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Bandeira, camisa e muro: torcedores do Vélez eternizam soco de Zandoná em Edmundo, então no Flamengo – Flamengo Com Vc, Mengo


Por Redação em 31/08/2022 às 08:35:47 Rubro-negros venceram os dois jogos válidos pela Supercopa de 1995, e agressão do argentino é lembrada até hoje em Liniers Violência nunca esteve em moda no futebol, e o VAR praticamente baniu agressões em campo. Um soco, porém, talvez seja a imagem mais conhecida do confronto entre Vélez Sarsfield e Flamengo, em jogo disputado há quase 30 anos. Na Argentina, há quem o chame de “Zandonazo”. Baile rubro-negro na bola, resposta a provocações no murro.

Em 3 de outubro de 1995, o argentino Zandoná foi provocado e levou um tapa de Edmundo. Devolveu na mesma moeda com a mão direita e mandou o brasileiro ao chão com um direto de esquerda, por trás. Os rubro-negros venciam por 3 a 0, placar final do duelo que classificou o Flamengo à semifinal da Supercopa de 1995.

Desde então, torcedores do Vélez eternizaram a cena em bandeiras, camisas, bonés, máscaras e até mesmo num grafite em uma grade de um estabelecimento próximo ao Estádio José Almafitani.

Grupo de “Los 100 Barrios” posa ao lado da grade do soco de Zandoná em Edmundo e abaixo de uma faixa

Fred Gomes

Aquele Vélez é histórico. Conquistou o Argentino de 1993, venceu a Libertadores do ano seguinte em cima do bicampeão São Paulo e sagrou-se campeão mundial em dezembro contra o Milan. No entanto, aquele timaço levou seis gols de um Flamengo que fazia péssimo Brasileiro e convivia com deboches em seu centenário. O trio Sávio, Romário e Edmundo, apelidado inicialmente de “Melhor Ataque do Mundo” pelos rubro-negros, logo foi rebatizado de “Pior Ataque do Mundo” pelos rivais.

Naquele confronto, o trio funcionou – e muito. Na Argentina, sem Romário, vitória por 3 a 2, com gols de Edmundo, Sávio e Rodrigo Mendes. Em Uberlândia, 3 a 0, com Sávio, Edmundo e Romário. Quando o placar já estava estabelecido, o atacante “rebolava e provocava” a equipe do Vélez, segundo Zandoná. Os dois iniciaram uma confusão generalizada, e torcedores do então campeão do mundo viram no soco uma chance de lavar a alma.

Em 1995, Flamengo vence o Vélez Sarsfield pela Supercopa

Grupo Los 100 Barrios rechaça violência define imagem de Zandoná: “Não nos encolhemos”

O ge foi à Rua Gallardo, em Versalles, bairro vizinho a Liniers, onde fica o Estádio José Amalfitani. No número 650, o grupo “Los 100 Barrios”, denominado assim pelo fato de os cerca de 70 torcedores – 35 fundadores e suas famílias – serem de regiões diferentes de Buenos Aires, grafitou uma grade com a imagem do soco de Zandoná.

Crianças em 1995 e hoje quase todos próximos dos 40 anos, o grupo de amigos se formou no início da década passada. Em 2012, veio a primeira homenagem ao “Zandonazo” com a customização da grade que protege a loja de roupas esportivas Prostar. Os integrantes da “Los 100 Barrios” pediram autorização a Alberto Geztenman, dono do comércio e pessoa que prontamente lhes deu o aval.

Alberto Geztenman é o dono da loja onde foi grafitado o soco de Zandoná em Edmundo

Fred Gomes

Gentilmente cerca de 30 integrantes da “Los 100 Barrios” se mobilizaram para receber a reportagem do ge. Montaram o cenário com uma faixa, que chama de trapo ou lunfardo na gíria local. E, claro, com a “pintada”. Ou melhor, com o grafite de Zandoná.

Um dos líderes do grupo, Joaquín, também conhecido como Paloma, explicou como nasceu a “Los 100 Barrios”.

– Somos um grupo de 35 pibes (garotos) que acompanha o Vélez há uns 25 anos. Todos somos de bairros diferentes, e o único denominador comum que tínhamos é o Vélez. Nos conhecemos de estádio em estádio e assim fomos nos ligando uns aos outros. Nos encontrávamos aqui (aponta para um mercado em frente à loja) aos finais de semana e criamos um grupo amigo.

Integrantes da “Los 100 barrios” se juntam para preparar o cenário para a entrevista ao ge

Fred Gomes

Paloma, de 36 anos, teve a preocupação desde o início da reportagem de afirmar que a escolha da imagem do soco de Zandoná se deu por uma demonstração de garra e não por incitação à violência. Lembrou que “Los 100 Barrios” é um grupo formado por famílias e destacou que o golpe simboliza o seguinte: “Nunca de joelhos, nunca humilhados e nunca encolhidos”.

– Estávamos levando um bárbaro baile em Uberlândia nesse partida, vínhamos de um Vélez campeão. E Vélez para nós é isso: nunca de joelhos, nunca humilhados. Nunca nos encolhemos. Assim fomos campeões mundiais. Não encolhemos em Tóquio (contra o Milan), não encolhemos no Morumbi (final da Libertadores contra o São Paulo). Aí não podíamos nos encolher, contra o Flamengo e o Vélez foi para cima.

Ainda no sentido de evitar qualquer animosidade com o Flamengo, Joaquín disse que o mais importante da imagem é a postura do Vélez e não o adversidade.

– Para nós, nos importou a forma que o Vélez se comportou. Não importa o rival. Nessa situação foi o Flamengo. O que importa é a imagem imortalizada. Não é uma tema pessoal com o Flamengo. Se tivesse acontecido contra outra camiseta e o Vélez fizesse o mesmo, seguramente teríamos outra imagem.

Nos bonés, na máscara e em uma camisa há referência ao golpe de Zandoná

Montagem sobre fotos de Fred Gomes

Em 2018, mandaram fazer a bandeira, que num primeiro momento pôde ser exibida nos estádios, mas posteriormente acabou proibida pela polícia a fim de impedir incitação à violência.

Bandeira que retrata o soco de Zandoná em Edmundo

Reprodução

Em 2021, às vésperas dos confrontos com o Vélez pela Libertadores, torcedores do Flamengo prepararam três bandeiras. Uma alusiva à voadora de Romário, que acertou o peito de Zandoná para defender o então amigo Edmundo, e outras referentes à lambreta de Rodrigo Mendes, aplicada no mesmo Zandoná. A Polícia Militar adotou a mesma medida dos argentinos e proibiu a exibição das imagens no Maracanã, mesmo com portões fechados em razão da pandemia.

“Amenizou a dor da derrota”

O historiador Esteban Bekerman, jornalista e professor de história do futebol na Círculo de Periodistas Deportivos, a escola de jornalismo esportivo mais antiga de toda a América do Sul, descreve o sentimento dos torcedores que assistiram à cena na época:

– Entendemos “la trompada” (o soco) de Zandoná em Edmundo como uma pequena vingança dentro de uma partida em que estávamos muito mal futebolisticamente. Ou seja, serviu para amenizar a dor da derrota. E, ao mesmo tempo, para mostrar que aquele Vélez era realmente uma equipe de homens, de acordo com a identidade histórica do clube.

Agressão de Zandoná em Edmundo foi registrada em grade no bairro de Versalles

Reprodução

Bekerman, de 50 anos, afirma que Zandoná não é um ídolo para a geração de torcedores da qual faz parte, mas o vê como uma boa lembrança de tempos gloriosos. Sobre a expressão “Zandonazo” utilizada por integrantes do grupo de “Los 100 Barrios”, o jornalista explica que ela surgiu em 1991, quando o lateral ainda defendia o San Lorenzo.

– É um apelido mais utilizado pela imprensa do que pelos torcedores. Não é uma expressão que se use muito entre os torcedores do Vélez. Na realidade, a expressão Zandonazo se usava mais para classificar suas faltas superpotentes. No meu arquivo digital, me apareceu uma nota da revista “Super Fútbol”, de 91, que falam em Zandonazo para se referir às faltas fortíssimas de Zandoná. Na revista “Solo Fútbol” do mesmo ano, também se referem assim a uma falta batida por ele – completou.

Desenho relembra a agressão de Zandoná a Edmundo

Reprodução

Anos depois, Zandoná negou arrependimento

Embora já tenha reclamado de ser lembrado à exaustão pelo soco em Edmundo e não pelos títulos, Zandona garante não se arrepender do revide. Anos depois da confusão, o ex-jogador disse ao jornal “Olé” que só gostaria de fazer pequenas alterações no enredo e encarou o ocorrido de duas formas.

– Uma a favor e uma contra. A favor, é que eu bati nele no Brasil. Contra, é que acertei pelas costas. Gostaria de tê-lo acertado de frente.

Hoje Zandoná não dá mais entrevistas sobre o tema e vive em uma província de Buenos Aires. Em 2016, ao blog Patadas y Gambetas, no UOL, o ex-jogador narrou a sequência de fatos que o tiraram do sério naquele jogo.

– Em uma jogada normal, sem importância, o Edmundo recebeu a bola e começou a rebolar e provocar todo mundo. Eu, que estava mais perto, principalmente. Estava 3 a 0. Não há paciência que banque um adversário ficar do seu lado rebolando, falando coisas e te dando tapa. Ali, quis fazer justiça lhe dando um soco bem forte. Estávamos em mau momento e saindo da Copa. O episódio significou uma catarse para todo o time. Se houvesse outra situação assim, faria de novo – disse.

Soco de Zandoná em Edmundo foi parar até em camisa

Reprodução

Cartel – na bola – do Flamengo é superior no confronto

Vinte e sete anos depois, já na era do VAR, a trocação – ainda bem – está liberada somente na bola. Até o momento, o cartel do Flamengo com o Vélez Sársfield no duelo histórico é de sete vitórias, dois empates e duas derrotas.

O primeiro round – na bola – de Vélez Sarsfield e Flamengo está marcado para esta quarta-feira, às 21h30, no Estádio José Amalfitani, no bairro de Liniers. O segundo e decisivo acontece na próxima quarta-feira, no mesmo horário, no Maracanã.

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