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Engenheiro acusa CEO do Flamengo de adulterar cena do incêndio no Ninho do Urubu


Uma grave notícia veio à tona na manhã desta segunda-feira (6). Em reportagem do UOL, José Bezerra, engenheiro elétrico contratado pelo Flamengo para laudo particular sobre incêndio no Ninho do Urubu, fez graves denúncias sobre situação do alojamento e acusou Reinaldo Belotti, atual CEO do clube, de adulterar cena da tragédia.

O Flamengo, por sua vez, acusa Bezerra de estar tentando influenciar uma disputa judicial entre clube e engenheiro. As duas partes estão na Justiça por uma quebra de contrato em 2020. Nesse sentido, o Rubro-Negro alega que pagou por um serviço não realizado, enquanto o profissional diz que se dá por ter negado um suposto pedido de propina feito por uma pessoa da diretoria.

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Além das acusações de propina e adulteração da cena do incêndio do Ninho do Urubu, que vitimou dez jovens atletas da base do Flamengo, José Bezerra também lembra que o clube já tinha conhecimento dos problemas da parte elétrica do alojamento. Do mesmo modo, o fato de que o Rubro-Negro solicitou um laudo particular vai de encontro à postura mantida pela diretoria de que não abriria sindicância interna e esperaria a conclusão do processo judicial.

Cena do incêndio do Ninho do Urubu adulterada

José Bezerra é engenheiro elétrico e sócio da empresa Anexa Energia. Ele foi contratado pelo Flamengo para fazer um laudo independente em relação ao incêndio no Ninho do Urubu, que aconteceu em 8 de fevereiro de 2019. Ele foi contatado pelo clube no mesmo dia e começou a trabalhar já na data seguinte.

Bezerra recebeu ligação de Reinaldo Belotti, CEO do clube, que solicitou seu serviço em caráter e tom de urgência. Na manhã do dia 9, ele foi ao Ninho do Urubu e, com carta branca da diretoria, examinou todo o local. Belotti deu o direcionamento para que ele avisasse sobre quaisquer problemas relevantes encontrados.

No dia 10, Bezerra voltou ao clube para esclarecer algumas informações. Nesse sentido, ele apresentou graves irregularidades na parte elétrica do alojamento: “O cabo era errado. O disjuntor era errado. Estava tudo errado. Aí eu chamei o Reinaldo (Belotti) e falei: ‘Isso aqui é uma coisa muito grave’”. Além disso, o engenheiro explicou que a aparelhagem não estava pronta para agir em caso de superaquecimento da corrente elétrica.

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Vale lembrar que a versão oficial é de que houve “um fenômeno termoelétrico no interior do aparelho de ar-condicionado do quarto 06”. Do mesmo modo, as “propriedades físicas e químicas dos núcleos dos painéis” fizeram com que o problema se alastrasse pela estrutura. Problemas em fiação e disjuntores foram relatados, mas sem estabelecer relação direta com a tragédia.

Ciente do problema, Reinaldo Belotti prontamente chamou um funcionário. Na sequência, solicitou ao mesmo que arrancasse todas as irregularidades relatadas por Bezerra. A ação, portanto, adulterou a cena da tragédia. O Flamengo, contudo, nega todas as informações e diz que a perícia da polícia foi concluída antes da data do suposto ocorrido denunciado pelo engenheiro.

Há, no entanto, algumas divergências sobre a data de conclusão da perícia. Enquanto a Polícia Civil endossa o falado pelo Flamengo, Vitor Satiro de Medeiros, um dos peritos que assinou o laudo final da polícia, deu versão diferente. Nesse sentido, ele revelou que ficou 15 a 20 dias trabalhando no local, em depoimento à CPI do incêndio no Ninho.

Laudo particular destrói posição do Fla sobre não abertura de sindicância interna

O fato de o Flamengo ter solicitado um laudo particular ainda no dia do incêndio no Ninho do Urubu acaba com uma velha postura da diretoria. Isso porque, cobrada pela instauração de uma sindicância interna, o Rubro-Negro afirmava esperar a conclusão do processo judicial para tomar alguma atitude.

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Vale lembrar que, ainda naquele ano, o grupo “Flamengo da Gente” fez um movimento buscando maior rapidez e transparência do clube nas investigações sobre a tragédia. Naquele contexto, afirmaram a posição do clube, que prometeu abrir investigações após conclusão do inquérito policial.

Até hoje é notório que uma sindicância interna não foi aberta pelo Flamengo para buscar responsabilizar os culpados pela tragédia no Ninho do Urubu.

Diretoria já sabia sobre problemas elétricos que causaram incêndio no Ninho do Urubu

Com carta branca para a investigar tudo acerca da tragédia, Bezerra soube que, em 11 maio de 2018, o Flamengo contratou a CBI para fazer algumas manutenções, incluindo troca de disjuntores e eliminação de “gambiarras”. Houve a aprovação do trâmite, mas ele diz que a empresa contratada nada fez.

A CBI esteve no Ninho no dia 10 de maio e realizou a vistoria. No relatório, contudo, além das irregularidades, há uma observação muito importante.

“As irregularidades abaixo não serão tratadas no momento, pois, conforme informação, o local será demolido e substituído por novas instalações até o final do ano de 2018, deixando claro que caso haja fiscalização e autuação o argumento mesmo que evidente não justifica a irregularidade, ficando a critério do órgão fiscalizador a penalidade ou intervenção”.

Portanto, a CBI não realizou as intervenções devido à justificativa do Flamengo de que o alojamento seria demolido, o que não aconteceu. Vale lembrar que, na época, o então presidente era Eduardo Bandeira de Mello e Fred Luz era o seu CEO. No entanto, Luz deixou o cargo pouco mais de dez dias depois, sendo sucedido por Bruno Spindel, atual diretor de futebol do clube. O cargo hoje é ocupado pelo supracitado Reinaldo Belotti.

Acusação de propina

Por fim, em uma situação mais recente e não diretamente ligada à tragédia do Ninho do Urubu, Bezerra e Flamengo entraram em uma disputa judicial e as acusações também são graves. O engenheiro foi contratado em junho de 2019 para realizar serviços de revisão e adequação da parte elétrica de todo o CT, com prazo de conclusão em até 4 meses.

Posteriormente, no final de julho, houve uma proposta de um aditivo e a extensão do prazo para a realização do serviço para 12 meses. Um ata de uma reunião em 24 de setembro de 2019 apontou o não cumprimento de alguns serviços que estavam no contrato.

Em 5 de dezembro, o clube notificou judicialmente a Anexa, comunicando a rescisão de contrato alegando que a empresa “sequer iniciou a prestação do serviço”. Em contrapartida, a empresa acusou o Flamengo de “desligamento sem justa causa”. Além disso, a defesa da empresa diz que a rescisão se deu por Bezerra ter recusado uma “mesada” pedida por uma pessoa ligada à diretoria.

Por ser uma acusação criminal, o Flamengo “saiu” da esfera cível do outro processo e pediu provas de Bezerra sobre a solicitação da propina. Até o momento, o denunciante não revelou que é essa pessoa. A defesa do engenheiro diz que o clube quer intimidá-lo e ainda diz que o Rubro-Negro está demolindo parte das instalações sem autorização da Prefeitura do RJ, o que pode impedir a confirmação da execução dos serviços que Bezerra diz ter realizado até a quebra do contrato.

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