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Final da Libertadores: torcida que programa porradaria não é torcida


Já perdi a conta de quantas notícias li nos últimos anos que me chocaram sem me surpreender. O texto publicado hoje pelo colega

Mauro Cezar Pereira

é o mais recente exemplo de fatos absurdos com o qual nos acostumamos a conviver: Torcidas de

Flamengo

e

Palmeiras

se preparam para grande guerra no Uruguai.

O blog do Mauro teve acesso a diversas conversas que indicam um

possível enfrentamento entre as torcidas organizadas de Flamengo e Palmeiras

, no caminho para a

final da Libertadores

, em Montevidéu. Alguns dos trechos:

“Calma aí, Flavinho, vai levar criança para um jogo desses? Não é Clube do Bolinha não, Flavinho, o negócio é sério. Flavinho, não é Beto Carreiro, não, cara. É jogo do Flamengo, final de Libertadores contra o Palmeiras. Não é negócio de Beto Carreiro, Tivoli Parque, Parque Shangai, Terra Encantada na Barra, Disney…”.

“Não é isso, não. Parada é cada um levar um oitão, uma caixa de munição, três-dois Rossi, umas vinte facas. Não é negócio de cabo de picareta, não. Leva pólvora, porra. Não pode vir com a mão, leva é pólvora, tem que levar é pólvora, o bagulho é sério. Leva gasolina já de casa, pra fazer coquetel Molotov dentro do ônibus (…).”

Você tá pensando em levar sua filha para a partida de

futebol

mais importante do continente? E ainda ir desarmado? Que loucura.

Só para lembrar, tá? Caravana para o Uruguai não é passeio, hein. Sem fã clube, hein? Caravana do Uruguai é caravana de risco, hã, hã, hã.”

“Todo mundo precisa ir, já antecipa férias, já antecipa tudo que tiver, já se organizem. Nós vamos trombar com os caras, não tem como não acontecer. Ou na estrada da ida, ou lá no estádio, depois do jogo, na volta, em algum momento a gente vai trombar, e quando ver a gente vai pegar, então se programem, se organizem, tem mais ou menos dois meses pra isso”.

Você vai tirar férias para ir passear, ver seu time ser campeão? Deixa de ser trouxa, tem dois meses para se preparar para a porrada. Se organiza aí, irmão.

Nunca entendi briga de torcida “organizada”. Ainda mais, as brigas organizadas. As pessoas que literalmente saem de casa com a intenção de agredir estranhos, cujo crime é torcer para outra agremiação. Não que eu ache razoável bater em gente conhecida, mas a violência gratuita é ainda mais assustadora.

Assim como a ideia de gastar um dinheiro que não se tem, férias preciosas, viajar dias de ônibus, deixar a família em casa, tudo para descer a porrada em “adversários”. Em vez de fomentar um ambiente para ir com a família, para (ó, quem diria) ver seu time na final.

O que me entristece, não, me emputece é que estes indivíduos tomam o lugar de quem é verdadeiramente torcedor. De quem só quer sentar a bunda na cadeira e gritar pelo clube do coração. Ou porque ficam com ingressos que nunca chegam à torcida comum, ou porque afastam quem não quer arriscar-se.

Arrisco dizer que, das cinco maiores alegrias eufóricas da minha vida, pelo menos três aconteceram dentro de um estádio de futebol. Como torcedora talhada nos anos 1990, cresci acostumada com a violência como parte da experiência de clássicos. Cuidado no metrô Barra Funda, na chegada ao Morumbi, na subida do Pacaembu. Não anda sozinha. Leva a camisa mocada dentro da calça. Espera para sair do estádio. Sai antes de o jogo acabar (o que sempre me recusei a fazer). A gente se planejava para não cruzar com a pancadaria.

Aí, mais de 20 anos depois, o que eu vejo? Bando de marmanjo cretino tirando férias e usando suas economias para brigar em parada de ônibus na estrada. Para causar estrago numa cidade que nem conhece, infernizando a vida de quem nunca viu. Enquanto seus supostos times fazem história dentro de campo. Olha, é de perder a fé na humanidade.

Por que não monta um Clube da Luta e fica em casa esmurrando quem também não se importa com o futebol, e deixa o estádio (e seu entorno) para quem quer ser feliz vendo a bola a rolar?

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