Nós nos consideramos uma “Nação”. Não por exagero, hipérbole ou megalomania, mas pelo simples fato de que, enquanto torcida, somos sim maiores do que a população de vários países. Polônia? Quando entra em campo numa Copa do Mundo tem menos torcedores do que nós. Canadá? Um país de dimensões continentais que não conseguiria encarar nossa torcida no mano a mano. Austrália? Uma das grandes nações do globo, mas ainda tem menos cidadãos do que o Flamengo tem torcedores.

Mas ainda que tenha sim dimensões semelhantes a de um país, a população rubro-negra não é formada por uma designação geográfica, não é um destino definido pela arbitrariedade incontrolável do seu local de nascimento. Ser rubro-negro é uma opção, uma decisão tomada seja na infância ou na vida adulta, seja por influência de um ente querido ou de um gol no Maracanã, mas que te ajuda a se definir como pessoa, pela simples opção de se unir a uma massa que sonha e deseja igual.

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E talvez aí a Nação Rubro-Negra se assemelhe menos a um país e mais a uma religião. Porque nunca é tarde para se converter, porque ela se espalha pelo mundo todo, porque ela gira em torno de uma crença que une milhões de pessoas e que talvez, para quem está de fora, pareça irracional ou difícil de entender. Existem mistérios que só quem vive o vermelho e preto entende, existem coisas em que só quem faz parte da nação acredita, existem sentimentos que só quem repete “uma vez Flamengo, sempre Flamengo” vai ter a oportunidade de sentir.

Se somos enormes em população e não conhecemos fronteiras – note como em quase qualquer foto, tirada em quase qualquer estádio, é possível encontrar uma camisa do Flamengo em algum lugar – é claro que toda história escrita em vermelho e preto também tende a ser maior. As derrotas se tornam mais dramáticas e as vergonhas se tornam mais lamentáveis, da mesma maneira que as dimensões das conquistas também ganham proporção.

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Vitórias se tornam históricas, títulos se transformam em marcos, comemorações param a cidade, atrapalham o trânsito, como apenas um clube que é notícia até mesmo quando sua torcida acompanha o time até o aeroporto consegue fazer.

Como medir então o tamanho do evento que é o Flamengo num Mundial de Clubes? O torneio que define o melhor time do planeta, a maior obsessão da nossa torcida, o sonho de atingir mais uma vez a conquista que só foi realizada até hoje pelo mais lendário time da história rubro-negra. Uma conquista que alguns anos atrás parecia tão distante mas que a brilhante geração de Gabigol, Éverton, Arrascaeta e Felipe Luís vem trabalhando para que finalmente se repita. 

Porque para a Nação Rubro-Negra, o que começa hoje é sim uma verdadeira Copa do Mundo. É nela que nossa seleção, formada por jogadores que, como a nossa torcida, ultrapassam em muito as fronteiras locais do Rio de Janeiro ou do Brasil, vai enfrentar os melhores rivais de outros países e continentes na busca por, mais uma vez, conquistar o mundo. É nela que mais de 40 milhões de torcedores, espalhados pelo planeta, irão se unir em um sonho só, na paixão por esse clube que também é um país, que também é uma religião.

Que possamos então ser felizes. Como fomos em 1981, como fomos em Libertadores, Copas do Brasil, Campeonatos Brasileiros, entre tantos torneios que o Flamengo já venceu. Porque a única coisa que pode ser maior do que um Flamengo tão gigante disputando uma competição tão grande, é um Flamengo, maior ainda, voltando pra casa com o título de bicampeão mundial. E hoje temos que dar o primeiro passo rumo a isso.

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