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Flamengo e Corinthians sofrem com o choque de cultura Europa x Brasil


Os trabalhos dos portugueses Paulo Sousa e Vitor Pereira merecem críticas, apesar do pouco tempo. Mais do primeiro no Flamengo, por ter sido contratado na virada do ano, com tempo para planejar e executar a pré-temporada, além de tratar o estadual como preparação. Hoje dá um perigoso sinal de estagnação, ou até retrocesso.

No

Corinthians

, a sensação é pior porque o tempo com Sylvinho foi realmente desperdiçado e agora é preciso trocar os pneus com o carro andando. Ou melhor, a necessidade é de fazer a máquina rodar bem, mesmo com algumas peças já um tanto gastas pelo tempo e as novas com qualidade bem abaixo.

Mas, por incrível que pareça, boa parte da torcida, especialmente as organizadas, não está exigindo as cabeças dos treinadores. A cobrança recai mais nos elencos, especialmente nos mais experientes e famosos, pela resistência aos métodos das comissões técnicas.

Ou seja, não querem o que se faz no mundo todo e a maioria assim trabalhou em seus tempos de Europa. Cumprir horários, treinar com intensidade, cuidar da alimentação e do repouso. O que deveria ser o básico do profissionalismo.

Só que exigir isso é um enorme choque de cultura do Brasil.

Peço ao fã de

futebol

um pouco mais vivido que puxe de sua memória entrevistas de jogadores vivendo o auge em um grande centro europeu, quando entram no tema de uma possível volta ao Brasil no futuro. Desde Falcão na Roma, em 1980. Todos falavam em retornar “um dia”, o que significa mais para o final da carreira, e deixavam nas entrelinhas que a volta será uma busca por aconchego e também mais descanso.

E sempre achamos isso normal. Sim, nós. Jornalistas, dirigentes, torcida e os próprios jogadores naturalizamos o veterano voltar para jogar com o nome.

Romário foi uma exceção, voltando no auge dos 29 anos para jogar no Flamengo em 1995. Mas repare em todos os comentários de analistas para se referir a esse evento. Todos seguem a mesma linha: “Ele cansou do rigor europeu e voltou para curtir a vida no Rio de Janeiro”. Percebem o absurdo? O craque da Copa de 1994 não aposentou, ele tinha contrato com um clube, ganhando um salário que inflacionou o mercado da época – se recebia em dia é outra história. Mas todos consideram ok, ou ao menos compreensível, o craque não querer treinar aqui.

Agora o contexto e a presença de treinadores estrangeiros exigem uma postura dos atletas que eles não querem mais adotar. Por isso muitos deles abriram mão de altos salários em euros. Desejam sossego, menos cobranças e mais privilégios na reta final de suas trajetórias profissionais. E os clubes sabiam disso quando contrataram.

Os jogadores estão certos? Óbvio que não e muitos torcedores, mesmo com mais paixão que razão, fazem o diagnóstico certo. É preciso cobrar mesmo. Mas, obviamente, sem violência ou ameaças, reais ou virtuais. O futebol mudou. A conversa de que “a bola é quem corre” não cola mais. Na equivalência técnica e tática, a saúde se impõe. Ou o vigor físico é capaz de equilibrar duelos menos parelhos.

Se não for possível convencer os veteranos mais acomodados, que eles sejam relegados ao banco de reservas. Mesmo com alto custo. Tarefa que parece menos complicada no Flamengo, que em um futuro bem próximo pode contar apenas com De Arrascaeta,

Gabigol

e Bruno Henrique como remanescentes de 2019, e apenas o último acima dos 30 anos.

No Corinthians é mais difícil mexer com sete que tecnicamente estão bem acima dos reservas. Contudo, Vítor Pereira aceitou a missão e precisa encontrar soluções para não repetir péssimas atuações, como na derrota por 2 a 0 para o Always Ready na estreia da Libertadores.

A única certeza é de que a cultura da “saudade do feijão” e da volta para o repouso em berço esplêndido já está mudando. Ainda que o Brasileiro não tenha a intensidade das principais ligas e o calendário seja insano com o inchaço dos estaduais, não dá mais para entregar o mínimo. Esse tempo já passou.

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