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consulado denuncia e cobra posicionamento do Flamengo


As mulheres do Consulado Meninas SRN estão tomando as rédeas em frente importante para as arquibancadas. O grupo é o primeiro consulado oficial do Flamengo formado por mulheres. Elas querem conquistar cada vez mais o seu espaço, mas ainda têm que lidar não só com preconceitos, mas com ataques de homens assediadores dentro do Maracanã e outros estádios de futebol.

O MRN entrou em contato com o grupo e foi atendido por Ana Reis, uma das integrantes da torcida. Ana conta sobre reunião com o BEPE, que aconteceu na última terça-feira (20) para denunciar as agressões e o assédio às mulheres no Maracanã. Mas ela explica que depende de posicionamentos do clube e do estádio para o início de uma parceria.

“Quem falou com a gente foi o comandante Hilmar Faulhaber. Ele disse que lá eles têm preparação, palestras sobre esses casos de agressão à mulher, mas que já tinha um tempo desde a última vez que teve e que estará fazendo novamente uma preparação com os oficiais”, diz Ana, antes de revelar que é preciso uma posição do Flamengo: “Ele disse que espera um posicionamento do Flamengo sobre isso e que vai tentar fazer o possível para eles se manifestarem, para assim, tentar fazer uma parceria e criar algum projeto de conscientização”, explica.

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As integrantes do Meninas SRN colheram diversas denúncias de assédio de outras meninas que frequentam estádios e levaram para o local.

“Nós abrimos nosso Instagram para receber outros relatos e recebemos coisas absurdas. Eu fiquei muito chocada com tudo porque não imaginava que estavam acontecendo tantos casos. Está virando algo comum. Levamos impresso, para verem que não são só um ou dois casos”, conta.

Consulado cobra posicionamento do Flamengo

Mas apesar de contar com pronunciamento oficial do clube e do Maracanã, isso ainda não aconteceu e Ana se mostra frustrada por conta do descaso. Ela conta como as meninas do consulado estão lidando com a situação, principalmente se tratando de um consulado oficializado pelo Mais Querido.

“Nós estamos frustradas, decepcionadas, porque é nosso clube de coração. Fazemos o possível e o impossível por ele e o mínimo que esperávamos era um posicionamento. Até agora não recebemos nada, mesmo sendo um consulado oficial do clube“, conta.

Ana explica desejo por projeto de conscientização e fala sobre a constante luta das mulheres para se manterem nas arquibancadas em jogos de futebol.

“Sei que pode ser feito algo incrível de conscientização. Nós lutamos muito para que as mulheres se sintam a vontade de ir aos jogos e entendam que ali também é o lugar delas, independente de time. Essas situações estão nos afastamos cada vez mais da arquibancada. Mas não vamos desistir, temos o direito de ir torcer e apoiar o nosso time sem ser invalidada, assediada ou agredida. Nós só queremos torcer”, exclama a flamenguista.

Ana relata casos de assédio e relembra preconceito e descaso de policial em denúncia

A torcedora rubro-negra diz que não é raro ouvir comentários pejorativos de homens dentro do estádio. Além disso, conta o caso de uma amiga da torcida, agarrada à força no Maracanã. Mas ao levar o caso de assédio para a polícia, recebeu preconceito e um comentário muito infeliz por parte de um policial.

“Piadinhas nós ouvimos sempre. Infelizmente virou até algo que nos acostumamos. Mas o pior caso foi no jogo do dia 14, em que uma integrante foi agarrada à força e teve que ouvir do policial que ela deveria estar em casa, e não ali”, relata, mas ainda cita reunião no BEPE e diz que o caso será investigado: “Ele disse também que vai puxar em câmeras para tentar identificar os policiais que foram totalmente despreparados e nojentos com a gente”, conclui.

O consulado, após o caso com a Polícia Militar, divulgou uma nota oficial repudiando a aspa do policial que atendeu a vítima de assédio. Além disso, a nota ainda conta outro caso de assédio que aconteceu no clássico entre Flamengo e Fluminense, onde mais uma vez a vítima foi recebida de forma agressiva por policiais.

Confira nota na íntegra:

“Viemos por meio desta nota repudiar os recentes acontecimentos no Maracanã envolvendo a PMERJ e os casos de assédio contra nós mulheres no estádio. No jogo de quarta (14), contra o São Paulo, uma torcedora foi assediada no Maracanã. O amigo da vítima, ao levar o caso para a PMERJ, que deveria fazer a proteção do local, simplesmente virou para ele e disse que da próxima vez, ele tinha que deixar a mulher (vítima) em casa.

No jogo de hoje (18), contra o Fluminense, outra torcedora sofreu agressão de um homem no estádio. Nossas integrantes e amigos da vítima que presenciaram, novamente levaram o caso à PMERJ no local e foram tratados com agressividade. O agressor, mais uma vez, passou impune nessa situação, enquanto quem estava lá tentando defender foi tratado da pior forma possível pelos policiais.

Diante desses ocorridos, reforçamos que não vamos nos calar e queremos o apoio de todos para esse caso não se repetir. Temos o direito de frequentar o estádio e apoiar nosso time sem sermos invalidadas pelo fato de sermos mulheres”, publicou o perfil do Consulado Meninas SRN.

Consulado Meninas SRN recebe relatos de outras mulheres

O MRN teve acesso a alguns relatos anônimos de torcedoras que foram assediadas em jogos de futebol recebidos pelo Consulado Meninas SRN e encaminhados para o BEPE. Veja alguns exemplos:

“Eu passei por uma situação já faz algum tempo. Estava saindo do metrô em direção ao Maracanã, quando veio um grupo de rapazes e começaram a passar a mão em mim. Me desesperei e tentei sair daquela situação e nem consegui assistir o jogo. Mas foi desesperador”, conta uma torcedora.

“Em 2019, rolou Fun Fest no Maracanã. Todo mundo feliz nesse dia pela conquista da Libertadores e teve um rapaz que tentou me beijar. Mas na hora, o meu reflexo me fez desviar o rosto e empurrá-lo”, conta outra rubro-negra.

“Contra o Atlético-MG eu tive pressão baixa e fui na enfermaria, mas quando saí, ainda zonza, um cara tentou me puxar. Mesmo zonza eu estava ligada e consegui sair da situação, mas esses caras têm que parar de achar que estamos ali para pegar alguém. Nem em balada se pode chegar assim, está pior”, explica mais uma flamenguista anônima.

“Eu fui passar pela escada, esbarrei em um moço. Quando voltei, ele puxou meu cabelo e eu perguntei o porquê. Ele disse eu esbarrei nele, mas eu pedi desculpas na hora. O cara estava em pé na escada, Maracanã lotado com 63 mil pessoas e ainda pedi desculpas. Meu namorado disse que não precisava ter puxado meu cabelo e ele foi direto no pescoço do meu namorado, enforcando ele”, relata mais uma torcedora.

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Link do Artigo do MundoRubroNegro

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