O jornalista Roberto Assaf, autor de importantes obras sobre o futebol brasileiro, lançou mais um livro sobre o clube pelo qual torce, o
Flamengo
. Trata-se de “Consagrado no Gramado”, uma atualização do “Almanaque do
Flamengo
” que o próprio escreveu em 2001.
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.
“Consagrado no gramado” detalha os 110 anos do futebol do
Flamengo
, que disputou sua primeira partida em 3 de maio de 1912, com goleada por 15 a 12 sobre o Mangueira. Assaf destaca que fez um trabalho minucioso a fim de escrever corretamente o nome de todos os jogadores adversários, incluindo o de países cujas línguas não são as mais simples de se entender, como Suécia e a antiga União Soviética, por exemplo.
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O livro reúne 678 páginas, descreve detalhadamente 6256 jogos e identifica todos os jogadores, treinadores e presidentes do
Flamengo
até a última partida realizada em 2021, contra o Atlético-GO (derrota por 2 a 0), pelo Brasileiro.
– Quando fiz almanaque do
Flamengo
em 2001, a gente tinha que amanhecer na Biblioteca Nacional para correr para pegar a melhor máquina de microfilme. Hoje você faz tudo de casa. Fui a fundo mesmo na história do
Flamengo
, como por exemplo em uma excursão do
Flamengo
à Suécia. Procurei nome e sobrenome para diferenciar os Eriksson. Aprendi alfabeto cirílico para tratar de jogos do
Flamengo
na antiga União Soviética.
– A tradução é muito demorada. Você demora três dias para fazer uma tradução de 30 linhas. Descobri quase tudo. Fiz a identificação de todos os jogadores da história do
Flamengo
, e todos os técnicos foram identificados. Consegui montar um verdadeiro almanaque – explicou Assaf.
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”Consagrado no gramado”, sobre os 110 anos do futebol do Flamengo, é obra assinada por Roberto Assaf — Foto: Divulgação
“Consagrado no gramado”, sobre os 110 anos do futebol do Flamengo, é obra assinada por Roberto Assaf — Foto: Divulgação
O livro físico tem o valor sugerido de R$ 142,54, enquanto o e-book sai por R$ 70. Assaf não esconde a satisfação de ter concluído uma obra que terá expediente daqui a décadas ou séculos.
– Grande dificuldade para você chegar a um final. Não é muito fácil você fazer uma pesquisa dessa. Estou aqui no ano de 1947 no livro da Ferj e tenho algumas dificuldades. Estou num momento que o futebol já tinha grande popularidade. Para você buscar as informações é preciso muita paciência e gostar do que fazer.
– Eu precisava deixar esse documento pronto antes de passar dessa para uma melhor. O grande barato para mim é tê-lo lançado. Com certeza que daqui a 50 a 100 anos vai estar consultando, Alguém vai dizer: “pega o livro do Roberto”. Quem quiser pesquisar sobre
Flamengo
vai precisar ler esse documento.
É bom destacar que Assaf não leva em conta jogos do Torneio Início – cujas partidas tinham duração brevíssima e o vencedor já foi até definido em número de escanteios cedidos – e nem mesmo confrontos com combinados. Valorizar o adversário é algo que ele faz questão.
– O fato de ter o adversário é fundamental. É muito mais interessante você ganhar do Vasco, do Fluminense ou do São Paulo do que o time do Zé Rosa. Você ganhar do Fluminense com Zé Rosa ou Zé com fome é uma coisa. E ganhar do Fluminense com Rivellino, Gil e Doval é outra. Sempre tive um carinho imenso pelos adversários, e isso é proposital. A partir do momento que valorizo pacas o adversário, a minha vitória se torna importante.
Confira um resumo sobre a obra abaixo:
“Consagrado no gramado” reúne o maior número de informações sobre os jogos do
Flamengo
e os seus adversários. E talvez não haja obra semelhante desde que o Rubro-Negro começou a disputar o velho esporte bretão, em 1912.
Para concluí-la, foram necessárias cinco situações imprescindíveis: amor pelo clube, conhecimento profundo sobre o futebol de todo o mundo, memória afetiva e visual, paciência infinda e a disponibilidade de recursos e de tempo.
Vale ressaltar que fazer um levantamento absolutamente completo dessa história de 110 anos é hoje tarefa impossível, pela dificuldade de resgatar todos os dados, levando-se em conta que um punhado deles não tem apenas um único registro. Mas é importante garantir que os esforços para tentar obtê-los chegaram ao limite.
O trabalho consumiu dois anos. Foram consultados impressos, com prioridade para jornais e revistas oferecidos pela Biblioteca Nacional, além de sites e livros expostos na internet, e os teipes, parciais ou completos, de mais de quatro centenas de partidas. A coleção de livros do autor também teve grande importância. Houve ainda freqüentes consultas, por e-mail e telefone, no Brasil e no exterior, aos que poderiam fornecer indicações e esclarecimentos. E traduções diversas, incluindo o aprendizado do alfabeto cirílico, por causa da quantidade de jogos que o
Flamengo
disputou nas repúblicas que integravam a falecida União Soviética.
É necessário lembrar que já não existem remanescentes da época do amadorismo, de 1894 a 1932, capazes de esclarecer, em viva voz, as dúvidas eternamente questionadas pelas informações imprecisas presentes nas publicações do começo do Século XX. Importante ressaltar também que jornais e revistas davam pouca atenção ao futebol, naquela época, e que espaços abertos ao esporte eram quase que integralmente preenchidos pelo remo e o turfe.
Pelo menos 300 súmulas, notadamente em jogos fora do país, ou em localidades remotas do território nacional, precisaram de longo tempo para a conclusão, pois o material para as pesquisas apresentava falhas eventuais, pela fragilidade da tecnologia, a precariedade das agências noticiosas, ou pior, o desleixo abusivo de jornalistas e editores em tempos passados, e creia, até na própria atualidade.
Houve um empenho extraordinário para obter os nomes das competições em disputa, identificando as pessoas que deram seus nomes aos troféus, as denominações completas dos estádios, e suas respectivas localizações, um pequeno histórico de cidades, estados e países, extintos ou criados, a razão de o jogador ter sido expulso de campo, os autores e as vítimas dos pênaltis, e a preocupação de informar os treinadores dos times adversários, fato praticamente ignorado até os anos 1980, tanto que em muitas ocasiões foi necessário revirar publicações de cabeça para baixo para descobri-los, incluindo os responsáveis pela direção de clubes gigantes, brasileiros e estrangeiros. Às poucas ocasiões não foi possível fazê-lo. A propósito, é fundamental conhecer a escalação dos adversários, e para resumir tal conceito, basta citar que há uma diferença notável entre enfrentar craques consagrados ou perebas insignificantes.
Vale explicar ainda que até a década de 1960 não havia praticamente nenhum interesse em fornecer a quantidade de público, pagante ou presente, e mas apenas o valor das arrecadações, que nesse trabalho são desprezadas, porque não têm representatividade em um pobre país que possuiu sete moedas desde que adotou oficialmente a prática do futebol, lá se vão quase 130 anos. Também nunca foi um hábito informar os trios de arbitragem, e assim se escreve, pois até hoje não é muito comum encontrá-los nas publicações, como se não integrassem o espetáculo. Só recentemente, com a utilização do VAR é que os nomes dos auxiliares ganharam alguma importância.
É preciso esclarecer que o Brasil só adotou definitivamente todas as regras da Fifa a partir da criação do Conselho Nacional de Desportos, o CND, pelo ditador Getúlio Vargas, em 14 de abril de 1941, daí, por exemplo, as partidas com 80 minutos, ou as substituições de jogadores expulsos de campo. E para não passar em branco, é interessante fornecer detalhes que o futebol de outrora oferecia, e que são praticamente desconhecidos. Só para citar um deles, saiba que um goleiro poderia jogar como atacante, e no jogo seguinte ocorrer o contrário, informação que impedirá você de afirmar que o autor cometeu um equívoco. Outras curiosidades surgirão ao longo da leitura do compêndio.
Só falta, agora, dar o pontapé inicial para a bola rolar”.
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