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Crise no Real Madrid, sonho do Flamengo


Benzema – Foto: Divulgação

O GLOBO: Por Carlos Eduardo Mansur

A Europa vive a mais estranha das temporadas. É difícil encontrar, no restrito grupo de clubes dominantes dos últimos anos, quem jogue um futebol encantador.

O Barcelona, supercampeão da Espanha no domingo, vive uma reconstrução após o caos econômico. Sequer está nas oitavas da Liga dos Campeões. O Real Madrid exibe fragilidades coletivas e individualidades abaixo do habitual. Raras vezes se viu o City de Guardiola chegar a esta altura de uma temporada com um futebol tão desapontador, sem contar as atuações ruins em série do Liverpool de Klopp. O PSG vive sem conseguir ser equilibrado e competitivo com seu trio de estrelas no ataque. Talvez o Bayern de Munique, após uma largada desanimadora, esteja mais próximo do nível esperado.

O melhor time de Premier League é o Arsenal. É um gigante global, claro, mas o brilhante trabalho de Mikel Arteta acontece num clube que, desde 2017, não disputa a Liga dos Campeões. E não era o favorito ao título inglês no início da temporada. O time que mais entretém é o audacioso Brighton do italiano Roberto de Zerbi. E por falar em Itália, difícil achar time melhor do que o Napoli, líder do italiano.

Num cenário tão atípico, é natural imaginar o estado de espírito dos torcedores rubro-negros. Nos últimos anos, em que brasileiros dominam a Libertadores, a contagem regressiva para o Mundial inclui a observação com lupa do possível rival na sonhada final. Tudo para saber se o time do lado de cá do Atlântico tem chance. E tudo indica que o Real Madrid chegará ao Marrocos com problemas claros nas laterais, dificuldade para pressionar, desordem sem bola, um jogo que nem sempre flui e jogadores fora de seu melhor nível — ainda que Courtois e Benzema tenham dado bons sinais recentes.

Não é suficiente para dizer que o Flamengo, subitamente, virou favorito. O mais honesto a afirmar é que, se passar pela semifinal, encontrará um rival superpoderoso em momento ruim. No mais, qualquer conclusão é precipitada. Porque enquanto o Real Madrid era testado pelo Barcelona, o Flamengo, ainda um rascunho sob Vítor Pereira, enfrentava a Portuguesa carioca. Jogava bem, mas são dois mundos bem distantes.

O Flamengo pode ser campeão mundial porque tem talento — aliás, um talento colossal para os padrões sul-americanos, que pode decidir uma final em jogo único. E, também, porque há uma diferença entre ser campeão mundial e ser o melhor time do mundo: será campeão quem vencer o jogo do dia 17 de fevereiro; já o melhor time do mundo não está na América do Sul por uma imposição da ordem econômica do futebol globalizado. Talvez este melhor do mundo nem seja o Real Madrid, favorito numa eventual final em Rabat. Até quando ganhou a Liga dos Campeões e se classificou para ir ao Marrocos, o fez sendo dominado em todos os duelos de mata-mata. Porque, se o Flamengo tem talentos, é desnecessário listar os jogadores que estarão do outro lado. Mas é justo sonhar, o Flamengo terá suas chances.

Por enquanto, o melhor a fazer é se preparar bem. O primeiro time de Vítor Pereira teve um ar nostálgico. Primeiro porque o 4-4-2 se aproximava mais de Jorge Jesus do que de Dorival Júnior. Depois, porque os dois volantes, dois meias, dois atacantes, os lados do campo entregues aos laterais e a mobilidade pelo centro do ataque remetem ao futebol brasileiro dos anos 90. Houve belas combinações, trocas de passes. Mas foi só o início da caminhada em 2023, e há dúvidas a tirar contra rivais mais fortes, especialmente na parte defensiva.

O Flamengo de Vítor Pereira precisa terminar de nascer, antes de pensar no Real.

Enquanto a bola rola para os Estaduais, uma manobra exibe o poder político das federações. A CBF alterou o regulamento da Copa do Brasil e fez das competições locais o único caminho para um clube chegar ao torneio de maior premiação por desempenho do Brasil. No lugar de rever a participação dos clubes grandes nos Estaduais, a confederação cria uma amarra que os obriga a jogar com o seu melhor.

Rigor da lei
Ganhou menos destaque do que merecia a sanção presidencial à lei 14.532, que tipifica como crime de racismo os atos de injúria racial e dispõe especificamente sobre atos praticados em arenas esportivas. É uma vitória, capaz de reverter a noção, cultivada por décadas, de que estádios são terrenos sem lei. Mas só será possível celebrar se o futebol fizer a sua parte, educando, fazendo campanhas e trabalhando pela identificação dos infratores.

Paradoxos
Em dezembro, o futebol brasileiro lamentava a eliminação para a Croácia, dona de um respeitável meio-campo. Ali, decidimos que uma das causas da derrota seria uma suposta incapacidade de fabricar jogadores “modernos” para o setor. Pois, desde então, enquanto Casemiro se afirma no United como um dos maiores volantes do mundo, o mercado europeu veio ao Brasil comprar Andrey Santos, Danilo e João Gomes. Têm entre 18 e 21 anos.

Link do Artigo do FlaResenha

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