Notícias

O brasileiro que brigou com um sheik para jogar no Flamengo e não conseguiu


Talvez nenhum país do mundo exporte tantos jogadores talentosos quanto o Brasil. Essa é a história de um desses jogadores que, por pouco, não pulou do desconhecimento completo para um Maracanã lotado: Igor “The Magician” Coronado.

O meia tem a característica do antigo camisa 10, com habilidade e passes precisos na criação de jogadas — daí o apelido “Magician”, dado na época em que atuou no Al Sharjah (EAU), e que o segue até hoje no Al Ittihad (ARS). Antes de chegar ao clube árabe, no entanto, Coronado foi alvo do Flamengo e chegou a discutir com o sheik dono do Al Sharjah pela liberação que nunca aconteceu.

“Na época que o clube me ligou, eu falei ‘não, vocês estão doidos. Me libera, dá um jeito, liga pro sheik aí, eu tenho que ir, vocês estão de brincadeira?’ (risos). Aí o presidente até brigou comigo, a ligação não terminou muito bem, não (risos). Mas aconteceu muito rápido, o clube já bateu o martelo de cara, que não me liberaria. No Instagram, alguns torcedores do Flamengo mandaram mensagem. Eu fui visitar o Sharjah esses tempos e o presidente me falou que tem problema até hoje com a torcida por ter me vendido, mesmo sendo bom para o clube. Eles contrataram muitos locais bons, o Bernard foi para lá também. Mas ele fala que a torcida pega no pé dele por ter me deixado ir embora. Mas na época tivemos sérios problemas (risos)”, contou de forma bem-humorada em entrevista exclusiva ao

UOL Esporte

.

O Flamengo pediu o empréstimo do meia ao Al Sharjah (EAU), mas o sheik comunicou seu camisa 10 apenas por educação e já afirmou que não liberaria a transação. O clube até aceitava vendê-lo, mas apenas por um valor que “agradasse muito”. Coronado também ouviu especulações sobre interesse do Palmeiras, mas nada oficial chegou até ele.

Igor Coronado com prêmio de melhor estrangeiro - Reprodução/@igor_coronado - Reprodução/@igor_coronado

Imagem: Reprodução/@igor_coronado

O carinho da torcida e da direção do Al Sharjah por Igor Coronado não é difícil de se explicar. O título da liga dos Emirados veio logo na primeira temporada, assim como o troféu de melhor estrangeiro da competição. A renovação contratual veio logo em seguida, com elevação da multa rescisória para um “valor absurdo”, conforme disse o meia à reportagem.

No Sharjah, foram 86 jogos, 50 gols e 27 assistências, uma média impressionante de 0,89 participação em gol por partida. O desempenho chamou atenção no chamado “mundo árabe” e o Al-Ittihad contratou o “diamante” — outro apelido do meia nas redes sociais. No clube árabe, Coronado realiza um sonho: atuar em uma equipe de torcida massiva.

“Até hoje tenho uma relação boa com o Sharjah, com a torcida, um carinho muito grande. O Ittihad apareceu na época em que o [técnico que hoje está no Santos, Fábio] Carille estava aqui. A torcida aqui é muito apaixonada, então vieram em peso em rede social chamando. Eu sempre tive o sonho de jogar em clube com uma torcida assim. Agora a pandemia está limitada a capacidade, mas todo jogo tem 30 mil. É uma cidade muito apaixonada por

futebol

. Param a gente na rua, pedem fotos e dizem que precisamos ser campeões. Acho que se não ganharmos vão mandar todo mundo embora (risos). Essa paixão também me motivou a vir pra cá, fora o Carille e o elenco cheio de brasileiros, Romarinho, Bruno Henrique e Grohe”, afirmou.

Igor Coronado pelo Al-Ittihad (ARS) - Reprodução/@igor_coronado - Reprodução/@igor_coronado

Imagem: Reprodução/@igor_coronado

Base na Inglaterra

Igor Coronado não chegou a fazer nem mesmo as categorias de base no Brasil. Seus pais deixaram o país para trabalhar na Europa e Igor começou a jogar no MK Dons, clube na região de Londres, na Inglaterra. Ele conta que sofreu no início, mas fala da importância de estar perto da capital inglesa.

Entrei com 14 e saí aos 19. A partir dos 16 já comecei a fazer parte de treinamentos com os profissionais e amistosos com o time reserva. Por isso era bom ser perto de Londres: os amistosos eram contra clubes da região. Fizemos um amistoso contra o Tottenham e lá estavam todos os jogadores da época: Defoe, Modric… até assustei. Contra o Chelsea deu para assistir um pouco do treinamento do profissional: Lampard, Drogba… Eu ali assistindo e quase esqueço do meu jogo tentando aprender com os fenômenos”, contou.

Adaptação no começo foi difícil. Eu gostava de pisar na bola, pedalar, dar elástico… E a inglesada não gosta de tomar drible, não. Eles ficam bravos. Eles chegavam mais firme, queriam que jogasse mais rápido. Eu consegui me adaptar bem, sofri um pouquinho, apanhei bastante, mas valeu a pena. Me ajudou. Juntei um pouquinho do estilo brasileiro, aprendi a apanhar em campo, então nunca perdi a cabeça com isso”.

Mata congelada na Suíça

vídeo

Receio de avião decidiu futuro

vídeo

Wendell Lira e o Fifa

Coronado jogou ao lado de Wendell Lira — ganhador do prêmio Puskas de gol mais bonito do mundo em 2015/16 e hoje jogador profissional de futebol virtual — no Floriana, de Malta. Os dois passaram por dificuldades juntos no país, mas Wendell precisou deixar o clube por falta de pagamento. Coronado brincou que foi ele quem ensinou Wendell a jogar Fifa.

“Cheguei em um clube que estava em uma situação muito difícil. Chegamos eu e o Wendell Lira. Na época, a mulher do Wendell tava grávida e ele falou ‘não tem condição de eu ficar aqui, salário seis meses atrasado’. E eu respondi: ‘eu, como não tenho filho, só tenho mulher, vou aguentando ela’ (risos). Ele foi e eu fiquei. Campeonato pra mim foi muito bom, ganhei melhor estrangeiro no primeiro ano, mas não tem muito visibilidade e não aparece muita oportunidade. Aí chegou um presidente italiano lá e me levou para a Itália”, lembrou o meia.

O Wendell é demais. Pelo pouco tempo que ficamos ali, criamos uma amizade muito boa. Converso com ele até hoje, encho o saco. Ensinei ele a jogar Fifa (risos). É nada, ele sempre foi diferenciado no videogame. Bom demais”.

Link Original

E pra você que curte o mundo esportivo -- entre agora mesmo em Palpites GE e tenha sempre em mãos as melhores dicas de investimento no futebol brasileiro e internacional.