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David Luiz à flor da pele e encantado pelo Flamengo: “Uma das melhores páginas da minha vida” – Flamengo Com Vc, Mengo


Por Redação em 17/11/2022 às 03:09:18 Zagueiro passa a limpo um ano e meio de Brasil: “Talvez não imaginasse que seria tão especial e que mexeria tanto comigo como já mexe hoje. Dá prazer em dizer que é um clube que está no meu coração” Deixe as atuações irretocáveis dentro de campo de lado. David Luiz foi um dos grandes responsáveis pelo Flamengo voltar a ser vencedor, acima de tudo fora de campo. Psicólogo, motivador e líder, o zagueiro exerceu papel fundamental para as conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores. Realidade que o faz ainda mais orgulhoso do que pelos muitos desarmes, passes e até assistências nesse um ano e meio de volta ao Brasil.

Em bate-papo franco de mais de uma hora, o defensor não se privou de pautas e se declarou ao Flamengo. A preocupação sobre voltar ou não ao Brasil deu lugar a um dos momentos de maior realização na carreira dentro e fora de campo:

– O Flamengo é o ápice das emoções! É você viver à flor da pele. Sempre “o que vai acontecer?”. Mas também é a realização da maioria dos brasileiros. Mesmo quem não é flamenguista está envolvido. Ou é torcedor ou queria saber como que é…

– É uma das melhores páginas da minha vida, uma das melhores coisas que o futebol tem para viver. Imaginava? Não sei. Talvez não imaginasse que fosse tão especial e mexesse tanto comigo como já mexe hoje. Dá prazer em dizer que é um clube que está dentro do meu coração!

Campeão da Champions e da Libertadores, David fala com o GE

Cahê Mota / ge

David Luiz se tornou protagonista do Flamengo de 2022 muito pela capacidade de levantar o moral de peças que viviam na mira do torcedor. Rodinei é o maior dos exemplos, mas não são poucos os jogadores impactados pelas palavras do jogador de 35 anos e que está em negociação para renovação de contrato:

– É prazeroso. É realmente algo que me faz feliz poder de alguma forma ajudar a eles darem continuidade ao sonho deles. Não fiz ninguém virar jogador. Simplesmente, é dividir um pouco a minha experiência de inúmeras pessoas que me ajudaram com eles. É encontrar a melhor forma de falar isso para eles.

Mais do que o mundo Flamengo, David Luiz falou também sobre o Brasil que encontrou após mais de 15 anos de Europa:

– É muito amplo, né? Para mim, o grande problema da nossa sociedade é a educação. Não só futebolístico, mas todo. Se pudéssemos entender, seríamos muito mais coletivos e realizaríamos muito mais para todos e beneficiaríamos cada um. Foi o que mais me assustou não só futebol, mas como país.

Confira abaixo em texto e clique no link acima para desfrutar em áudio de mais de uma hora de conversa com David Luiz, sem filtros e de coração aberto após uma vida inteira longe de seu país:

Realização por atuar no Brasil

– Foi zero planejado. Tudo começou devido a pandemia, que mexeu com todos nós no mundo inteiro. E me fez repensar muito sobre a vida, a família, tudo que eu já tinha deixado de viver com eles, de estar longe desde os 13 anos de idade, de ter ido embora para Europa. Minha família sempre esteve muito presente na minha vida. Se não era presença física, era falando todos os dias. Mas me fez repensar. Aí, eu venho para o Brasil para apresentar minha primeira filha para a família e comecei a viver, assim que saí do Arsenal, aquelas férias sem saber para onde eu ia de maneira mais tranquila.

David Luiz Gabigol Flamengo campeão Libertadores

Santiago Arcos/Reuters

Vivi o dia a dia com eles, ainda em processo de pandemia, mas todos nós em uma casa, todos juntos, e fui começando a refletir da vida profissional. Até se continuaria ou não jogando futebol, o que faria, onde faria… Tive propostas da Europa para voltar e não voltei, Sampaoli viajou até Angra para me ver, queria me levar para o Marselha e eu falei que não ia. E de repente, como todo mundo viu, começou um movimento muito forte da nação e comecei a sentir aquele carinho. Comecei a discutir com a família: “Será?”.

Não tinha pretensão de voltar a jogar no futebol brasileiro e nem tinha jogado, né? Joguei Terceira Divisão e quando subiu para a Segunda fui embora. Não tinha nem provado do sabor, não sabia como era, não sabia nada. Aí, comecei a sentir a nação e todo dia se falava. De tanto que se falava, eles estavam se irritando: “E aí, não vai responder?”. Mas não tinha nada do Flamengo ainda, nem conversado. Pediam resposta, mas resposta de quê? Foi um processo tão longo. Depois, quando surgiu a proposta, conversei com o pessoal, parei realmente para analisar e já estava comovido. Você me conhece, sabe como sou, e gosto de viver coisas puras e que alegram meu coração. É um sentimento muito mais gostoso e real, ganhando ou perdendo. Aí, foi fácil decidir. Vi todo mundo feliz, esse oxigênio familiar, um dos maiores clubes do mundo dando oportunidade de dar continuidade a um projeto vencedor, não pensei duas vezes.

Sou muito competitivo, gosto de ganhar, gosto de grandes desafios. Era provar algo que um time já tinha provado em anos recentes. É desafiador, me motiva, e foi assim que decidir.

Sentimento ao olhar para trás

– Quando eu faço minha apresentação, falo que poderia ser uma das páginas mais bonitas a serem escritas na minha carreira. E vejo que não estava errado. Por tudo que vivi com as pessoas, relacionamentos de amizade, crescimento junto no clube, e ter uma visão muito mais sensível e madura para ajudar pessoas da minha profissão. Fui me realizando em inúmeras áreas não somente dentro de campo e também fora dele. É uma das páginas mais bonitas da minha carreira, sim.

David Luiz beija a camisa do Flamengo em apresentação

Marcelo Cortes / CRF

Cheguei e pude estrear numa semifinal de Libertadores. Até falei para meu pai e alguns amigos: “Será que vai ser a primeira vez na minha vida que vai vir um título fácil?”. E não veio. Mas foi ainda melhor toda essa reconstrução no sentido de esperar esse grito de campeão com o Flamengo. Tive a oportunidade de ser campeão em todos os times que passei e o sentimento é de gratidão por todos os clubes que passei e pessoas que me amam. Gratidão por jogar em um time que é movido pela paixão, que mexe com o dia a dia e a vida das pessoas. Algo que muitos colocam à frente até de coisas que nós não colocaríamos, como família.

É importante ter a noção de quem a gente representa, o que a gente representa. Sou grato a Deus por ter a oportunidade de viver isso. Foi uma escolha certa que fiz na carreira. O que me move é isso. Poderia estar em um clube de paraíso financeiro, sem competitividade, vivendo a vida, e isso não seria o David, não seria eu.

Relacionamento com o torcedor

– Acho que isso já em enraizado nos meus princípios, na minha educação. Meus pais me fizeram entender que a cada escolha que você fizer na vida tem que entender tudo que possa vir. Ao longo dos anos, aprendi, e a pandemia provou, que o estádio sem torcedor não é um estádio de futebol. O jogo sem torcedor não é um jogo de futebol. E não falo de milhões ou milhares, falo de quando você joga em um final de semana com dois clubes do bairro, você sabe a paixão que está ali. Aquilo é real, é paixão. Quando você tem a oportunidade de representar um dos maiores clubes do mundo, e vamos citar Piauí aqui, onde pessoas não têm muita oportunidade de nos ver, você deve ter essa noção do que representa, independente do cansaço, de qualquer coisa. Isso faz parte da nossa profissão, ter esse conhecimento e se colocar no lugar das pessoas que nos fazem grandes astros o futebol.

David Luiz tira uma das muitas selfies em Teresina

Gilvan de Souza / CRF

Só somos grandes porque o Flamengo é grande. Representar o Flamengo te faz grande, mas o Flamengo só é grande porque tem grandes torcedores. Eu analiso dessa forma. Então, a paciência pode um dia não existir, mas a consciência você deve ter. Eu sempre tento ser o melhor possível. Posso errar, porque é normal, mas é prazeroso para mim, porque me coloco no lugar das pessoas que deixaram de trabalhar para levar o filho, a pessoa que brigou com o patrão que não entende o que é a paixão pelo Flamengo, o estagiário que abre mão do trabalho para ir lá. Eu tenho essas loucuras, mas penso nisso.

Um pai que tira a foto para daqui a 15 anos mostrar para a filha. São coisas que marcam a vida das pessoas e foram inúmeras vezes que marcaram a minha vida.

David do outro lado

– Nunca contei essa história, mas eu jogava na base do São Paulo e ficava ali no Morumbi. Tem uma proteção onde ficam os ônibus dos dois times. Ficava tentando achar um espacinho para ver os jogadores. Um dia estava lá, queria ver num jogo contra o Flamengo, e o Beto me viu pequeno, com uns 11 anos, me pegou e colocou dentro do ônibus do Flamengo. Todo mundo falando: “Tira foto com o moleque aí”. Não tinha a máquina e falavam: “Então, toca aqui”. Até que o Beto pega um meião cortado, como eu uso também, e guardo aquilo. Esse momento eu guardo até hoje.

Quando fui lá jogar com o Flamengo, isso me deu uma nostalgia tão grande que me fez pensar: “Caramba, agora estou do outro lado. Estou entrando para onde eu olhava e ficava pensando o que acontecia. Lembro de estar subindo na escada olhando o jogo e pensar: “Agora, eu sou o cara que eu ficava assistindo”. Fiquei muito nostálgico. Eu treinava nas arquibancadas do Morumbi. Então, eu gosto de lembrar disso.

Muitas vezes, uns meninos tocam aqui em casa, minhas filhas estavam dormindo e eu falo que só não pode acordar minha filha, mas tiro fotos. Mesmo nesse mundo da tecnologia, dos likes, das fotos por ter, ainda existe a parte que não tem preço, o valor de tocar no coração das pessoas. Cabe a nós, jogadores, compreender isso. Um dia você sonhou também e as pessoas têm o direito de sonhar.

A contrapartida desse carinho

– É meu oxigênio! Representar milhões de pessoas e poder alegrá-las de alguma forma é o que me faz continuar amando o futebol e seguir amando o futebol. Sem dúvida nenhuma!

A dúvida de voltar ao Brasil

– Foi mais por pessoas que voltaram e falavam: “Não volte”. Não algo individual. Sobre pegar pesado, sempre vão existir duas visões: a minha e de alguém. Enquanto eu estiver no âmbito profissional, das críticas e darem opinião com educação, não será problema. Não tenho problema em sentar na mesa e conversar com ninguém. Mas coisas direcionadas de forma maldosa, estudadas, aí já perde o valor que deveria ter e entra em outro caminho que não é o correto.

David Luiz fez história no Chelsea

Reuters

Para mim, foi das pessoas que falavam muito para não voltar, falavam que o Brasil não está organizado, isso e aquilo. Na vida, há prós e contras. Diziam que no Brasil não há competitividade. Vem jogar aqui… Para o ano que vem são 80 e poucos jogos e lá fora seriam 55, 60… Você joga no Rio Grande do Sul, depois vai jogar no Nordeste, inúmeras viagens. É totalmente diferente. As dificuldades existem. O que move futebol é paixão e aqui existe paixão.

Cobranças no fim de 2021

– Sou um cara muito puro, direto e sincero. Procurei ter o máximo de sensibilidade possível para entender o que era o Flamengo. Quando cheguei, fiquei totalmente em modo análise. Mais do que colocar para fora aquilo que pensava, por respeitar tudo e ter humildade. De repente, não sabia como ganhar no Brasil. Lá fora, tudo é muito quadrado e no Brasil não é. Dei meus discursos, minha análise da forma que deveria fazer, com respeito e força. No sentido de: “Eu acho isso, posso estar errado, mas penso que poderíamos melhorar em inúmeros aspectos”.

David Luiz comenta vaias da torcida após derrota para o Santos: “Grupo precisa amadurecer”

As pessoas entenderam que eu não queria apontar algo somente por apontar. Estava tentando encontrar um caminho como todo mundo tenta. Temos inúmeros líderes dentro do Flamengo e todos têm autonomia para falar o que pensa, o que acha do momento. Falei o que achei e foi bom. Depois de um ano, vimos pela harmonia que temos e conseguimos conquistar mesmo começando um ano conturbado e de forma difícil.

Perdemos a Supercopa, o Carioca, e lembro de uma entrevista que dei depois do jogo do Botafogo e falei: “O que importa não é como começa, mas como termina”. Ser grande no esporte é compreender o momento, o que está acontecendo, onde melhorar, e acho que conseguimos ter. A palavra resiliência virou moda, mas a compreensão de ser resiliente é de cada momento da vida. Sendo pai, começamos a entender cada vez mais e de forma mais gostosa e nítida. Com o passar dos anos no esporte também.

Primeiro semestre ruim

– De coração, um erro coletivo. Quando é coletivo, é mais difícil de tentar corrigir. As pessoas esperam que a gente aponte nomes, mas são tentativas de todos de fazer de uma forma que pensa e não conseguir colocar em prática. O Paulo Sousa tentou de inúmeras formas acertar, assim como nós jogadores, diretoria… Ninguém tentou errar ou prejudicar o Flamengo. Tanto que eles foram embora tristes, alguns jogadores também. É tentar fazer algo e não conseguir. Seria muito petulante da minha parte encontrar uma ou duas causas, levantar essa bandeira totalmente errada.

David Luiz em treino no Ninho do Urubu

Marcelo Cortes / CRF

Foi um erro coletivo que soubemos gerir, aprender rápido para continuar. Assim como eu falo que a Libertadores foi uma das melhores campanhas pelo trabalho do Paulo… É um dos maiores anos da história do Flamengo por tudo que tem sido feito pelo presidente, pela diretoria, as bombas que têm aguentado para o Flamengo ter um ano importante. Assim como os jogadores tiveram inteligência para ajudar e manter o que era bom. Sabia que teríamos tempo para dar a volta por cima, e demos.

Impacto do Dorival

– Ele teve muita, muita, muita, muita sensibilidade e humildade para reconhecer o que estávamos vivendo. Foi sensível para nos reger de uma forma tranquila e simples. Ao mesmo tempo em que deu confiança para alguns que não estavam com ela, conseguiu motivar no sentido de fazer cada vez mais. Ele teve esse trabalho humano muito inteligente de forma simples. Simplificou também no âmbito tático e técnico em campo pelo grupo. E tivemos alguns pontos-chaves, como o jogo do Atlético-MG, onde viramos a chave e vimos que estávamos no rumo certo.

Subida de produção

– O individual só é realçado quando o coletivo está bem. Tive inúmeros jogos bons no Carioca individualmente. Lembro que cheguei até a final sem errar um passe curto, mas o que adianta? No futebol, você analisa as individualidades quando o coletivo está bem. O que ajudou as pessoas a observarem novamente o David foram os grandes jogos para ver o nível. A minha cabeça é de motivação extrema. Tenho que agradecer a Deus por passar pelos grandes centros e disputar os maiores jogos do mundo, contra os melhores do mundo. E sabia que eram esses jogos que esperávamos ano a ano. Aqui, não foi diferente.

Impacto nos companheiros

– Estudo já há alguns anos para ser treinador de futebol, tenho meu dossiê escrito, tenho algumas coisas que acredito, mas a principal delas é tentar entender quem é a pessoa que está do outro lado com a história e os sonhos que têm. Depois disso, é mais fácil tentar ajudar a encontrar o caminho.

A primeira vez que eu falo com o Pedro, ele fica p… comigo. Porque eu falei com ele de forma dura. O Pedro é um menino doce, um coração incrível, mas fui bem sincero e falei: “Dessa forma que você treina não vai acontecer. Você pode falar mil coisas para mim, mas há algo que não tem como negociar, que é o trabalho, a dedicação. Você não querer evoluir todos os dias é inegociável”. E as pessoas que trabalham, em qualquer área, para proteger o trabalho delas, quando perdem esse trabalho não vão ter nenhum. Quem trabalha para evoluir, quando perder vai ter inúmeras oportunidades.

Rodinei, Pedro e David Luiz comemoram tetra da Copa do Brasil pelo Flamengo

Pedro Martins/Foto FC

No futebol, o problema é deixar de tentar evoluir. Fui duro com o Pedro. Ele pode falar mil coisas, estar chateado pelas Olimpíadas, por chegar para jogar e não jogar. Crê em Deus, né? A parte do orai é a parte de Deus, o vigiai é trabalhar. Falei: “Limpa seu coração e depois a gente conversa”. Depois de dois dias, ele veio: “Já limpei meu coração”. Falei: “Agora, desfruta que vem muita coisa boa”. Ver o Pedro evoluir é um dos meus maiores prazeres, vê-lo na Copa do Mundo, comemorar com a família dele… Ver o Lázaro indo embora para Europa e os pais agradecendo. Ver que as coisas vão dando certo para as pessoas é o que me faz feliz. Ajudar a realizar é um dos maiores sentimentos da vida. Hoje sendo pai, entendemos muito mais. Ajudar a realizar é uma das coisas que mais me dá prazer na vida! É legal ver que me escutam, querem…

O Léo foi um deles! Quando vi o Léo e o Rodi campeões da Copa do Brasil e batendo pênalti, fiquei totalmente emocionado e feliz. Se o pênalti dos dois não tivesse entrado, eles não receberiam o que mereciam. Ia faltar a cereja do bolo. Quando vi os dois batendo o gol de pênalti, a gente sendo campeão, vi que vale a pena a gente fazer as coisas corretas.

Falei com o Léo no Maracanã depois de um jogo: “Acende a chama no seu coração para jogar futebol igual seu olho brilha jogando futevôlei comigo. Eu só vou embora do Flamengo quando ver seu olho brilhando comigo de novo”. Eu sempre amei jogar mais do lado esquerdo do que direito, mas a vida desenhou que eu estivesse perto do Rodinei ali… Isso é o que faz a vida ter sentido. É gratificante de coração, porque é real, porque é isso. As pessoas acham que somos super-heróis. Ninguém é e poder encaminhá-los a viver o que eu vivi me deixa muito feliz. Ver o que Pedro ir para Copa do Mundo me deixa muito feliz. Vivi isso e sei o quanto isso mexe com a nossa família.

Ligação para Andreas Pereira

– Lembro do gol que ele faz contra o Tolima, que talvez tenha sido um dos piores jogos que fizemos na Libertadores. Um jogo onde nos primeiro 20 minutos era para estar 3 a 0 para o Tolima, um time que nos causou muitos problemas. Lembrei desse jogo em que ele se despediu com um gol, um jogo que tinha tudo para ser ruim. Depois, vencemos aqui de sete e tirou um pouco do brilho do jogo de lá. Não ia ser a mesma coisa se perdêssemos o jogo lá, podem ter certeza. Isso ficou gravado para mim.

Andreas Pereira em ligação com David Luiz após título do Flamengo na Libertadores

Reprodução / Instagram

Fomos passando e fase e eu pensava que, não só pelo que aconteceu ano passado, mas pela mensagem que ele passou para o grupo. Você perde uma Libertadores da forma que foi, com um erro individual, ele viver o que viveu, e chegar na pré-temporada e ser o melhor jogador na parte física? Ele já passou uma mensagem para o grupo de força do caramba! A todo momento, ele não queria ir embora do Flamengo. Queria ficar, ficar, ficar, ficar… É um jogador que atuou em três posições diferentes na Libertadores, nos ajudou para caramba. O que eu fiz não é uma ação grande, é o mínimo.

Reconheci um profissional que o Andreas foi e nos ensinou muito. Depois, um amigo que merecia ter esse sorriso estampado e viver com a gente. Tanto que eu ligo, ele desaba e fala: “Queria estar aí”. Estava com ele na cabeça quando acabou o jogo e o grupo inteiro queria estar com ele. Foi um cara muito importante fora do campo, estávamos sempre juntos. É um cara que o Flamengo inteiro aprendeu a amar. Talvez não tivessem sentido a dor junto com ele no Uruguai, mas depois quando conheceram sentiram.

Quem foi o conselheiro do David?

– Tive inúmeros! No Vitória, tive o Arthurzinho, que me lançou, o Sandro, que foi zagueiro do Botafogo. Lembra? Sandro era um mentor para muitos de nós pela idade que tinha, pela vivência, pela calma e tranquilidade. Teve uma história de quando comecei a jogar na Terceira Divisão. Não jogávamos nem de lado, era eu na frente e ele na sobra. Aí, teve um dia que me irritei, pensei: “Estou correndo para todo lado e o melhor em campo é sempre o Sandro”. Até que um treino eu perdi a paciência e mandei ele tomar naquele lugar, apelei com ele.

No outro dia, ele vem com a maior tranquilidade, amoroso para caramba e falou: “Ô, filho, senta aqui. Sabe por que eu não corro mais? Porque o tio já não consegue. Sabe por que eu brinco um pouco mais de futebol? Porque você está me ajudando. Mas vou te falar uma coisa, vou te ajudar a viver o que eu não vivi no futebol. Fica calmo…”. Tivemos uma conversa de mais de uma hora e meia, e eu só pedia desculpas. Foi um cara que me ajudou bastante.

David com réplicas das taças da Champions e da Libertadores

Cahê Mota/ ge

Depois, no Benfica teve o Rui Costa, o Simão Sabrosa, o Luisão, e o Beto, um brasileiro que me levava para o treino e eu sou eternamente grato. Ele vive em Carpina-PE e só fala do gol que fez contra o United na Champions. Tem uma história legal que eu chego no Benfica sem passar no exame médico, todo mundo escondia do presidente e eu não tinha carro. Ele com filho e família fazia todo esse trabalho.

Depois, ao longo da vida, foram muitos jogadores. Didier Drogba é um cara que eu falo até hoje, me mandou mensagem depois da Libertadores… Encontrei muito jogadores que me ajudaram a realizar.

Diagnóstico do futebol brasileiro

– É muito amplo, né? Para mim, o grande problema da nossa sociedade é a educação. Não só futebolístico, mas todo. Se pudéssemos entender, seríamos muito mais coletivos e realizaríamos muito mais para todos e beneficiaríamos cada um. Foi o que mais me assustou não só futebol, mas como país.

Depois, levando para o campo do futebol, não pode toda semana atacar os árbitros, sendo que nem apoio para treinar eles têm. Não há um trabalho realizado para ajudar, tem que pagar cursos do próprio bolso… Esse é um ponto. Você não pode ter um palco que é o campo cada lugar de uma forma. Você não vai ter todos iguais, mas tem que ter uma linha que seja próxima. Não pode jogar totalmente diferente um do outro toda semana.

Quem espera nota artística de jogadores de muita qualidade toda semana vai reclamar. A bola não tem como rolar… “Ah, mas jogava assim antigamente”. Sim, jogávamos, mas é preciso pensar no melhor. São coisas que há condição de fazer. E isso atrapalha muito o espetáculo.

David Luiz em entrevista ao podcast GE Flamengo

David Luiz

Acho que alguns times deveriam ter mais apoio financeiro para trazer jogadores bons e pagar funcionários todos os meses no clube. Não adianta falar de grandes salários se você não paga os funcionários… Esse apoio é fundamental. O futebol e o Brasil não fogem muito, é a mesma coisa. Se ainda temos no nosso país pessoas que passam fome e não têm o básico, é surreal. Vejo nosso futebol brasileiro com uma matéria-prima incrível, mas com pouca ajuda em todas as áreas.

Você não pode reclamar de algum jogador que não compreende ou não fala se a nossa educação no país não te dá oportunidade. Estamos todos em um looping. Se quisermos fazer algo, tem que ser algo muito grande e não jogar poeira para baixo do tapete e falar que a sala está limpa.

Essa área entre jogador e jornalista ainda é muito ruim. Há sempre conflito e desrespeito dos dois lados. Quando você representa uma classe, é preciso entender que suas atitudes representam uma classe.

Futuro

– Enquanto eu amar futebol e amar jogar, eu vou jogar. O dia que eu entrar em campo e pensar o que estou fazendo, realmente acabou. Eu amo, amo, amo! Encho o saco dos moleques novos, falo com eles todos os dias, falo que chego cedo e saio depois mesmo tendo duas filhas… Eles sabem que eu amo estar lá, fazer minhas preparações e jogar. Ficamos doidos para entrar de férias e já já fico louco para voltar.

E o gol?

– Se eu errasse o pênalti, iam falar que eu errei, né? Ali também conta. Só vale quando perde! Se faz, é obrigação… Tentei de inúmeras formas e não aconteceu. Enquanto meu time estiver ganhando, está tranquilo.

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