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Exemplo do Flamengo foi o ponto de partida para mudanças do Atlético-MG


Eduardo Bandeira de Mello assumiu a presidência do

Flamengo

em janeiro de 2013 e uma das primeiras decisões no cargo foi abrir mão de Vagner Love. O mandatário liberou o atacante em troca do perdão da dívida de 6 milhões de euros com o CSKA (cerca de R$ 16 milhões na cotação da época), pela compra dos direitos econômicos do jogador. Era o início de uma nova época do Rubro-Negro, que se reorganizou e quase uma década depois tem um dos elencos mais fortes da América do Sul. A caminhada é marcada por conquistas e contratações de grandes craques.

O Flamengo se tornou referência no

futebol

brasileiro, exemplo a ser seguido. Foi o que fez o

Atlético-MG

, adversário do Rubro-Negro no domingo (20), na Arena Pantanal, pela Supercopa do Brasil. Após período vitorioso na década passada, o Galo viu sua dívida disparar e o futebol receber cada vez menos investimentos. Tendo o Flamengo como exemplo, a diretoria atleticana optou por montar elencos mais modestos, enquanto tentava reestruturar financeiramente o clube, entre 2018 e 2019.

Através da MRV, Rubens Menin era patrocinador do Flamengo em 2019 - Pilar Olivares / Reuters - Pilar Olivares / Reuters

Através da MRV, Rubens Menin era patrocinador do Flamengo em 2019

Imagem: Pilar Olivares / Reuters

Embora separados por mais de 400 quilômetros de distância, Atlético e Flamengo estavam ligados por um elo. Era Rubens Menin, co-fundador e presidente da MRV. Conselheiro do Galo e patrocinador desde 2004, o empresário também estampou a marca de sua construtora na camisa rubro-negra. Menin já tinha muita influência na direção do Atlético, mas não tão forte como hoje, e também tinha ótimo relacionamento com Eduardo Bandeira de Mello.

A ideia era aplicar no Atlético o que funcionou no Flamengo. Mas existe enorme abismo financeiro entre os clubes. A capacidade de faturamento do time carioca é muito maior, o que tornaria a caminhada do Galo mais longa e lenta. O Rubro-Negro levou sete anos para conquistar o Campeonato Brasileiro, tendo como ponto de partida as mudanças feitas pela gestão presidida por Bandeira de Mello. Já no Galo não existia nem sequer uma previsão, afinal a qualidade técnica caiu, mas as dívidas aumentaram após os primeiros anos de austeridade.

Com a pressa de ter uma equipe forte em 2023, para a inauguração da Arena MRV, Rubens Menin e outros mecenas resolveram acelerar o processo. Em 2020, após a vexatória eliminação para o Afogados, de Pernambuco, na segunda fase da Copa do Brasil, foram invejados R$ 400 milhões no Alvinegro, via empréstimos. Foi aí que o Atlético passou a traçar um caminho próprio, deixando de seguir os passos dados pelo Flamengo a partir de 2013.

“O Flamengo fez uma coisa notável, ele conseguiu reorganizar as finanças e depois caminhar. Hoje, o Flamengo está bem organizado. O plano inicial do Atlético-MG era reorganizar somente as finanças e fazer a Arena, mas vimos que o futebol não podia ficar de lado. O Flamengo tem uma receita enorme. A gente quer crescer, sem jogar dinheiro fora, ter uma despesa administrativa boa, sem jogar dinheiro fora”, disse Rubens Menin, em entrevista à

ESPN

, em abril de 2021.

No futebol, o sucesso foi imediato. O Atlético reformulou o elenco completamente em 2020, venceu o Campeonato Mineiro e terminou o Brasileirão em terceiro lugar, apenas três pontos atrás do campeão Flamengo. Já em 2021, o Galo fez história, ao vencer o Estadual, a Copa do Brasil e o Brasileirão, além de ser semifinalista da Copa

Libertadores

. Domingo, em Cuiabá, as duas equipes chegam em condições de igualdade na decisão da Supercopa. Pelo menos num primeiro momento o caminho seguido pelo Atlético também deu certo.

Dívida bilionária

Em 2012, último ano da gestão da presidente Patrícia Amorim, o Flamengo era um clube deficitário, que acumulava balanços negativos. A dívida estava acima de R$ 800 milhões e o clube de maior torcida do país não era capaz de fazer frente aos grandes times da época. Passados dez anos, o orçamento para 2022 prevê uma superávit em torno de R$ 190 milhões e mais uma redução no valor da dívida, ficando em pouco mais de R$ 210 milhões.

Se os documentos disponibilizados pelo Flamengo apontam um futebol sustentável, a situação no Atlético é inversa. Em setembro do ano passado, no último balancete divulgado pelo clube, a dívida era de R$ 1,3 bilhão. Como pode um clube que deve tanto se manter muito tempo com um time tão caro? O questionamento feito por torcedores rivais é mais do que correto.

Os quatro mecenas do Atlético-MG: Rafael Menin, Rubens Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães - Pedro Souza/Atlético-MG - Pedro Souza/Atlético-MG

Os quatro mecenas do Atlético-MG: Rafael Menin, Rubens Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães

Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

Enquanto o futebol vai muito bem, o Atlético trabalha para solucionar a questão da dívida. Uma das soluções encontradas é vender 49,9% de um shopping center que o clube tem na região centro-sul de Belo Horizonte. O valor estimado da operação é de R$ 350 milhões e está previsto no orçamento de 2022. Mas a venda depende da aprovação do conselho deliberativo e o assunto será votado nos próximos meses.

Óbvio que R$ 350 milhões não são suficientes para eliminar a dívida total do Atlético, mas existe uma situação peculiar no endividamento alvinegro. Cerca de R$ 500 milhões são de empréstimos feitos com Rubens Menin e Ricardo Guimarães, ex-presidente e também financiador do clube. Além de aproximadamente R$ 250 milhões parcelados pelo Profut, que o Galo tem um longo prazo para pagar. Essas dívidas são tratadas como benignas pela direção atleticana, afinal não comprometem o funcionamento diário.

O restante são dívidas passivas, com instituições financeiras e processos na Fifa. É o que mais preocupa e geram juros que variam de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões por ano. Esses são os débitos que o Atlético planeja pagar com a venda do shopping.

Se em 2020 o Atlético cortou caminho para ter um time mais forte, em 2022 o clube volta a dar passos dentro da sua capacidade. A previsão é

gastar o dinheiro somente arrecadado pelo próprio clube

, sem a entrada de recursos via mecenato.

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