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Jesus impõe ao Flamengo um teste da real disposição de respaldar Paulo Sousa


Jorge Jesus é um personagem que ainda povoa o imaginário do torcedor rubro-negro. Então, é inevitável que revelações como as que foram feitas pelo jornalista Renato Maurício Prado no portal Uol ganhem tal repercussão. A questão que se levanta agora é como o Flamengo vai lidar com elas. A condução do episódio pode levar a dois caminhos: respaldar Paulo Sousa ou fragilizá-lo ainda mais.

Técnico Paulo Sousa em Talleres x Flamengo — Foto: Fotobairesarg/AGIF
1 de 1 Técnico Paulo Sousa em Talleres x Flamengo — Foto: Fotobairesarg/AGIF

Técnico Paulo Sousa em Talleres x Flamengo — Foto: Fotobairesarg/AGIF

É costume dizer que a ética é um conceito um tanto elástico, variável de pessoa para pessoa, em função de diferentes formas de enxergar a vida, as relações humanas e profissionais. Numa primeira leitura das declarações de Jesus, o caminho natural é entender que um limite quase consensual da ética teria sido transposto. No entanto, em função das circunstâncias em que a conversa ocorreu, talvez se possa ponderar que faltou a Jesus algum nível de cuidado em preservar um colega que está no cargo.

Afinal, o treinador campeão brasileiro e da Libertadores em 2019 sabe o que sua figura representa e como repercute cada observação que faz sobre o time rubro-negro. Ele conhece o universo Flamengo a ponto de saber que, embora não ocupem cargos neste exato momento, aqueles ex-dirigentes com quem estava reunido conservam certo nível de influência no clube. Ao dizer que deseja voltar, mas que o acordo precisa ser feito nos próximos 15 dias, foi como se fizesse o Flamengo e a direção atual saber de suas condições.

Mas o efeito mais significativo se dá quando a conversa se torna pública, algo que de fato pode ter fugido ao controle de Jesus. Ocorre que, ainda que involuntariamente, o cenário no horizonte é o seguinte: a cada jogo até o dia 20 de maio, todo desempenho ou resultado abaixo do desejável, ou mesmo abaixo do fetiche do reencontro com o nível de jogo de 2019, desatará na arquibancada um nível de pressão quase desleal sobre Paulo Sousa.

Diante disso, quem tem uma questão a resolver, neste momento, é o Flamengo. Ainda que pareça cruel, ainda que o clube não tenha provocado este episódio. Ou a direção oferece um firme e público suporte a Paulo Sousa, encerrando de vez qualquer possibilidade de troca no comando, ou sua posição se tornará frágil demais.

Porque é preciso lembrar como ele chegou ao clube. Tudo aconteceu em meio a uma viagem a Portugal feita por dirigentes rubro-negros que também flertaram com ultrapassar fronteiras éticas, em especial quando foram assistir a um jogo do Benfica que, de acordo com fortes rumores, poderia determinar a queda de Jorge Jesus no clube de Lisboa. Ou seja, como se não bastasse o fato de ser o primeiro treinador português a comandar um Flamengo que caminha de braços dados com a nostalgia do futebol de 2019, toda a negociação com Paulo Sousa aconteceu à sombra de um flerte, de uma ameaça de reatar um antigo casamento.

Sousa é, provavelmente, a grande vítima do episódio. É a ele que o Flamengo deve dedicar total atenção. Os próximos dias darão o tom da real disposição do clube em respaldá-lo.

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