A movimentação de cartolas de Flamengo e
Atlético-MG
em relação à arbitragem às vésperas do confronto decisivo entre os dois times pelas oitavas de final da Copa do Brasil, nesta quarta (13), mostra como é difícil o
futebol
brasileiro evoluir.
Fazer pressão nos árbitros por meio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é tão antigo que já acontecia quando a entidade se chamava CBD (Confederação Brasileira de Desportos).
Trata-se de uma prática consagrada por cartolas amadores, que não tinham muito a oferecer além de tapas na mesa e cartadas nos bastidores.
É algo que não combina com dirigentes que querem implantar uma liga para modernizar o futebol brasileiro. Rusgas criadas em confrontos entre os times têm potencial para minar a união pretendida com a fundação da liga. Não há garantia de que o que foi falado no calor da batalha seja esquecido nas climatizadas salas de reuniões.
No caso envolvendo Fla e Galo, os rubro-negros passaram do ponto, na opinião deste colunista, ao enviarem ofício para CBF fazendo acusações contra Hullk.
Além da envelhecida estratégia de pressionar a arbitragem e quem a escolhe, a direção do Flamengo avançou o sinal porque se envolveu com um funcionário de outro clube.
Hulk relatou
ter ouvido durante o empate com o São Paulo uma frase possivelmente ameaçadora do árbitro Anderson Daronco.
É uma suspeita grave, que deve ser investigada pela CBF e estar na mira do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
Se houvesse união entre os dirigentes, cartolas do Flamengo e dos demais clubes ouviriam seus jogadores para saber se eles já passaram por situações semelhantes com o mesmo juiz ou com outros. Seria uma forma de combater o problema, caso de fato ele exista.
Porém, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim,
preferiu escrever
para a comissão de arbitragem da CBF que Hulk tenta impor pressão psicológica para induzir futuras decisões favoráveis ao seu time.
O documento, publicado pelo GE, também diz que Hulk “tem sido agraciado com a benevolência da arbitragem, que não coíbe a sua atitude de reclamar ostensivamente”..
O dirigente rubro-negro ainda pede a adoção de medidas cabíveis para evitar interferências indevidas sobre a partida.
Ou seja, o Flamengo pressiona a arbitragem dizendo que Hulk é quem faz isso. Ou as alegações de Landim não colocam pressão na arbitragem para ser rigorosa com o jogador do Atlético-MG em caso de reclamação?
Estamos diante de uma estratégia manjada, mas que deve dar resultado porque os clubes sempre fazem, apesar de pregarem modernidade e ética.
Não há nada de ético na atitude de um cartola que se comunica com a comissão de arbitragem antes de uma partida de seu time. Distanciamento é o mínimo esperado.
Landim pediu e conseguiu um árbitro de Copa do Mundo. Wilton Pereira Sampaio, convocado pela Fifa para o Mundial do Catar. A escala atende também ao Galo, que queria um árbitro da Fifa no jogo.
As duas diretorias extrapolaram suas funções. Obviamente, não cabe a elas escolher o árbitro da partida.
Os atleticanos devem, sim, cobrar a CBF, para esclarecer o episódio entre Hulk e Daronco, mas sem dar palpites no trabalho da comissão de arbitragem.
“Para preservar o Daronco, se fosse presidente [da CBF], evitaria escalar o Daronco nos próximos jogos do Atlético, se o Hulk estiver em campo. É ruim para o Daronco, Atlético, comissão de arbitragem e futebol”, disse Sérgio Coelho, presidente te do Galo à ESPN.
Não tem cabimento a comissão de arbitragem ficar tentando descobrir a escalação de um time para saber quem pode apitar determinado jogo.
Só a dificuldade de enterrar um passado tóxico e amador justifica chegarmos aos jogos que definirão as quartas de final da Copa do Brasil nesse clima. O pior é que ainda temos muitas partidas pela frente na competição. Imagine o que está por vir.
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