Abel Ferreira, hoje no
Palmeiras
, e Jorge Jesus, ex-
Flamengo
, são técnicos portugueses que deixaram -e ainda deixam, no caso de Abel- suas marcas no
futebol
brasileiro. Enquanto o primeiro já venceu duas Copa
Libertadores
e uma
Copa do Brasil
em pouco mais de um ano de trabalho, o segundo, que esteve à frente do Rubro-Negro por uma temporada, faturou uma Libertadores e um Campeonato Brasileiro com um futebol de encher os olhos.
Como todos nós adoramos uma comparação, convocamos os colunistas do
UOL Esporte
para responderem a essa pergunta nada polêmica:
Quem é o melhor técnico português que passou pelo Brasil, Abel ou Jesus?
Confira as respostas:
O melhor pode ser uma escolha subjetiva. Em termos de legado e títulos, entendo que Abel deixa uma marca maior. Venceu duas Libertadores, envolveu todos os funcionários do clube nas conquistas, deixa um rastro de declarações importantes de jogadores que afirmam nunca terem aprendido tanto quanto com ele. Tudo isso com um time com menos talento individual do que o Flamengo de 2019. Jesus, por sua vez, além dos títulos, comandou a equipe brasileira com futebol mais avassalador deste século. Encantando, praticamente sem perder. Feito gigantesco. De maneiras muito diferentes, ambos cravaram seus nomes na história do nosso futebol.
ALICIA KLEIN
A comparação é injusta, porque são treinadores em momentos totalmente distintos em suas carreiras. O trabalho de Jorge Jesus no Flamengo foi mais completo. Entregou resultados, desempenho e entretenimento de qualidade. O de Abel Ferreira entregou taças ao Palmeiras e nada mais que isso. Se o resultado não vem, sobra quase nada.
ANDRÉ ROCHA
Vai depender da referência do que é melhor para cada torcedor. Jesus tinha um time melhor, produzia um futebol melhor, mas gostaria de vê-lo por mais tempo no Brasil. Abel tem muito menos jogadores bons nas mãos, tem um time que não é bonito de se ver, mas extremamente eficiente.
DANILO LAVIERI
Ah, vá! Não bastou o Posse de Bola ter feito a mesma enquete? Não há termo de comparação. Só as entrevistas do Abel são melhores que as do Jesus. Em termos de modelo de jogo não há comparação possível. É como comparar Arrascaeta com Deyverson.
JUCA KFOURI
Em termos de resultados, ambos cumpriram os objetivos principais que lhes foram dados. O time do Flamengo era mais espetacular de ver, mas Abel conseguiu criar uma mentalidade tática incrível no Palmeiras. Enfim, são diferentes e ambos contribuíram muito para abrir a mente do brasileiro. Acho Jesus capaz de fazer mais quanto tem mais à disposição. Abel é capaz de fazer mais com menos.
JULIO GOMES
Há a avaliação subjetiva (impossível chegar a veredito consensual) e há a avaliação “estatística”: na única temporada que esteve no Brasil, Jorge Jesus perdeu menos jogos do que títulos, bateu recordes de vitórias e gols e deixou um gostinho de trabalho inacabado; já Abel Ferreira faz trabalho mais pragmático, mas muito vencedor – não arranca suspiros, mas empilha troféus. A idolatria conquistada com as suas torcidas mostra que não há só um jeito de jogar e de amar o futebol.
MARÍLIA RUIZ
Prefiro Jorge Jesus. O Flamengo era um time de sonhos, com muitas variações e jogando um futebol bonito e vencedor. Abel Ferreira ganhou duas Libertadores mas é muito conservador e com limitações. Defesa forte e bola esticada? No me gusta.
MENON
Acho que cada um terá sua métrica de avaliação para o que definiria “melhor”. A minha não usa títulos, mas sim a capacidade de encantar a vida. Isso quem melhor fez foi Jesus. Ao lembrar todas e todos nós do que somos culturalmente e do que o futebol representa emocionalmente ele nos reencantou. Nada pra mim supera esse resgate. Abel é competente demais, é brilhante de fato. Mas não no sentido de encantamentos para todos. Ele se restringe a emocionar apenas palmeirenses, o que já é muita coisa, verdade. Mas Jesus foi mais longe e explodiu a bolha da emoção
MILLY LACOMBE
Jesualdo Ferreira (risos). Bem, é claro que Jorge Jesus armou um Flamengo que encheu os olhos, mas que durou muito pouco. Por isso, se eu tivesse que escolher para o meu time, contrataria Abel Ferreira de olhos fechados. É mais comprometido, sabe montar uma equipe competitiva e não deixaria o clube na mão na primeira proposta que recebesse da Europa.
MILTON NEVES
Dá empate. Jesus fazia seu time jogar mais bonito. No Palmeiras, Abel tira muito de um elenco com menos qualidade em relação ao que o compatriota tinha no Flamengo.
PERRONE
Ainda que com diferenças estruturais gritantes, são dois trabalhos históricos. Jorge Jesus montou aquele que talvez seja o time brasileiro mais encantador do século. Abel Ferreira, por outro lado, fez brotar a equipe mais competitiva que passou por aqui ao longo das duas últimas décadas. No lugar de escolher um ou outro, prefiro celebrar ambos. E uma prova desse empate técnico é que, caso eu fosse dirigente e tivesse que contratar um dos dois para treinar meu clube, minha resposta seria: depende do elenco que possuo.
RAFAEL REIS
Jesus esteve apenas um ano à frente do Flamengo. Ganhou cinco títulos e sofreu apenas 4 derrotas. Seu maior feito, porém, foi o futebol encantador e revolucionário para o que se jogava e ainda se joga aqui. Abel é bem mais pragmático e conservador, mas também extremamente vitorioso. Não o acho, porém, inovador. Fico com Jesus.
RENATO MAURÍCIO PRADO
A passagem de Jorge Jesus foi mais marcante. Conquistou títulos importantes em pouco tempo e conseguiu revolucionar alguns conceitos. JJ fez o Flamengo jogar um futebol ofensivo sem o pragmatismo de buscar vitórias simples, deixou de poupar jogadores, entrou em todas as competições para buscar o título. Abel vem fazendo um ótimo trabalho também, conquistou títulos de respeito, mas fica atrás de Jorge Jesus.
RODOLFO RODRIGUES
Comparar técnicos de idades tão diferentes e carreiras com tempos tão distintos é difícil, mas levando em consideração o trabalho feito no Brasil, Jesus foi melhor. Tinha mais material humano, mas montou uma equipe de imposição pouco vista nas últimas décadas no futebol brasileiro. Organizada e letal para atacar. Intensa para defender. Abel faz um grande trabalho no Palmeiras, mas o time pode render mais ofensivamente, principalmente quando encara adversários fechados.
RODRIGO COUTINHO
Pelo futebol apresentado no Brasil, Jesus foi bem melhor. Abel é um bom técnico, mas o modelo defensivo de jogo que ele propôs até aqui é mais fácil de ser executado do que o do Flamengo em 2019. Agora, considerando a carreira de ambos, não dá para dizer porque Abel está no início e Jesus se encaminha para o final.
RODRIGO MATTOS
