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Coutinho: Cenário da final entre Fla e Verdão não é mais tão previsível


Os dois times mais vencedores do Brasil nos últimos anos farão um tira-teima continental no próximo dia 27, em Montevidéu. Fosse há cerca de dois meses, o panorama tático do confronto estava desenhado. Hoje, por mais que muita gente ainda ache o contrário, há fortes possibilidades de a história dos 90 minutos surpreender na decisão da Libertadores. A fase recente de ambos indica isso.

O Flamengo foi o time mais ofensivo do Brasil nas últimas quatro temporadas. Quase sempre dominando os adversários com posse de bola e muitos jogadores com capacidade criativa entre os titulares. A avalanche de gols e boas jogadas sob a regência de Jorge Jesus sofreram um decréscimo com Domènec Torrent e Rogério Ceni, algo que aparece em diversos momentos também com Renato Gaúcho, mesmo com a média de gols sendo alta.

Já o Palmeiras venceu um Brasileirão, em 2018, a Libertadores e a Copa do Brasil de 2020, com uma característica mais voltada aos contra-ataques e um sistema defensivo sólido. Luiz Felipe Scolari, técnico da primeira conquista citada acima, sempre teve essa predileção. E Abel Ferreira, por mais que tenha repertório mais amplo, também adotou essa estratégia na maioria das partidas.

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Michael, do Flamengo, na vitória sobre o Palmeiras (12/09/2021)

Imagem: Marcelo Zambrana/AGIF

Seria natural então imaginar um jogo em que o Flamengo passasse mais tempo com a bola no campo de ataque, tentando encontrar os espaços diante de uma defesa alviverde fechada, pronta para desarmar e acionar os atacantes em rápidos contragolpes. É possível que a maior parte dos 90 minutos se desenvolva assim, mas os movimentos recentes dos dois times mostram que o cenário pode ser diferente.

A começar pela fase do Flamengo. A goleada de 4×0 sobre o São Paulo foi um episódio a parte no meio de uma série de jogos ruins. Os muitos desfalques pesam, principalmente a ausência de Arrascaeta, mas a dificuldade de produzir contra defesas mais fechadas salta aos olhos de uma forma que não acontecia há alguns anos no rubro-negro.

Falta mais organização coletiva. Movimentos pensados e bem coordenados para gerar os espaços naturalmente, e facilitar a tomada de decisão dos jogadores. Podemos somar a isso o potencial de contra-ataque de vários jogadores do elenco. Bruno Henrique, Gabigol, Michael, Vitinho, e o próprio Arrascaeta, funcionam bem demais neste cenário. Não que o Flamengo vá dar a bola ao Palmeiras e se retrair desde o início, mas o time pode sim ”especular”.

Renato fez isso em vários jogos decisivos pelo Grêmio. Sempre se gabou de ter um time ofensivo nas entrevistas coletivas, mas em diversos momentos fez a sua equipe elaborar menos as jogadas de ataque, ou buscar mais contragolpes a partir de meados de 2018. Não é exatamente um demérito, principalmente pelo seu poder motivacional e ascendência sobre determinados atletas.

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Dudu em ação durante partida entre Palmeiras e Flamengo, pelo Brasileirão 2021

Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

No Verdão, Abel foi bastante questionado – de forma justa – pela pouca aptidão ofensiva palmeirense em jogos decisivos. Isso apareceu de forma mais traumática na semifinal do Mundial de Clubes e nas finais do Paulistão. Era nítida a opção por uma postura conservadora tendo jogadores com qualidade para proporcionar algo mais equilibrado.

Nos últimos jogos, mesmo quando perdeu para Red Bull Bragantino e Fluminense, apresentou mais padrões ofensivos em relação aos jogos passados. Varia a ocupação de espaços com pontas mais fixos pelos lados, ou flutuando para o centro e abrindo caminho para os laterais. O time mostra coordenação nos movimentos e consegue gerar espaços nas proximidades da área rival.

E o que não falta são peças com características diferentes para variar as jogadas. Rony e Luiz Adriano são opções bem diferentes jogando como referência central no ataque. Scarpa voltou a ganhar espaço como um ”ponta-construtor”. Veiga é muito confiável e Dudu se aproxima de sua melhor forma. Há ainda Felipe Melo iniciando as jogadas com bons passes, e opções de velocidade e drible entre os reservas.

Se uma final de Libertadores entre Palmeiras e Flamengo já seria sensacional pela grandeza das duas equipes, o cenário levemente imprevisível gerado pelos fatos recentes causa ainda mais expectativa.

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