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Não inventem mecanismos bizarros para impedir o Flamengo de crescer


Ouvi há pouco a entrevista do Fernando Pluri, na Rádio Gaúcha, na qual ele cita o Flamengo alguma vezes. Quero deixar claro que respeito e admiro o Fernando, mas fiquei chocado com o anti flamenguismo de suas posições.

Conheci o Fernando Pluri em 2012. Ele organizou o primeiro seminário sobre gestão do futebol no Allianz Parque, então em construção. O Flamengo, vocês lembram, era um time quebrado. Vou fazer um histórico do que aconteceu desde então, citando os campeões brasileiros além de nós.

Do mesmo autor:  SAF – Sociedade Anônima do Futebol: uma abordagem crítica

Fluminense, aditivado pelo dinheiro da Unimed, um “patrocínio” sem precedentes, foi campeão brasileiro naquele ano de 2012. Aquele título selou a quebra da própria Unimed, que entrou em crise financeira um pouco depois. 

Depois vimos o Cruzeiro enfileirar títulos. O time que em 2011 tinha a menor dívida entre os 12 grandes, multiplicou por 10 seu endividamento, deu calote e assim ganhou dois Brasileiros e duas Copas do Brasil.

Temos também o Corinthians. Ganhou dois Brasileiros (2015 e 2017), ambos em seu estádio novinho em folha, financiado em um banco público que é tolerante com os seguidos atrasos no pagamento da dívida, volta e meia renegociada.  

O Palmeiras venceu em 2016 e 2018. O clube, que, como nós, estava quebrado, foi salvo da bancarrota graças a dois abnegados milionários, Paulo Nobre e depois Leila Pereira, que injetaram uma fortuna no clube para devolver a competitividade.

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Dona da Crefisa, Leila Pereira ajudou muito o Palmeiras turbinando patrocínio e hoje é presidenta do clube. Foto: Fabio Menotti / Palmeiras

Finalmente, o atual campeão, o Atlético-MG. Entupido de dívidas, mas ainda assim conseguiu reunir alguns torcedores bilionários capazes de contratar talentos a peso de ouro e muito acima da sua capacidade de pagamento.

Já o Flamengo… Sem nenhum grande patrocínio, sem mecenas e sobretudo com extrema disciplina financeira, foi se reerguendo aos poucos. Todo seu alto potencial de investimento atual é decorrente de recursos gerados pela própria operação. Mas isso incomoda demais. 

Como disse Tom Jobim, sucesso no Brasil é ofensa pessoal. O que deveria ser motivo de exemplo – um clube sair dos escombros para virar uma potência – vira motivo de preocupação. Por isso fiquei tão espantado com o que disse o Fernando Pluri.

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Segundo ele, como o Flamengo arrecada “muito mais” com bilheteria, sócios e patrocínio, a divisão da verba de TV e do investimento da futura liga dos clubes deve ser feita de modo a compensar essa distorção. Caso contrário, viveremos uma bayernização no futebol brasileiro.

Que um torcedor diga isso em uma resenha com amigos, vá lá. Mas quando um especialista do mercado assume o discurso de que é preciso fazer algo para conter o crescimento do Flamengo é hora de acender a luz amarela.

Não haverá liga se o objetivo for criar regras artificiais de favorecimento a quem não consegue competir com as próprias pernas. O Flamengo é imenso, mas jamais será absoluto. Portanto, para competir conosco basta se organizar.

Ironicamente, a melhor tradução para fair play é jogo limpo. Não inventem mecanismos para impedir o Flamengo de crescer. Ao invés disso, criem regras para proibir que se gaste o que não se tem.

Walter Monteiro é advogado e sócio do Flamengo. Em 2018 foi candidato a presidente do clube. Escreve no MRN sobre finanças, governança e assuntos afins. Siga-o no Twitter.

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