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Os quatro últimos Fla-Flus mostram o tamanho da vantagem tricolor na final


O Fluminense saiu do Maracanã exatamente como que foi buscar: um cenário sob medida para o jogo de volta. Entre as virtudes e defeitos que os rivais mostraram nos dois confrontos que tiveram neste Carioca, o cenário convidativo para o time de Abel Braga vai além da ótima vantagem de dois gols.

Não significa dizer que o Fluminense fez tudo certo. É até curioso que tenha vencido por 2 a 0 uma partida em que seus acertos residiram muito mais no jogo sem bola. No primeiro tempo, sequer finalizou. No segundo, vivia de um chute quase do centro do campo até se valer da falha de Léo Pereira no primeiro gol de Cano. Mas fazia um jogo muito competente ao defender.

Gol de German Cano - Fluminense x Flamengo - Campeonato Carioca — Foto: ANDRÉ DURÃO
1 de 1 Gol de German Cano – Fluminense x Flamengo – Campeonato Carioca — Foto: ANDRÉ DURÃO

Gol de German Cano – Fluminense x Flamengo – Campeonato Carioca — Foto: ANDRÉ DURÃO

Primeiro, por conseguir negar chances ao Flamegno sem ficar confinado em sua área, como na traumática derrota do Paraguai, que custou a queda na Libertadores. Felipe Melo era um volante que, por vezes, entrava na linha de zaga para compensar uma perseguição de um dos zagueiros a Vitinho ou Gabigol. A escolha por Ganso não contribuía para dar contragolpe ao time, mas parecia pretender reter um pouco mais a bola num meio-campo povoado, tirando ritmo e continuidade de ataques do Flamengo. Como André e Yago, ora seguindo Arão e João Gomes, ora ocupando o espaço à frente da área, faziam excelente partida, o plano defensivo funcionou bem num primeiro tempo de um jogo picotado demais.

A questão é que o Fluminense tem conseguido, repetidamente, criar tal desconforto ao Flamengo. Na abertura da decisão, teve momentos de marcação mais adiantada, com Willian e Cano trabalhando muito e Ganso deslocado mais pela direita, setor onde Filipe Luís apoia menos. Assim, o meia tricolor não se desgastava tanto. No sábado, este desempenho defensivo pode bastar para o Fluminense erguer a taça.

No entanto, seria recomendável ter mais escapes de contragolpe. Na quarta-feira, o time só encontrou saídas perigosas após abrir o placar e ver o Flamengo desmoronar no jogo. Na parte inicial do segundo tempo, viveu seu momento mais difícil quando o rubro-negro colocou Pedro e Arrascaeta no jogo. Abel interveio, lançando Martinelli e Arias nas vagas de Willian e Ganso. Passou a ter, de fato, três zagueiros, em especial após a entrada de Luccas Claro. Com um meio-campo de fôlego reforçado, interrompeu a série de boas oportunidades rubro-negras.

Mas o cenário parece sob medida para o Fluminense não só pela vantagem que lhe permitirá especular mais e tentar repetir o roteiro dos últimos Fla-Flus. Mas também pelo que o Flamengo não consegue apresentar. Ainda não é natural para o time de Paulo Sousa ter movimentos ofensivos que permitam entrar em defesas bem posicionadas. E a formação que iniciou o jogo, com Gabigol, Éverton Ribeiro e Vitinho como os três homens mais adiantados, não dava profundidade ao time.

Surpreendeu a escolha de Marinho na ala esquerda, jogador que parecia ter pouco prestígio com o português e acabou vencendo a disputa com Lázaro, que fez bons jogos ali. Outros problemas apareceriam mais adiante. Gabigol deixava o centro do ataque, mas seu espaço não era ocupado. O jogo com bola do Flamengo não fluía.

Após perder Vitinho e colocar Bruno Henrique, Paulo Sousa lançou Arrascaeta, outro poupado da formação inicial por questões físicas, e Pedro. O time criou mais, só que ao preço de outro problema recorrente. Perdeu recomposição pelo lado e criou imensos espaços para os volantes cobrirem, o que tem sacrificado especialmente Willian Arão, com e sem bola.

Com uma formação mais poderosa no ataque, é fato que o Flamengo teve as duas melhores chances do jogo, mas travou outra vez quando Abel fez as substituições no Fluminense. Léo Pereira cometeu o erro individual que resultou no primeiro gol, ainda que seja preciso dizer, em favor do time tricolor, que ao executar o passe Filipe Luís estava um pouco mais pressionado. Após o 1 a 0, o Flamengo perdeu forma por completo. Seu desafio é mudar toda esta dinâmica se quiser ser campeão: conseguir criar contra a defesa do Fluminense, sem oferecer espaços na perda da bola. Há uma montanha para escalar caso pretenda o tetracampeonato.

O Carioca não acabou, mas para que o Fluminense perca o título será preciso que o Flamengo mostre capacidade de mudar demais o enredo não apenas do primeiro Fla-Flu da final, mas dos quatro últimos confrontos. Jogo após jogo, o tricolor foi negando chances ao rival, suportou o volume adversário, deixou o Flamengo impaciente e, mesmo sem criar tanto, acabou vencendo. No sábado, nem precisará vencer. Os últimos Fla-Flus dão a dimensão do tamanho da vantagem tricolor.

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