Notícias

Posições definidas, intérpretes variados: a marca da estreia de Paulo Sousa no Flamengo


Logo em sua apresentação, Paulo Sousa deixou claro que pretendia comandar um Flamengo consciente dos espaços do campo que devem ser ocupados. No entanto, alertou que os protagonistas em cada uma destas posições poderiam mudar. Pois talvez tenha sido este o aspecto mais notável de seu cartão de visitas, na cômoda vitória sobre o Boavista, encontro que o rubro-negro disputou ainda com um time bem modificado em relação ao que se imagina como ideal.

Se por ora há mais sintomas do que conclusões, o primeiro jogo deixou motivos para acreditar que o português irá manter, quando o Flamengo tiver a bola, o desenho que ele utilizou na ampla maioria de seus trabalhos anteriores: um 3-4-2-1. Contra o Boavista, funcionou da seguinte forma.

Como o Flamengo atacou o Boavista no primeiro tempo — Foto: Ge
1 de 1 Como o Flamengo atacou o Boavista no primeiro tempo — Foto: Ge

Como o Flamengo atacou o Boavista no primeiro tempo — Foto: Ge

Na perda da bola, Matheuzinho recompunha como defensor, mas Renê, pela esquerda, marcava na linha de meias de um 4-4-2. Quem defendia como lateral era Cleiton. Houve momentos do jogo, especialmente na parte final, em que o Flamengo defendeu com dois alas, mas este não foi um padrão o tempo todo.

O interessante foi notar como os ocupantes de cada zona variaram. E, a partir daí, é tentador tentar imaginar onde jogarão os principais nomes do elenco, muitos deles ausentes da escalação inicial em Volta Redonda.

Primeiro, Paulo Sousa surpreendeu ao optar por três zagueiros especialistas. Imagina-se que a função que foi do jovem Cleiton, que atuou como um zagueiro na saída de bola mas defendeu como um lateral, venha a ser de Filipe Luís. Na ala pela esquerda quem iniciou foi Renê. No entanto, Éverton Ribeiro, numa escolha também surpreendente, ocupou o setor em parte do segundo tempo. Mais adiante, foi Rodinei quem apareceu ali.

Num cenário ideal, com todos os titulares disponíveis, uma outra aposta para ocupar a ala esquerda é Bruno Henrique. Um lance no primeiro tempo atenuou o temor de que colocá-lo tão aberto possa afastá-lo da área. Eram 18 minutos quando uma jogada aconteceu pela direita e Matheuzinho cruzou. Renê não alcançou a bola, mas fechava em diagonal buscando a área, justamente um movimento característico de Bruno Henrique.

Por outro lado, a presença de Éverton na ala – posição para a qual o Flamengo ainda busca nomes no mercado – pode até permitir que Bruno jogue no trio ofensivo, como o atacante mais à esquerda por trás de Pedro. A posição foi ocupada por Vitinho, dono do jogo com o Boavista com três assistências. No modelo de Paulo Souza, os “pontas” partem de um corredor mais interior, não atuam tão abertos. Ainda assim, restaria uma interrogação: se Éverton atuar aberto e Bruno Henrique se tornar um dos atacantes “por dentro”, onde entraria Arrascaeta?

Em tese, a posição mais natural para o uruguaio seria justamente por trás de Pedro, mais pelo lado esquerdo, onde Bruno Henrique se encaixa e onde Vitinho atuou no Raulino de Oliveira. A outra posição de atacante por trás de Pedro, esta mais à direita, também teve vários protagonistas ao longo do jogo. Primeiro, Marinho iniciou. Sua mobilidade, finalização e aceleração ajudaram no primeiro tempo intenso e de bom nível do Flamengo. Mas, em dado momento, Paulo Sousa queria uma pausa, um pouco mais de controle. Ele preza a ocupação racional dos espaços, e para isso quer que o time se organize para atacar, consiga se distribuir e se estabelecer no campo ofensivo. Entre outras coisas, para estar organizado em caso de perda da bola, limitando os contragolpes do rival.

Após a saída de Marinho, Gabigol ocupou a posição, num sinal de que ali pode ser o seu lugar. Em tese, isto limitaria as opções de o Flamengo voltar a ter Éverton Ribeiro atuando entre as linhas do rival, conduzindo a bola da direita para o centro. Mas apenas em tese, porque minutos depois Paulo Sousa adiantou Gabigol para a posição de Pedro e colocou Éverton Ribeiro ali, justamente quando abriu Rodinei pelo lado esquerdo.

O novo treinador do Flamengo disse, após o jogo, que conforme a temporada avançar será possível visualizar uma base de time titular. Por ora, no entanto, a ideia é consolidar uma maneira de atacar e de defender, além de condicionar os jogadores a executarem os movimentos necessários para cada uma das diferentes zonas do campo que possam ocupar. Ou seja, dar a todo o elenco uma compreensão do modelo, dos comportamentos exigidos em cada posição e função. A rotação deve continuar.

Por ora, o que o Flamengo ofereceu foi um bom início de um novo trabalho, apenas um ponto de partida. Ao menos, ficaram claras as ideias de um time que tenta recuperar a bola rapidamente, tenta alternar ritmos com a bola, ocupar zonas do campo ao atacar, sem perder a mobilidade e exigindo versatilidade de alguns jogadores. Mas muitos titulares jogaram apenas alguns minutos, outros sequer entraram. É cedo demais para prever o nível que a equipe vai atingir neste 2022.

Link Original

E pra você que curte o mundo esportivo -- entre agora mesmo em Palpites GE e tenha sempre em mãos as melhores dicas de investimento no futebol brasileiro e internacional.