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No Maracanã da beleza e do caos, o futebol do Flamengo se sobrepôs à insanidade – Flamengo Com Vc, Mengo


Por Redação em 14/07/2022 às 08:02:51 Lado A e lado B no Maracanã, este território da beleza e do caos. Um clássico tão massacrado por cartolas de lado a lado, pareceu condenado à barbárie, fosse pelos efeitos das três semanas em que se promoveu mais o conflito do que o jogo, ou pela incapacidade das autoridades de evitar o vandalismo e as tentativas de invasão. Por mais sedutor que tenha sido o espetáculo dentro do estádio, nada disso deve ser esquecido, porque o futebol brasileiro precisa enfrentar o ambiente tóxico em que se afundou. Mas o fato é que, no fim, a noite vai ser lembrada pela atuação do Flamengo. A bonita exibição, comandada por Everton Ribeiro, Pedro e Arrascaeta, terminou por se impor à insanidade. O 2 a 0 não conta o jogo. O rubro-negro sobrou. O futebol bem jogado tem muita força.

Arrascaeta comemora gol do Flamengo contra o Atlético-MG

André Durão

Mas antes de falar do jogo, é bom ponderar que o fascínio exercido por uma grande decisão, tão bem jogada pelo Flamengo, não pode nos conduzir a normalizar tudo que antecedeu a partida. A frase original de Gabigol não parecia mesmo ter a intenção de gerar violência, mas existe um mundo real, um contexto violento na sociedade e em especial no futebol. O que torna ainda mais grave que o Atlético-MG a tenha usado para amplificar conflitos, buscar uma punição que não pretendia serenar ânimos, mas desestabilizar o adversário. O único objetivo era ter vantagem esportiva ao levar o caso ao tribunal, sem contar um discurso de vitimização que, ultimamente, virou estratégia para pressionar árbitros – traço do futebol brasileiro, diga-se. Erros de um lado, erros de outro. E diante de toda a repercussão do episódio, é indesculpável o Flamengo abraçar a expressão “inferno”. Vivêssemos numa sociedade diferente, seria possível considerá-la inofensiva. Basta ver a forma como tanta gente a interpretou para perceber que o ideal seria usá-la como ponto de partida para ações conjuntas entre os clubes, enviando mensagens positivas ao público. Nos últimos dias, coube ao próprio Flamengo trabalhou para pressionar o árbitro e dar seguimento aos conflitos com o rival. Ninguém se comportou bem.

Ônibus do Atlético é apedrejado na chegada do Maracanã

Bruno Murito

Por mais bonito que tenha sido o cenário do lado de dentro, um jogo antecedido por pedrada no ônibus dos visitantes, conflitos entre torcedores e sequências de invasões que transformaram o entorno do estádio em praça de guerra é, acima de tudo, um espetáculo manchado. É a antítese de tudo o que o futebol deve ser. Enfim, agora é possível falar do jogo.

Há combinações que terminam por ser fatais. O Flamengo jogou seu melhor futebol do ano contra uma das piores versões de um Atlético-MG cheio de problemas, mas que a temporada vem disfarçando até aqui. O losango montado por Dorival Júnior no meio-campo explorou todas as potencialidades deste sistema e anulou todas as vulnerabilidades. Mérito do Flamengo e incapacidade do time de Antonio Mohamed, em especial no primeiro tempo.

O time rubro-negro agrupava seus talentos pelo centro do campo, acumulava passes curtos e rápidos, criava superioridade pelo meio e, ao mover a marcação mineira, fazia Éverton Ribeiro e Arrascaeta encontrarem sempre os espaços às costas dos volantes rivais. O 4-3-1-2 vem permitindo ao uruguaio mover-se na direção da bola, ser decisivo nas proximidades da área adversária, setor do campo em que é especialista. Além, é claro, de finalizar. O Atlético-MG não achava a marcação.

E pior, o time mineiro não conseguia respirar no jogo. Em geral, sistemas em losango criam um desafio sem bola, especialmente para marcar os lados do campo. O time fica mais “estreito”, nem sempre é simples para a linha de meias cobrir toda a largura do campo. Mas os atacantes do Flamengo pressionavam bem, o time não permitia que a bola chegasse limpa aos laterais do Atlético-MG e o time retomava bolas com facilidade. A chave para os mineiros era conseguir inversões de lado, tentando buscar setores desguarnecidos. Mas o time nunca conseguiu. Entre outras coisas, pela marcação rubro-negra e por um conjunto de atuações muito abaixo da média: Zaracho, Nacho e Jair, por exemplo. Aparentemente, todos longe de condições ideais.

O difícil era explicar como o primeiro tempo terminou apenas 1 a 0, com um gol marcado só aos 45 minutos após grande proteção de bola e passe de Pedro para Arrascaeta. Até ali, o time de Dorival Júnior entrava de todas as formas na defesa atleticana. Provavelmente, se os times fossem para o vestiário com o placar empatado, surgiria o discurso de que o Atlético-MG soube sofrer. Na verdade, o Atlético-MG não sabia o que acontecia em campo.

A segunda etapa indicava a possibilidade de um jogo diferente. O trabalho defensivo dos atacantes do Flamengo já não era o mesmo e, claramente, Antonio Mohamed instruíra o time a buscar as inversões para Arana. O lateral passara a receber a bola com mais tempo e Hulk, dominado no duelo contra David Luiz e Léo Pereira, teve uma rara chance logo no início do jogo. Ainda assim, era nítida a falta de soluções aos mineiros quando se aproximavam dos metros finais de campo. E o Flamengo seguia produzindo, ainda mais com espaço à disposição. Mas o jogo era menos confortável até Junior Alonso perder a bola para Pedro e fazer a falta que resultou no segundo gol. O paraguaio ainda seria expulso, quase que sentenciando o mata-mata.

O Flamengo saiu do Maracanã com algo mais do que a vaga. Além de ganhar confiança e evoluir dentro das ideias de Dorival Júnior, enviou à arquibancada e a si mesmo uma mensagem importante: lembrou a todos o potencial de um elenco que ainda é o mais forte do país. É possível que, em dado momento, tenha havido falta de mobilização, oscilações individuais de jogadores e problemas coletivos. Mas nunca pareceu sensato contestar que este é um time capaz de competir por todos os títulos no continente. E que ainda recebe reforços importantes. No Maracanã da beleza e do caos, o Flamengo viveu sua grande noite de 2022. Talvez uma nova temporada comece agora.

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Link do Artigo do FalandodeFlamengo

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