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Quando no inferno, abrace o Arrascaeta


O duelo entre Flamengo e Atlético-MG, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, pode ser, mais do que dividido em duas partidas, dividido em dois momentos distintos, com uma virada muito clara de chave.

O primeiro momento vai do apito inicial da primeira partida, em Belo Horizonte, até a primeira palavra da coletiva pós-jogo de Gabigol. Neste período vimos um Atlético-MG muito superior, que mereceu totalmente a vitória, e sofreu um gol pra lá de fortuito na reta final da partida, quando enfrentava um Flamengo já nas cordas. Neste período vimos um grande adversário em preto e branco que com certeza fez jus a um placar bem melhor do que o 2×1 exibido no Mineirão.

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Mas aí começou a segunda etapa, que veio a partir do instante em que Gabigol, diante das câmeras e dos microfones, fez sua promessa de que, aqui no Rio de Janeiro, os jogadores do time preto e branco de Belo Horizonte iriam viver a experiência  teológica de conhecer ao vivo aquilo que a Bíblia Sagrada e o autor florentino Dante Alighieri gastaram tanto tempo descrevendo.

Sim, Gabigol prometeu aos adversários nada mais nada menos do que um city tour guiado pelo inferno, que já é, a grosso modo, a visão que muita gente do interior de Minas Gerais tem do Rio de Janeiro.

Gabigol infelizmente terá que declarar no imposto de renda o triplex que possui na mente da diretoria do Atlético-MG
(Foto: Marcelo Cortes / Flamengo)

E seja pelo jeito de falar do nosso atacante, seja por alguma fragilidade emocional do time de Lourdes, seja pela intensa conexão do mineiro com a religião católica, a verdade é que essa declaração, essa frase de sentido obviamente figurado, já que Gabigol dificilmente poderia garantir a danação eterna para qualquer adversário, basicamente destruiu total e completamente o psicológico da equipe do Atlético-MG.

Primeiro pela sequência de notas de repúdio, em que a equipe mineira parecia reclamar do vocabulário de Gabigol, dos sinalizadores do Maracanã, da escolha de árbitros, do verde da grama, do azul do céu e até mesmo do fato do pão de queijo vendido no Rio ser uma ofensa à identidade cultural de Minas Gerais – ainda que essa parte seja totalmente justificada, é mesmo um pão de queijo terrível.

Mas principalmente pelo que nós vimos na partida desta quarta-feira, em que um Flamengo absolutamente dominante ditou os ritmos da partida, fez o placar que precisava sem em nenhum momento ser realmente ameaçado, e viu Arrascaeta decidir o jogo com dois gols e uma atuação de gala, daquelas que com certeza ficarão na memória de qualquer rubro-negro.

Cada dia mais dando alegria para seu povo
(Foto: Marcelo Cortes / Flamengo)

E como explicar isso sem citar a frase de Gabigol? Como explicar a festa que a torcida fez no Maracanã sem lembrar da provocação do camisa 9? Como justificar Léo Pereira colocando Hulk no bolso sem imaginar que o atacante paraibano, refletindo sobre céu e inferno, percebeu pra onde devem ir homens que se casam com a própria sobrinha? Como explicar a total inoperância do nosso adversário sem imaginar que questões teológicas mais profundas paralisaram um time que jamais havia refletido tão profundamente sobre a própria mortalidade?

Porque ainda que pra nós um show de Pedro, uma grande atuação de Felipe Luís, uma noite em que João Gomes e Thiago Maia dominaram o meio de campo, seja sim uma versão do céu, pra muita gente aí essa alegria rubro-negra, a felicidade dessa nação, esse Maracanã lotado comemorando mais uma classificação épica, é sim um pedacinho do inferno. E bem, pra esse pessoal, Gabigol, com certeza, cumpriu o que prometeu.

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