Em solenidade realizada na última quinta-feira (18), o
Flamengo
anunciou o projeto de construção de seu novo e moderno museu na sede da Gávea (RJ) com um investimento de R$ 18 milhões e previsão de inauguração em julho de 2022. A notícia causou euforia na torcida, mas a cerca de mais de 7 mil quilômetros dali, na cidade portuguesa de Sintra – próxima à capital Lisboa – um rubro-negro decidiu se “antecipar” e, com recursos infinitamente mais modestos, resolveu criar o seu próprio acervo do clube, colecionando réplicas dos principais títulos conquistados ao longo da centenária história.
Carioca de origem e morando no município lusitano desde 2018, o analista de teste Diogo Ferreira encomendou na “primeira leva” 29 troféus, entre Mundial,
Libertadores
, Brasileiro, Carioca, Supercopa, Recopa, entre outros.
De acordo com o torcedor, uma visita ao antigo museu do Flamengo na companhia de seu recém-nascido filho Pedro deu o “estalo” para pôr em prática o projeto.
“Eu tenho umas fotos de quando levei meu menino quando ele tinha um ano. O museu era totalmente diferente. Com um ano ele não entendia nada, mas fui mais para tirar foto e depois mostrar que ele foi quando era pequeno. Eu sempre olhei essas taças e achei o máximo. E sempre tive vontade de ter”, ressaltou Diogo revelando uma conversa emblemática com seu amigo:
“Eu falei para o meu amigo: ‘meu sonho é ter todas essas taças em casa’. Aí ele falou: ‘Cara, você é louco’. E aí começou assim (risos)”.
O “start” de Diogo foi após o título da
Copa Libertadores
de 2019, quando iniciou uma pesquisa na internet e encontrou o site “Mini Troféus”, encomendando assim a taça da conquista de Lima (PER).
“O troféu é lindo, de metal, mas eu queria todos e lá só tinha da Libertadores e do Campeonato Brasileiro”, destacou.
Um pouco mais das réplicas de troféus da coleção do torcedor rubro-negro Diogo Ferreira
Imagem: Arquivo Pessoal
Foi então que através de contatos no Twitter descobriu o telefone de um fabricante de Curitiba (PR) — que não possui redes sociais do negócio pois “não consegue dar vazão aos pedidos” — e com ele solicitou uma lista com 28 taças (veja quais são elas na lista no fim da matéria).
Normalmente cada réplica sai ao custo de R$ 40 já com todos os detalhes, mas como seu pedido teve uma grande quantidade, cada uma saiu por R$ 36.
Confiante no título do Flamengo no próximo sábado (27), na grande decisão da Libertadores contra o Palmeiras, Diogo já está reservando um espacinho para mais uma taça:
“Tenho certeza de que terei a taça do tricampeonato da Libertadores”.
Taça das “Bolinhas” e Jules Rimet
Réplicas da Jules Rimet e da Copa Kirin, conquistada pelo Flamengo no Japão em 1988
Imagem: Arquivo Pessoal
O “museu” de Diogo tem algumas relíquias que nem mesmo os campeões possuem. Uma delas é a famosa “Taça das Bolinhas”, onde o Flamengo trava uma guerra eterna para obtê-la e que tem como pano de fundo o reconhecimento do título brasileiro de 1987.
A outra faz parte de um pequeno grupo de troféus que não tem ligações com o Rubro-Negro e, sim, com a Seleção Brasileira. Trata-se da Jules Rimet, entregue aos países campeões mundiais entre as décadas de 30 e 70 e que o Brasil teve a honraria de ganhá-la em definitivo por tê-las conquistado três vezes antes dos adversários. A taça original, porém, sumiu da CBF em 1983 e nunca mais apareceu.
A outra réplica que o torcedor encomendou foi a atual da Copa do Mundo da Fifa.
Segunda fase em andamento
Alguns dos troféus do “museu” de Diogo: há réplicas também da Copa do Brasil, Copa União, Supercopa e outros
Imagem: Arquivo Pessoal
O rubro-negro já encomendou mais 17 réplicas, desta vez de troféus mais raros, como do antigo e tradicional Ramon de Carranza (ESP), do Hexagonal Sul-Americano, da Flórida Cup e até mesmo o famoso “prato” da Libertadores, que também é dado ao vencedor da competição. O espaço, porém, ainda será “negociado”.
“O espaço da segunda fase ainda vai ser negociado com a esposa, mas vai ficar na sala (risos)”, brincou Diogo, que é casado com Raquel.
Além dos troféus, Diogo iniciou uma coleção de “mini craques” para o seu museu, também feitos de metal. Ele já tem o de
Gabigol
e solicitou de Zico e Adriano Imperador.
Camisa passada de pai para filho vai para acervo
Diogo (esq.) quando tinha 1 ano e Pedro (dir.) com 1 ano: camisa passou de pai para filho e depois virou quadro
Imagem: Arquivo Pessoal
Dentre todos os “tesouros” de Diogo, um tem um significado especial e sentimental: sua primeira camisa do Flamengo, que foi guardada ao longo do tempo e passada para seu filho Pedro quando nasceu. Agora como o pequeno rubro-negro já está com seis anos, a peça rara foi emoldurada e virou quadro em sua casa.
Emocionado, o torcedor lembrou de como se tornou flamenguista numa família de vascaínos e detalhou o gesto simbólico de sua mãe Maria Cristina, que guardou a relíquia durante anos de forma “secreta”.
“Virei flamenguista por causa do meu padrinho Celso. Ele me deu essa primeira camisa. Meu pai e meu irmão são vascaínos, e minha mãe não liga muito para
futebol
. Para mim, já tinham perdido essa camisa. Não sabia mais da sua existência. Só a via por fotos. E quando meu filho completou um ano, minha mãe falou: ‘Tenho uma surpresa, um presente para o Pedro’. E aí ela tirou a camisa e falou: ‘Sabia que você ia ter um menino e guardei para ele’. E aí foi aquilo, né? Já botei a camisa no Pedro e tenho ela até hoje”, destacou.
Diogo embarca para Montevidéu com a ‘Fla-Portugal’
Diogo com seu filho Pedro, hoje com 6 anos e que segura faixa da embaixada “Fla-Portugal”
Imagem: Arquivo Pessoal
Mesmo à distância, Diogo não mudou uma vírgula de sua paixão pelo Flamengo. Por lá é integrante da embaixada Fla-Portugal e figurinha carimbada no bar Havana, na região das Docas, em Lisboa (POR), point tradicional da grande torcida rubro-negra na cidade.
Justamente hoje (23) o torcedor embarca para Montevidéu na companhia de amigos que fez acompanhando os jogos da equipe no país lusitano.
“Eu estava tenso com a questão do ingresso. Não consegui comprar no primeiro lote, já estava achando que não ia conseguir mais. Até que consegui no segundo. Foi um misto de emoções. Minha esposa comemorou muito também porque sabia que era um sonho que eu queria realizar. Ela me apoiou em todos os momentos”, declarou Diogo que gentilmente atendeu a reportagem em meio à correria do pré-viagem.
As réplicas de troféus que já tem
– Mundial (Taça 1)
– Mundial (Taça Toyota)
– Libertadores (1981)
– Libertadores (2019)
– Mercosul (1999)
– Copa Ouro (1996)
– Recopa (2020)
– Campeonato Brasileiro (1980)
– Campeonato Brasileiro (1982)
– Campeonato Brasileiro (1983)
– Campeonato Brasileiro (1987)
– Copa União (1987)
– Campeonato Brasileiro (1992)
– Campeonato Brasileiro (2009)
– Campeonato Brasileiro (2019)
– Campeonato Brasileiro (2020)
– Taça das Bolinhas
– Copa do Brasil (1990)
– Copa do Brasil (2006)
– Copa do Brasil (2013)
– Supercopa do Brasil (2019)
– Supercopa do Brasil (2020)
– Copa dos Campeões
– Rio-São Paulo (1961)
– Copa Kirin (1988)
– Campeonato Carioca (2001)
– Campeonato Carioca (modelo predominante)
– Copa do Mundo da Fifa (seleções)
– Jules Rimet (seleções)
Os novos que já encomendou
– Torneio de Hamburgo (1989)
– Torneio de Nápoles (1981)
– Torneio Punta Del Leste (1981)
– Ramon de Carranza (1979 e 1980)
– Torneio de Santander (1980)
– Torneio Palma de Mallorca (1997)
– Torneio Naranja (1997)
– Marlboro Cup (1990)
– Flórida Cup (2019)
– Torneio de Angola (1987)
– Octogonal de Verão Sul-Americano (1961)
– Hexagonal Sul-Americano (1959)
– Copa dos Campeões Mundiais (1997)
– Copa dos Campeões Brasileiros (2001)
– Mapa do Brasil (Hexa em 2009)
– “Prato” da Libertadores
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