O domingo passado (28) foi marcado por conflitos entre torcedores de Flamengo e Botafogo antes do clássico disputado no estádio Nilton Santos, o Engenhão, pelo Campeonato Brasileiro. Torcidas organizadas banidas pela Justiça se enfrentaram, inclusive, com integrantes de grupos vascaínos ao lado dos botafoguenses.
As imagens do conflito tomaram as redes sociais e foram exibidas ao vivo pela TV, antes de a bola rolar. Para avaliar a ação policial e se aprofundar no tema, o blog entrou em contato com o Tenente-coronel Hilmar Faulhaber, que comanda o Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (BEPE), da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Abaixo, a entrevista com o comandante do BEPE, feita por mensagem de texto.
Por que havia um contingente tão pequeno de policiais militares escoltando os rubro-negros? A escolta solicitada pelas torcidas foi negada porque Raça Rubro-negra e Torcida Jovem do Flamengo estão punidas?
As referidas torcidas do Flamengo estão punidas por determinação judicial onde seus membros e associados não podem comparecer aos estádios, mesmo assim, em total afronta ao poder público fizeram chamamentos em suas respectivas redes sociais para se reunirem e seguirem para o estádio, e uma possível escolta por parte do BEPE para conduzi-los ao estádio, configuraria uma participação em um ato de Descumprimento. Cabe ressaltar que 99,9% dos componentes estavam sem ingressos e foram avisados de que não poderiam seguir para o estádio.
Independentemente de as torcidas estarem punidas, os torcedores não teriam que ser escoltados, como cidadãos, justamente para evitar conflitos?
O amparo são as sentenças judiciais que afastam a torcida como um todo, seus membros e associados.
Aquele taco de beisebol com arame farpado de matéria publicada no site GE estava na torcida do Botafogo, certo? O dono foi identificado?
Sim, e durante o conflito um Policial do BEPE observou o torcedor com o instrumento nas mãos, e foi em seu encalço, sendo que o mesmo largou o taco no chão e conseguiu se evadir entrando no meio da massa. Ainda não foi identificado.
Taco de beisebol com arame farpado nas mãos de um botafoguense: apreendido pela polícia militar
Imagem: Reprodução
Havia vascaínos com os botafoguenses, como é comum em dias de jogos do Flamengo, como o BEPE lida com isso?
É bastante comum em clássicos entre Flamengo e Botafogo os componentes de organizadas do Vasco da Gama se unirem com torcedores do Botafogo para tentarem confrontar com torcedores do Flamengo pela cidade.
Por que os torcedores que estavam com escolta dentro do trem, e desceriam na estação de frente ao setor onde entrariam no estádio, foram retirados dos vagões pela escolta uma estação antes (cerca de 1,8 quilômetro) para irem andando na rua?
O serviço de inteligência observou em redes sociais que as referidas torcidas do Flamengo estavam querendo reviver aquele lamentável episódio ocorrido em 19 de fevereiro de 2017, em que um torcedor do Botafogo foi ferido mortalmente por um espeto de churrasco, chamados por eles de “Volta Olímpica”. Sabendo-se que a maioria dos componentes estava sem ingressos, uma possível aproximação ao estádio só poderia resultar em invasão ou brigas em todo o entorno. Por esse motivo foram desembarcados na estação de Piedade e orientados a retornarem. Os mesmos tentaram desobedecer as ordens e tiveram que ser dispersados. Parte desse grupo deu a volta e conseguiu se aproximar do viaduto jornalista Armando Nogueira mesmo com o acompanhamento e tentativa de proibição por parte do Batalhão de área.
Qual a justificativa para deixá-los parados a menos de um quilômetro da entrada por mais de 40 minutos? Isso sem obstáculo à frente, para depois dispersa-los com gás e tiros de borracha, fazendo com que fossem parar na avenida Dom Hélder Câmara, ou seja, no lado onde fica a torcida do Botafogo? E ainda: ao chegaram no Avenida Dom Hélder Câmara, os rubro-negros foram recebidos por viatura do batalhão local, que os levou até o viaduto onde ocorreu a confusão. Os batalhões não se comunicaram? Por que os rubro-negros depois foram conduzidos ao viaduto onde ocorreu a briga?
Sabíamos que estavam sem ingressos através de atividades de inteligência. Por isso tivemos que desembarca-los na estação de Piedade onde tentamos demovê-los de se aproximarem do estádio e retornarem para os seus locais de origem.
Há relatos de que a maioria dos torcedores do Flamengo que foram até o estádio conseguiu entrar? Qual a versão de PM a respeito?
Todos os torcedores que estavam com ingressos regulares entraram no estádio sem nenhum problema.
Não lhe parece que a proibição dessas torcidas dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro, na prática, não resolve o problema maior, os confrontos? Afinal, eles seguem acontecendo.
O que motivou as punições foram atos de violência praticados pelas mesmas quando ainda estavam regulares e sem punições, sendo assim, comprova-se que as referidas torcidas são contumaz em praticar esses atos independentemente de estarem punidas ou não.
Não acha que integrantes de organizadas ficam numa espécie de posição de franco-atiradores com as torcidas vetadas, banidas, sem muito a perder? E nessa situação o que se vê são mais e mais confrontos.
Questões de medidas judiciais prefiro não comentar, estamos aqui para tentar fazer cumprir as medidas. E se as medidas são ineficientes ou não, isso deve ser um questionamento que deve ser levado ao poder judiciário a quem cabe aplica-las.
Quais as próximas medidas que o BEPE pretende tomar?
Continuar reforçando o policiamento e mantendo a segurança e proteção dos torcedores.
Há vídeos que mostra torcedores do Botafogo atravessando o viaduto em direção aos do Flamengo. Posteriormente ocorreria a briga. Por que a polícia não reteve os alvinegros fora do viaduto?
A Polícia Militar através do BEPE, Cavalaria e BPCHq (Batalhão de Polícia de Choque) atuou de imediato para coibir o início do confronto, afastando as duas torcidas uma da outra.
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