que tivesse sido feita nesta data não teria afetado o trabalho da perícia da Polícia Civil, que encerrou a coleta de provas no próprio dia 8 de fevereiro, data do incêndio.

O perito Nelson Massini, ouvido pelo UOL, afirmou considerar estranho que uma perícia para um caso tão complexo tenha ocorrido em apenas 8 horas. Reportagens da época e o depoimento de um perito que assinou o laudo oficial sugerem que os trabalhos nos escombros duraram de “15 a 20 dias”.

Proposta de trabalho enviada em 14/2
À versão apresentada agora pelo Flamengo, de que nem sequer conversou com Bezerra antes do dia 11 de fevereiro, o clube acrescenta um e-mail em que Bezerra encaminha a proposta de trabalho para a realização do laudo.

A comunicação é datada de 14 de fevereiro e menciona o pedido de Bezerra para marcar uma “reunião inicial” antes de começar o trabalho.

O Flamengo também forneceu uma cópia do contrato, assinado em 19 de fevereiro, para sustentar que as datas que Bezerra menciona nas denúncias seriam falsas. O engenheiro confirma o e-mail, mas contesta a explicação:

“Não tinha como mandar uma proposta sem antes ver o local. Ela foi enviada dia 14, sim, mas o trabalho começou dia 9/2/2019, justamente no primeiro dia de contato com o local do acidente e com os representantes do Flamengo. Tirei fotos do local, examinei o local e com tudo apalavrado, posteriormente enviamos a proposta formal do serviço.”

Para defender que esteve no CT em 9 de fevereiro iniciando as inspeções, Bezerra enviou ao UOL um vídeo do rolo de câmera de seu telefone celular que reúne diversas fotos tiradas no local, inclusive aquelas apresentadas na reportagem, que mostram os fios que foram suprimidos. As fotos estão salvas em uma pasta com a data de 9 de fevereiro de 2019.

O Flamengo, por sua vez, afirma que a inspeção só começou a ser realizada em 19 de fevereiro, data mencionada por Bezerra em um trecho de seu laudo oficial que revela sua “surpresa” com instalações irregulares que já haviam sido apontadas havia um ano.

“No dia 19/2 a inspeção foi finalizada, as gambiarras já haviam sido notadas muito antes. A data que consta no meu laudo ilustra apenas o dia em que terminei a vistoria.”

Entenda o caso
A troca de acusações entre Bezerra e Flamengo se estende desde março de 2020. Na época, o engenheiro processou o Flamengo por quebra de contrato de um serviço posterior ao laudo. Na ação, ele alega que o clube rescindiu com sua empresa depois que ela se negou a pagar uma “mesada” a uma pessoa que se dizia ligada à diretoria.

O Rubro-negro diz que o serviço não foi feito e pede de volta o dinheiro que pagou. Além disso, interpelou Bezerra criminalmente para apontar quem lhe pediu propina -o que até hoje não foi revelado.

O Flamengo afirmou que vai entrar com novo processo criminal contra o engenheiro pelas acusações feitas à reportagem do UOL.

Bezerra diz que se coloca à disposição da Justiça para uma eventual acareação com Reinaldo Belotti para confirmar sua versão sobre a adulteração da cena do incêndio.

Link do Artigo do FlaResenha

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