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Presidente do Fortaleza explica por que dez clubes se uniram para discutir Liga sem chamados ‘grandes’ e diz: ‘A gente quer o modelo europeu’


Presidente do Fortaleza contou à ESPN detalhes do grupo Forte Futebol, criado para representar dez clubes nas discussões sobre a criação de uma Liga no Brasil


Um modelo semelhante ao dos principais campeonatos da Europa e no qual os chamados clubes grandes até podem receber mais dinheiro que os demais, mas sem que os valores estejam tão distantes. É esta uma das bandeiras defendidas pelo Forte Futebol

,

que reúne dez dos 20 times da atual Série A do Brasileirão, foi anunciado no último dia 16 e quer discutir formatos para a criação de uma Liga no Brasil

.


Marcelo Paz

, presidente do


Fortaleza


, uma das agremiações que compõem o movimento, deu entrevista exclusiva à


ESPN



para explicar por que o grupo foi criado, quais seus objetivos, por que os chamados grandes não fazem parte do mesmo, se a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi acionada, entre outras coisas

.


“Somos um bloco hoje de dez clubes e aberto a novos clubes que queiram vir e que pensa sobre um novo rumo de ideias para o futebol. Pensamos na provável criação de uma liga de clubes e na divisão de direitos de transmissão, linhas de verbas que podem vir ao futebol brasileiro

. Estamos terminando um ciclo do atual direito de transmissão, que vai até 2024, e começa a se discutir um novo ciclo, que pode ser bem maior do que o atual. O futebol brasileiro passa por grandes transformações. A chegada das SAF’s, entrada de investidores estrangeiros, internacionalização da competição, novas fontes de renda no Metaverso, NFT’s, criptomoedas, novos valores”, começou o presidente tricolor.


Os dez clubes do Forte Futebol são:

América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Ceará, Coritiba, Cuiabá, Fortaleza, Goiás e Juventude.


Paz garantiu que não há qualquer problema com os chamados clubes grandes, mas deu um aviso claro e direto:

“Não queremos repetir as velhas práticas de quando poucos times ganhavam muito e outros times ganhavam muito pouco.”

E explicou: “Isso torna o futebol brasileiro desigual. Nós queremos nos fortalecer enquanto Liga. Nós nos reunimos para pensar igual. Não existe dissidência, racha com outros clubes, apenas decidimos que devemos tomar decisões unidos. Antes, eram 20 cabeças pensando diferente, agora são dez pensando igual. Isso nos permite ter uma divisão mais justa da divisão dos recursos.”

Entrada dos clubes ‘de massa’ e ligas europeias como exemplo

Apesar de ter planos ousados para o futuro pensando em uma Liga nacional,

Marcelo Paz admite que ainda não há por parte do Forte Futebol uma estratégia elaborada e projetos em andamento

para esta transformação.

“O grupo ainda é muito novo. Ainda não temos uma formulação de projeto, são apenas princípios básicos aprovados pelo clubes. A discussão de formatação de uma Liga passará por outros clubes, existem duas grandes empresas interessadas em comercializar uma Liga no Brasil. A discussão vai passar por uma avaliação dos clubes. Dez clubes pensam igual, primam pela igualdade e vão pensar em conjunto para que as próximas divisões sejam mais justas”, disse.

Citando alguns,

o mandatário do Fortaleza acredita que as equipes que têm torcida em praticamente todo o país merecem, sim, ganhar mais do bolo financeiro de transmissões e outras receitas, mas deixou claro, de novo, que não pode haver abismo

entre estes e os demais.


“Tem que haver justiça. É natural que clubes de massa, como, por exemplo, o



Flamengo


, o


Corinthians


, o


São Paulo


, o


Palmeiras


,

que têm uma marca nacional, que têm torcida no Brasil inteiro, eles possam sim ganhar mais em uma divisão, mas não nas proporções que hoje existem

. É isto que a gente quer conversar para que o produto cresça como um todo”, defendeu.

Para Paz, o Brasil deve se espelhar em ‘cases de sucesso’ como Premier League, LaLiga, Bundesliga e outras competições de elite do futebol europeu para que os clubes brasileiros cresçam e se estruturem de maneira uniforme, fazendo com que não exista uma discrepância tão grande entre quem ganhe mais e quem ganhe menos. Em resumo, defende que uma Liga de futebol no Brasil siga o modelo europeu.

“O caminho é o diálogo e ele existe. Não é uma dissidência. Eu tenho diálogo aberto com todos os presidentes da Série A, não existe briga ou discordância. Não precisamos reinventar a roda. A gente não tem que inventar a rodada, a gente tem que seguir quem já faz muito bem feito. Quais são as principais ligas do mundo? Liga inglesa, italiana, alemã, espanhola… A variação entre o que mais ganha e o que menos ganha nestas principais ligas vai de 1.6 a 3.2… O que a gente quer é ir para o modelo europeu.”

E a CBF?

O presidente do Fortaleza acredita que a CBF não seria um impeditivo para a criação de uma nova liga. Nas palavras de Marcelo Paz, inclusive, a entidade máxima do futebol nacional é a favor do projeto e o caminho mais inteligente para uma relação entre as partes seria o da ‘harmonia’ entre o órgão e a possível direção de uma Liga.

“Nós não tivemos nenhum contato com outros clubes, mas é uma relação respeitosa. Não é uma briga. Os dez clubes só se organizaram para se proteger. Os dez falando em bloco faz com que sejamos mais fortes. Existe um diálogo franco, aberto. A CBF não foi procurada, mas eles são favoráveis a uma Liga. Entende-se que é bom ao futebol brasileiro”, afirmou.

Ele ainda argumentou que a CBF seguiria com muitas responsabildiades, como gerir a seleção brasileira, e disputas a organizar.

“A CBF organiza 21 competições e cuida da seleção brasileira. A Liga gerenciaria apenas duas competições, as Séries A e B. Todas as ligas de sucesso no mundo têm uma relação harmoniosa com a federação local. Não temos uma necessidade de falar sobre isso com a CBF ainda e nenhum contato com outro clube além dos dez.”

Clubes que se transformaram em SAF e diálogo com a Série B

Nas palavras do presidente do Fortaleza, neste momento, a única dúvida em relação a posicionamento fica por conta de Cruzeiro e Botafogo, que estão ainda em um processo recente de transformação em Sociedades Anônimas do Futebol. Por estarem neste período de transição interna e busca de uma nova identidade organizacional, ainda não é possível saber como essas entidades enxergam este futuro.

Alfo diferente, no entanto, acontece quando o assunto é Série B. Apesar de ter um projeto momentâneo voltando exclusivamente para a Série A, Marcelo Paz admite que existe uma unificação de pensamentos em grande parte dos dirigentes para que tal medida seja expandida para outras divisões no futuro.

“Temos diálogos com Sport, CSA, CRB,


Vasco


, o


Grêmio


, que é um gigante, certamente não ficará na Série B muito tempo, o


Bahia


, time de altíssimo nível…, mas, neste momento, os dez clubes focam na Série A e estamos no aguardo de mais algum clube. Entendo que há uma sinergia de pensamentos, diminuição da discrepância, e os times da Série B pensam assim. Pelo bem do futebol brasileiro, acho que este é o melhor caminho para todos os clubes”, finalizou.

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