Por um lado é preciso respeitar a coragem de Vitor Pereira. Pressionado, vindo de uma série de partidas ruins e com um retrospecto fraquíssimo em clássicos – duas vitórias em 11 jogos contra rivais no futebol brasileiro – o treinador português, tal qual um viciado em jogo que coloca até a o cartão de metrô e a marmita do trabalho na mesa de pôquer, deu o famoso all-in.

A escalação com três zagueiros de ofício na formação 3-4-3 e a decisão de barrar Santos, Fabrício Bruno, Ayrton, Vidal e Éverton Ribeiro, foram uma tentativa do treinador de trucar a sorte e o destino. Assim, Vitor se colocou em uma daquelas situações em que se tudo desse certo ele seria visto como o visionário que reformulou o Flamengo. Mas se tudo desse errado, bem, finalmente ele iria poder cuidar da sogra como havia prometido para a torcida corintiana no fim de 2022.

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E no começo até que as coisas funcionaram. Num primeiro tempo confuso em que ambos os times demonstraram imensa disposição e mínima estabilidade emocional, o Everton Cebolinha de 2023 viveu um momento “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”. foi temporariamente substituído por uma versão do Everton Cebolinha de uma linha temporal onde ainda era 2017, marcando um lindo gol e deixando o Flamengo na frente do placar. Não era uma grande atuação rubro-negra, mas diante do referencial das partidas anteriores, já parecia ser uma evolução.

Mas o bom momento não durou. A equipe rubro-negra voltou do intervalo sob efeito de fortes psicotrópicos e já sofrendo o gol de empate com menos de 10 minutos. E foi aí que Vitor Pereira, que já estava apostando a chave do carro e a escritura da casa, decidiu que era hora de colocar também a roupa do corpo para jogo, com uma trinca de substituições que mudaria o rumo da partida.

Sim, porque a saída de Gabigol para entrada de Mateusão – até agora o pior de todos os 130 “matheuses” do elenco – e as saídas de Arrasca e Igor Jesus para as entradas de Vidal e Ayrton Lucas conseguiram ser decisivas para o rumo da partida, definindo quem seria o campeão da Taça Guanabara de 2023. No caso o campeão foi o Fluminense.

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Isso porque com as mudanças a equipe rubro-negra perdeu presença ofensiva. O Flamengo ficou absolutamente acuado em campo e assim atraiu o Fluminense, que conseguiu, aos 39 minutos, o gol da virada. Gol esse que saiu num momento em que o Flamengo já se encontrava absolutamente inofensivo e incapaz de articular sequer um pensamento coerente, quanto mais uma jogada de ataque. O que se viu depois do gol foi apenas caos, tristeza e confusão. Bem como Felipe Melo expulso sem nem mesmo tocar na bola, o que só surpreenderia alguém que não conhece o Felipe Melo.

Com isso, Vitor Pereira alcança seu quarto torneio perdido na primeira quinzena de março, mantém um retrospecto terrível em clássicos. E vai esgotando todos os álibis que pudessem justificar o lamentável desempenho desse Flamengo de 2023. Afinal, ele barrou os medalhões, ele mudou o esquema tático, fez o que queria com o time. E mesmo assim não existe evolução, não surgem resultados e quando as coisas parecem melhorar, ele mesmo, com sua absoluta incapacidade de ler o jogo, consegue atirar fora qualquer oportunidade de redenção.

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Então com uma Supercopa, um Mundial, uma Recopa e agora até mesmo uma Taça Guanabara jogados no lixo, é hora da diretoria rubro-negra deixar o orgulho de lado e reconhecer que fez uma escolha ruim ao contratar um treinador cujo grande mérito foi uma temporada regular com o Corinthians e “complicar um jogo” contra a gente.

Que Vitor Pereira finalmente agora possa então se dedicar integralmente aos cuidados com sua sogra, talvez até mesmo usar a rescisão para uma boa viagem de férias, quem sabe um spa, quinze milhões podem sim fazer muita diferença na vida de uma pessoa. Porque o Flamengo, apesar de ter jogado alguns meses fora, ainda tem tempo de colocar sua temporada nos trilhos, só que pra isso vai precisar de um treinador de verdade. Algo que esse português que está na Gávea certamente não é. 

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