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Em alta no Flamengo, Hugo Souza avalia decisões e afirma: “Fiquei marcado”


4/1/2022 09:03

Em alta no Flamengo, Hugo Souza avalia decisões e afirma: Fiquei marcado

A temporada 2021 deixou marcas em Hugo, para o bem e para o mal. Depois de falhas cometidas na reta final de 2020, ele perdeu espaço, viveu dias difíceis, mas conseguiu se recuperar nas últimas partidas do Brasileiro. Em 2022, ele promete uma versão com a confiança em alta, boas atuações e foco total no trabalho.

Cobrado para evoluir em seu jogo com os pés, Hugo comentou sobre o medo que passou a ter de errar, principalmente após falhas contra o São Paulo, pela Copa do Brasil e no jogo do título do Brasileiro 2020.

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– Com os erros chega a insegurança e desconfiança. Falta a confiança para tentar o passe difícil, o lançamento. O medo de errar faz errar mais ainda. Talvez tenha acontecido isso comigo. Infelizmente, eu fiquei marcado. Eu tenho que ter a cabeça boa agora, retomando a confiança, a fazer o que eu fazia antes das falhas. Foi o que eu fiz nesses últimos jogos. Joguei sem medo de errar e não errei. As coisas aconteceram da melhor forma – disse o goleiro.

Hugo acredita que um dos motivos para ter tido um 2021 irregular e ter perdido espaço foi ter deixado tentações de fora do campo interferirem em sua rotina. Em entrevista ao ge, ele diz se arrepender de ter parado de ouvir os conselhos de sua mãe:

– Se eu não der ouvidos a ela, como fiz um período da minha vida, fica mais fácil de se perder. Nossos pais sempre querem o nosso bem. Você ter um pouco mais de fama e dinheiro aumenta teu ego, e, se não souber lidar, acaba deixando as oportunidades passarem. Eu consegui, depois de alguns deslizes, retomar meu equilíbrio.

O goleiro contou sobre seu ano agitado, em que por pouco não deixou o Flamengo por empréstimo, sobre as mudanças em sua vida e revelou conversas que teve com Diego Alves e David Luiz. Na próxima segunda-feira, dia 10, ele se reapresenta para iniciar a pré-temporada.

Ge: O ano de 2021 está terminando melhor do que começou para você, certo?

Hugo Souza: Com certeza. Sem dúvida nenhuma. Foi um ano de muito aprendizado, que me fez trabalhar, repensar e ajustar muita coisa para que terminasse dessa forma. Graças a Deus está terminando de uma forma muito boa para mim.

Por que um jogador jovem como você e que surgiu como um furacão oscilou tanto? O que aconteceu para o Hugo não conseguir fazer o que fazia quando assumiu o gol do Flamengo?

Acredito que não só para mim, mas para todos os jogadores jovens, é uma mudança muito radical de vida, de tudo. De uma hora para outra a gente fica famoso, tem as facilidades. Essas coisas acabam atrapalhando o verdadeiro foco, que é se manter bem em campo. Acho que isso pode ter acontecido comigo. Me preocupei um pouco demais com as coisas que estavam em volta. Nunca deixei de treinar, de trabalhar, mas essas coisas atrapalham. Mas eu entendi que teria que estar 100% com a cabeça no futebol para dar a volta por cima. Foi o que eu consegui fazer.

Então, é mais ou menos como se você tivesse precisado dar dois passos para trás para ter a chance de dar três passos à frente agora?

Com certeza. Precisei entender o momento, por mais que eu tenha só 22 anos. É incrível, mas eu agora já não tenho mais a mentalidade que eu tinha com 21 (risos). Isso só o futebol proporciona. São altos e baixos, o que para os jovens é mais normal. Eu tenho trabalhado para chegar a um nível de oscilar só para cima. Isso que eu tenho em frente para o meu próximo ano e para os próximos.

No meio dessas “perdições” que a vida proporciona quando se tem mais fama e dinheiro, você conseguia se perguntar no meio disso tudo se estava ou não te prejudicando?

Sim, eu me perguntava. E sim, em alguns momentos a euforia ultrapassa a razão. Você imagina um jovem de 21 anos com tudo novo pela frente… às vezes é preciso equilíbrio, e talvez eu não tenha tido naquele momento. Eu entendi que precisava alcançar para retomar. São 39 jogos pelo Flamengo, 14 anos de casa. Lutei muito para ter essa oportunidade, e eu pensava: “Não posso jogar fora essa oportunidade”. Eu joguei, tive várias chances, e depois retornar para a terceira opção. Foi nesse momento que eu vi que precisava trabalhar minha mente para estar totalmente focado no futebol. Sei do meu potencial, sei do que posso fazer.

Ir de anônimo a famoso e conseguir realizar coisas que antes não podia é um salto perigoso, com risco de se perder pelo caminho?

Sem dúvida. É muito bom realizar os sonhos, a vitória de tanta luta junto com minha família. E da noite para o dia. Minha base familiar sempre foi muito boa, fui criado na linha pela minha mãe. Sempre fui cristão. Depois de certo ponto, comecei a fazer minhas escolhas, andar com minhas próprias pernas: “Já sou maior de idade, o dinheiro maior em casa é o meu… Posso dar esse passo”. Aí que nos perdemos.

Hoje não tenho mais o meu pai, mas tenho minha mãe. Em qualquer momento da vida ela vai ter algo para me ensinar. Sabe muito mais da vida. Se eu não der ouvidos a ela, como fiz um período da minha vida, fica mais fácil de se perder. Nossos pais sempre querem o nosso bem. Você ter um pouco mais de fama e dinheiro aumenta teu ego, e se não souber lidar, acaba deixando as oportunidades passarem. Eu consegui, depois de alguns deslizes, retomar meu equilíbrio. O foco total tem que ser o campo. Dentro das quatro linhas que muda tudo.

Algum episódio específico foi determinante para esse sua mudança de cabeça?

Acredito que foi um acúmulo de coisas. Com o passar do tempo, vendo algumas coisas. Estou perdendo isso, estava jogando e não estou mais, tinha isso e agora não tenho mais… Esse tipo de pensamento que me fez ver que precisava mudar, virar a chave. Com a ajuda da minha família, namorada, empresário, amigos… trabalhamos em conjunto para o Hugo voltasse a ser o Hugo e pudesse só jogar bola. E eu consegui.

A maioria das pessoas te avalia como um ótimo goleiro debaixo da trave, mas existe o questionamento do jogo com os pés. O quanto isso ainda é algo que você tem realmente que evoluir?

Acredito que todos nós temos algo a evoluir. Qualquer carreira. Nunca é tarde. Eu só tenho 22 anos e muito a evoluir. Uma carreira grande, se Deus quiser. Com certeza ficou marcado, infelizmente, porque meus erros foram deste tipo. Mas é algo que eu sempre consegui efetuar bem na base e até no profissional. Só que com os erros chega a insegurança e desconfiança. Falta a confiança para tentar o passe difícil, o lançamento. O medo de errar faz errar mais ainda. Talvez tenha acontecido isso comigo.

Até o meu primeiro erro (contra o São Paulo), eu vinha muito bem nesse aspecto. A falha te tira a confiança. Eu tive que trabalhar minha mente. Claro que tenho que evoluir com os pés. O Hugo é ruim com os pés? Não. O Hugo faz um trabalho todo dia no CT. Quando termina o treino, peço para fazer esse tipo de atividade. Passe para o lado, para o outro, situações de jogo… Mas, infelizmente, eu fiquei marcado. Tenho a evoluir, vou evoluir. Se é isso que me cobram, é isso que eu quero mostrar. E também não quer dizer que eu seja perfeito debaixo das traves. Porque vai chegar o momento em que eu vou falhar. E aí? Vou ser ruim por completo? Não é assim. Eu tenho que ter a cabeça boa agora, retomando a confiança, a fazer o que eu fazia antes das falhas.

Foi o que eu fiz nesses últimos jogos. Joguei sem medo de errar, e não errei. As coisas aconteceram da melhor forma.

Qual dos erros te machucou mais? O contra o São Paulo pela Copa do Brasil ou o na última rodada do Brasileiro 2020, também contra o São Paulo?

Sem dúvida o segundo. O da Copa do Brasil era muito importante, claro, uma competição que essa geração ainda não conquistou. Mas era o primeiro jogo. Infelizmente falhei. O segundo foi doído. Era uma final para nós, estávamos disputando o título. Quando a gente foi campeão, foi um choro de alívio. Cairia tudo nas minhas costas, eu iria tomar pancada de todos os lados. Não sei se suportaria, não sei como seria minha reação.

Acha que teria o risco de ser o fim da sua carreira no Flamengo?

Não sei. Não posso dizer porque não sabemos. Mas ficaria muito difícil retomar a confiança da diretoria, da torcida. Mas fomos campeões. Aquele foi o erro mais dolorido para mim.

Durante o período que você ficou como terceira opção, chegou uma proposta de empréstimo de um clube português, mas não houve tempo de fechar a negociação por causa do fim da janela. Hoje você comemora não ter dado certo?

É real, realmente tive sim essas propostas de empréstimo, mas foram em cima da hora e não deu certo. Mas meu desejo sempre foi ficar no Flamengo. Sou flamenguista, minha família é flamenguista, o sonho do meu pai era me ver jogando pelo Flamengo. Eu ainda tenho essa vontade de dar meu melhor no Flamengo, mostrou que sou bom, que tenho capacidade de defender essa camisa.

Mas claro que sou profissional, e na época eu não estava jogando. Se fosse uma oportunidade boa, eu iria, mas com a cabeça no Flamengo. Não fiquei triste por não ter dado certo. Trabalhei ainda mais. Coloque na cabeça que Deus estava guardando algo melhor para mim. Trabalhei três vezes mais. Eu sentia que algum dia eu teria a oportunidade de jogar, por mais que parecesse difícil por eu ser o terceiro goleiro. Diego e Gabriel jogando bem. A oportunidade apareceu e eu estava bem preparado para desempenhar meu melhor futebol.

Realizei um dos meus grandes sonhos, que era entrar no Maracanã para aquecer e a torcida gritar o meu nome. No último jogo, contra o Atlético-GO, eu entrei e a torcida me ovacionou, gritou meu nome mais de uma vez. Depois de tudo o que eu passei, isso é uma emoção muito grande. Graças a Deus terminei o ano dessa forma.

E qual sua lembrança de quando teve novamente a oportunidade de jogar? Foi o Renato quem te contou, foi o preparador de goleiros…?

O Renato quando chegou conversou comigo. Eu estava desanimado, e ele disse que eu tinha que trabalhar que a chance ia chegar. Peguei isso para mim. Quando chegou perto, ele falou para eu ficar pronto que ele me colocaria em algum momento. Aí teve um dia que simplesmente ele soltou a relação e me colocou para treinar no time que ia jogar. Fui, treinei e pensei: minha oportunidade chegou. Ganhamos de 3 a 0 do Bahia e fiz um bom jogo, porque me preparei meses antes.

Minha maior memória foi a perseverança no trabalho.

Você comentou sobre a importância da família, namorada e amigos durante o período em que era o terceiro goleiro e estava desanimado. E dentro do Flamengo quais foram as pessoas importantes para sua volta por cima?

Temos um grupo muito bom. Os mais velhos abraçam, dão conselho. Aprendo todo dia com Diego Alves, que tem uma experiência enorme na Europa e é um grande goleiro. Tem o Diego, Filipe Luís, que têm uma carreira gigante… Eles são referências e me passaram tranquilidade, diziam que meu momento ia chegar.

Lembro de um dia que eu tinha treinado muito bem, aí o Diego me chamou a falou: “Está vendo, esse é o Hugo que eu conheço, que treina com alegria, disposto. Esse é o Hugo que eu conheço. Você sabe que é bom”. O David Luiz também é um cara sensacional. Dois dias depois de chegar, me chama para conversar e diz: “Mais alegria para treinar. Vamos, treinar, pô. Eu sei o que você está sentindo. Você acha que eu não sei que você está frustrado e triste? Futebol não combina com tristeza, combina com alegria”. Eu disse que seguia trabalhando, mas por dentro realmente eu não estava bem. Sabia onde eu tinha chegado e onde eu estava na época.

Peguei aquilo para mim e comecei a fazer os melhores treinos possíveis da minha carreira. Aí a oportunidade apareceu.

Quando você pensa em 2022, o que passa pela sua cabeça?

Em muito trabalho. O grupo do Flamengo é o melhor do Brasil, e vamos lutar pelo títulos. Minha cabeça é sempre de ajudar a conquistar os objetivos. Os coletivos vêm sempre na frente dos individuais. Nessa temporada não conseguimos os títulos, mas na próxima temporada eles virão.

O ano de 2021 foi importante para o seu amadurecimento. Qual mensagem o Hugo de hoje mandaria para o Hugo de um ano atrás?

Eu viraria para ele e diria: toma cuidado. Toma cuidado com tudo o que a vida vai te oferecer. Fica focado no futebol, é ele que vai fazer você conquistar os seus sonhos. Foca 100% no futebol, ele quem vai mudar a vida da sua família. Essa é a mentalidade do Hugo de hoje.

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