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Eleição põe em debate Flamengo bilionário versus clube do parquinho


4/12/2021 07:38

Eleição põe em debate Flamengo bilionário versus clube do parquinho

Sede social do Flamengo, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro (Imagem: Divulgação/Flamengo0

A eleição do Flamengo ocorrerá neste sábado com um colégio eleitoral máximo em torno de de 7 mil sócios-proprietários. Isso em um clube que tem 68 mil sócios-torcedores e é querido por quase um quinto da população brasileira aficcionado. A discrepância de representatividade no pleito escancara um debate entre a agremiação de receita de um bilhão e o clube do parquinho para associados.

São candidatos no Flamengo o atual presidente Rodolfo Landim, favorito, e os concorrentes Marco Aurélio Assef, Walter Monteiro e Ricardo Hinrichsen. Não é o objetivo deste texto discutir propostas, qualidades ou defeitos de cada um. Há veículos que fizeram entrevistas com esse objetivo.

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A intenção é entender se faz sentido que sete mil pessoas —ou menos— decidam o futuro de uma agremiação que é relevante para tanta gente. Primeiramente, é preciso ressaltar que, pelo estatuto do Flamengo, só votam sócios-proprietários, isto é, quem comprou título do clube. E só votam no Rio de Janeiro, os moradores de outras cidades foram vetados após uma disputa judicial.

A chapa de Walter Monteiro entrou com uma ação para garantir o voto dos chamados off-Rio. Baseava-se na Lei Pelé, que dá o direito ao voto não presencial em entidades desportivas. A diretoria do Flamengo lutou contra na segunda instância. Seu principal argumento foi que o estatuto do clube (em seu artigo 150) só prevê votos na sede.

Ao final, o Tribunal de Justiça decidiu em favor do Flamengo alegando que haveria complexidade para implantar o voto não presencial, o que ameaçaria a eleição. No Vasco, em 2020, foi possível realizar a eleição desta forma. Em sua argumentação, o clube disse em determinado momento que: “a verdade é que a vida social do Flamengo se limita à capital fluminense”.

É um fato, a vida do associado do clube está restrita à Gávea, bairro da zona sul do Rio. Mas a realidade é que a principal tarefa do presidente do Flamengo não está limitada à sede. Pelo contrário, está predominantemente ligada ao futebol, a atividades externas à sede.

O balancete do Flamengo até setembro de 2021, por exemplo, mostra que a renda do clube é majoritariamente gerada pelo futebol. Do total arrecadado, 92,8% veio deste departamento. O clube social proporcionou 1,94% da arrecadação total.

Foram os torcedores do Flamengo que levaram a uma receita que vai atingir R$ 1 bilhão no ano corrente. Essa receita é um mérito da atual gestão que conseguiu elevar fontes de renda como marketing e vendas de jogadores. Mas só foi possível por causa da existência da massa de 68 mil sócios-torcedores e de quase um quinto da população brasileira que leva o clube ao atual patamar. Os associados têm uma participação minoritária.

“Ah, mas o estatuto estabelece que o associado é dono do Flamengo” Ora, então, já está mais do que na hora de rever o estatuto do clube. Clubes como Internacional, Grêmio e Fluminense já têm abertura para participação do sócio-torcedor em suas eleições. Os colégios eleitorais no sul são bem mais amplos. Isso para não falar de estrangeiros como Benfica e Barcelona com amplo colégio de sócios.

Uma prova de que o colégio eleitoral provoca distorções de prioridade é que Landim preferiu inaugurar um parque infantil na semana da eleição em vez de dar explicações sobre a derrota da Libertadores. Qual seria o principal interesse do torcedor que banca o clube?

Pode-se discutir como o colégio eleitoral do Flamengo seria ampliado. Sócios-torcedores mais fiéis? Aumento do quadro social com torcedores off-Rio? Isso deveria ser tema de debate no Conselho. Fato é que o número que pessoas que decide o futuro do clube tem que crescer independentemente de quem venha a vencer o pleito deste sábado.

O Flamengo foi pioneiro na década passada ao buscar austeridade quando a maioria dos clubes gastava. Abriu-se com transparência ao publicar suas contas completas como nenhuma agremiação tinha feito anteriormente. Esse passo o levou ao crescimento atual.

É preciso continuar em frente. Caso decida se enclausurar, o Flamengo estará indo na contramão de um mundo que clama para que cada vez mais pessoas tenham voz nos espaços e entidades públicas —sim, o clube de futebol é privado com natureza pública. E também vai contra a natureza rubro-negra que é ser um clube aberto, para rua, para o povo.

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3 visitas – Fonte: Blog Rodrigo Mattos

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