Notícias

Martín Fernandez: a Copa terrena


O Flamengo tenta provar amanhã, contra o Palmeiras, que é capaz de ganhar uma Libertadores de maneira mais terrena, mais prosaica, termos usados aqui como oposição às extraordinárias conquistas de 1981 e 2019, ao mesmo tempo tão diferentes e tão coincidentes. O time que vai buscar o tri em Montevidéu tem oito titulares do bicampeonato de Lima, mas tudo que o cerca mudou. Dois anos pode ser tempo demais para o futebol, especialmente quando se trata de defender a hegemonia que o Flamengo estabeleceu no futebol brasileiro e sul-americano.

As chegadas de Jorge Jesus e dos jogadores certos para os lugares certos transformaram aquele time de 2019 numa entidade incomum, superior, acostumada a constranger rivais semana após semana, no Maracanã ou como visitante. A coincidência de a final da Libertadores ter caído num 23 de novembro (tal qual 1981), o fato de o River Plate ser um tetracampeão (além de campeão vigente) e o desfecho da partida, com os gols de Gabigol nos minutos finais, só colaboraram para tornar tudo mais épico.

É evidente que o futebol e sua natureza indomesticável podem oferecer um espetáculo histórico no Estádio Centenário, mas isso não vai mudar o fato de que 2021 não foi exatamente mágico para o Flamengo. O time chega ao Uruguai com o terceiro técnico desde que Jesus resolveu voltar para Lisboa. Nem o título do Campeonato Brasileiro de 2020 (em fevereiro de 2021) e nem a classificação para a final da Libertadores aplacaram a saudade que uma grande parte da torcida sente do treinador português.

A temporada que termina neste sábado em Montevidéu mostrou a solidez do Flamengo como potência econômica e esportiva plenamente estabelecida: num ano marcado por lesões e desfalques gerados por convocações para seleções nacionais, nunca deixou de ocupar as primeiras posições da Série A, está mais uma vez na decisão continental e caiu na semifinal da Copa do Brasil. Por decisões equivocadas de diretoria e comissões técnicas (houve mais de uma…) os resultados não foram ainda melhores.

O outro lado dessa condição é a exigência constante e a cobrança desmedida por resultados que historicamente sempre foram extraordinários, raros. Quem esperou quase 40 anos para voltar a uma final de Libertadores agora reivindica conquistar o troféu todos os anos. Não é difícil encontrar quem demande a demissão de Renato Gaúcho seja qual for o resultado em Montevidéu — dirigentes do clube ouviram esse pedido pessoalmente no Uruguai.

Respeitadas as particularidades de cada finalista, o cenário não é muito diferente no Palmeiras. Data de 10 de outubro, portanto menos de dois meses atrás, quando o time já estava garantido na final da Libertadores, a notícia de que os muros do Allianz Parque amanheceram pichados. Foi assim o ano inteiro, com breves tréguas. O técnico Abel Ferreira é o atual campeão da América e da Copa do Brasil, o que não o protegeu de críticas despropositadas.

A final de amanhã vai opor os dois times que, nos últimos anos, mais proporcionaram alegrias a seus torcedores. No ambiente carregado do futebol brasileiro, hoje são capazes de, no máximo, oferecer alívio.

Link Original

E pra você que curte o mundo esportivo -- entre agora mesmo em Palpites GE e tenha sempre em mãos as melhores dicas de investimento no futebol brasileiro e internacional.